19 novembro 2015

Sendo



"Eres lo que más quiero en este mundo, eso eres
Mi pensamiento más profundo, también eres
Tan sólo dime lo que hago, aquí me tienes

Eres cuando despierto lo primero, eso eres
Lo que a mi vida le hace falta si no vienes
Lo único, preciosa, que mi mente habita hoy

Qué más puedo decirte, tal vez puedo mentirte sin razón
Pero lo que hoy siento es que sin ti estoy muerto
Pues eres lo que más quiero en este mundo, eso eres

Eres el tiempo que comparto, eso eres
Lo que la gente promete cuando se quiere
Mi salvación, mi esperanza y mi fe
Soy el que quererte quiere como nadie soy
El que te llevaría el sustento día a día, día a día
El que por ti daría la vida, ese soy

Aquí estoy a tu lado y espero aquí sentado hasta el final
No te has imaginado lo que por ti he esperado
Pues eres lo que yo amo en este mundo, eso eres
Cada minuto en lo que pienso, eso eres
Lo que más cuido en este mundo, eso eres"


A gente era para ter se encontrado antes, eu sei. Por onde andava você quando eu precisava disso tudo que só você pode dar? Essa dúvida egoísta sempre é respondida na hora em que eu penso naquilo que nos marca. Você é, e sempre foi. E eu estou sempre buscando ser. Essa distância era muito grande e por isso os desencontros. Aí chegou a hora dos nós se atarem.

Você é o modelo e eu busco ser o que você ensina. Você é o desafio, e eu buscando a resposta certa. Você já foi enquanto estou buscando o caminho. Você é o estímulo e eu tento equacionar a fórmula. Nada, dá para ver, é por acaso. Tudo é o nosso caso

O mais importante? Eu só sou por sua causa.

Amo.

Feliz aniversário!

01 setembro 2015

Era uma vez o Juarez


Na esquina de casa tinha uma favela. Lugar de gente pobre, mas trabalhadora, honesta e sobretudo fraterna. Se faltava aqui, alguém compensava ali. E nós, do ladinho, aprendíamos e muito com aquele pessoal. No meio daquela molecada toda - a maioria deve estar morta, sabe como é a sina de preto e pobre neste país -, tinha o Juarez. O Juarez era uma figura, brasileiríssimo. Negro, canelinha fina, magricela e boa-praça, tirava sua graninha revendendo sorvete no bairro. Estava sempre com um sorriso largo na boca cheia de dente, o Juarez.

A bicicleta do Juarez era meio esquisita. Foi o que deu para comprar com a venda dos picolés de água, açúcar e corante. Tenham noção que o freio do troço era no pedal, acionado no movimento contrário da pedalada. Só ele conseguia andar sem cair daquela porra. E o Juarez jogando bola? Grosso, porém com uma jogada mortal: duas embaixadinhas e um voleio para onde apontava a bunda. Chegou a marcar alguns golaços com essa técnica tão peculiar. Mesmo tortas, as coisas funcionavam muito bem para o Juarez. E o Juarez vivia aqui no meio da gente, entrava na nossa casa, comia da nossa comida e estava sempre sonhando com uma vida melhor - estudava demais, o Juarez. Ele pouco falava da família, mas sua mãe, se não me engano, morava com um padrasto dele e também ralava o dia inteiro para botar comida na mesa. Rotina dura, mas íntegra. 

Como não podia deixar de ser, Juarez era corinthiano. Gostava muito do Viola e do Tupãnzinho, assim como a grande maioria da nossa geração. Era o Corinthians ganhar do bambi, que naquela época ainda não era bambi, e ele corria para a porta do português filho da puta aqui da rua para tirar uma com a cara do luso, a quem ele apelidou carinhosamente de Pingüim. Essa alcunha, aliás, é um caso à parte. Não passava um dia sem que o Juarez descesse nossa rua (e demorava uma meia hora nessa caminhada de uns 100 metros) chamando pelo "Pingüim de água doce" no mesmo tom de voz com que ele anunciava seus sorvetes. O portuga se mordia...

Porém, o antagonista do Juarez não era o Pingüim, mas sim o meu vizinho de muro. Um babaca. Pense num sujeito babaca, daqueles que só querem levar vantagem, posar de superior e que hoje virou até moda em passeata. Era ele. Criado por um pai tão babaca quanto, a diversão da família era fazer maldades com o pessoal todo da favela. Logicamente, o Juarez não escapava. Foi ele o responsável pela única vez que eu vi o Juarez chorar, provavelmente de raiva, numa dessas gracinhas que só esse imbecil achava graça. Eu mesmo vivia saindo na mão com o otário e só não apanhava porque era muito menor e talvez ele tivesse vergonha de bater em criança. Diziam, pai e filho, que também eram corinthianos. Eu digo que na final de 1993 eles compraram uma montanha de rojão e ficaram mostrando para a vizinhança toda, cantando vitória antes da hora. Deu no que deu.

Tudo isso porque no dia de hoje, não sei o raio do motivo, me lembrei que o pai desse infeliz morreu com um tumor no cérebro. E, ao mesmo tempo, me deu uma saudade danada do Juarez.

Viva o 1º de setembro!

CORINTHIANS! 

27 agosto 2015

Capitulando


Lá se vão 22 anos de arquibancada. Não é carteirada, é apenas questão de marcar cronologicamente que a percepção daqui não é achismo. Tal ponderação, aliás, reitera a gravidade do fato, uma vez que há muito mais gente com muito mais tempo nessa caminhada. Vi de tudo. Chorei de tudo. Comemorei demais. Senti no peito muitas amarguras, mas o Corinthians estava lá, em campo e no entorno, vivo. Havia o sangue correndo nas veias, havia o respeito com o povo corinthiano, que paga - como nunca - seu ingresso sem parar.

A noite de 26 de agosto de 2015 foi histórica. E nós devemos prestar atenção quando estamos fazendo parte dos marcos históricos, porque as lições e as oportunidades são únicas nesses momentos. A última quarta-feira foi quando mais clara e gritantemente se desrespeitou o Corinthians. Não falo do placar, altamente previsível, mas sim do abandono oficializado, da entrega de mão beijada do nosso clube a um novo modelo de funcionamento. O Corinthians que me ensinaram era corpo, alma, paixão e suor. O Corinthians que eu aprendi foi forjado no punho cerrado, no abraço fraterno e na vontade de brigar pelo ideal em comum. O Corinthians que nos dão hoje é individualista, cínico, excludente, babaca, omisso, medíocre, comum e, sobretudo, covarde.

Está, desde a presente data, instituído que o Corinthians foge da luta. Camuflam-se os canalhas com resultados momentâneos e com um discurso de pseudo-apoio - aquele que dizem ser incondicional - para nos alienar a consolidação diária do sonho de nossos ancestrais, cuja grande e única vitória era preservar e perpetuar a simples existência do Corinthians. Terceirizamos o Corinthians, deixando na mão de irresponsáveis ou de um cagalhão qualquer nossa sorte e nossa identidade. A cara do Corinthians é seu time em campo: assustado, impotente. E covarde.

Tiraram definitivamente a minha alegria de ver o Corinthians jogar. Se vou ao túmulo em Itaquera hoje, é por um misto de teimosia e um pouco de inércia. Minhas forças e minha paciência, no entanto, estão se esgotando. É triste perceber que estamos perto do fim. Estou capitulando e não sei se há um caminho de volta. Talvez se resolverem lutar de novo. Quando meu povo resolver assim, me avisem. Caso contrário, relego-me a ser apenas mais uma história como outras tantas que, depois de anos de dedicação, desaparecem como fumaça, perdida no vento.


* o texto vai em tom de desabafo e tristeza, sem revisões ou cuidados com a língua. Não dá para ser de outra maneira. A dor é profunda.

29 maio 2015

Nós, dez


Há uma parte em você que eu adoro porque ela mostra muito daquilo que você tem e nem sempre deixa revelar. Suas mãos são lindas. No dia que eu ficar cego, não conseguiria assinar meu nome, mas saberia desenhar cada detalhe das suas mãos. Lembro de Salvador e aquelas ciganas que queriam ler sua palma, e eu só ri por dentro. Não seriam em qualquer dez minutos que o mistério se revelaria.

Quando me apaixonei por você, houve uma conjunção de fatores. Seus mistérios, seu comportamento arisco, sua tentativa de esconder o coração gigante que você tem, suas provocaçõs e sua beleza... Mas as suas mãos, mais do que me cativar, elas me enfeitiçaram.

Poder provar o seu toque, poder seguir o caminho que você indica, receber suas mensagens, enroscar seus dedos nos meus e até quando você está lá do outro lado no Morumbi e me manda aquele simpático sinal, tudo isso é um pouquinho de nós dois em em dez. Dez anos. Dez marcos. Dez símbolos, com curvas, altos, baixos, feridas e cicatrizes. Dezenas de alegrias e momentos inesquecíveis.

Depois de me ter nas mãos, agora tenho-me aos seus pés. Ali há mais dez e é para lá que eu vou. E depois? Ah, tem muita coisa a ser descoberta.

COMO EU AMO A NOSSA DÉCADA! COMO AMO VOCÊ!


Do you remember when we met
Liquor drinks and cigarettes
All the boys were takin bets
My credit card so in debt
Bought drinks from you at the bar
Poured them out behind my car
So I could come back to where you are
And order one from you again
And Again
I'll be your open tab
You'll be my favorite sin

You're such a Pretty Melody
I'm just another tattooed tragedy
Oh baby we don't have to be
Like the rest of them

What time can we get out of here
I got some words you need to hear
I really wanna make it clear
That I don't do this everywhere
How do I make this not sound cheap
I'd like to show you where I sleep
And keep you there a couple weeks
And make you come again
And again
I'll be your waste of time
You'll be my happy end

You're such a Pretty Melody
I'm just another tattooed tragedy
Oh baby we don't have to be
Like the rest of them
It's anything but hard to see
I want all of you all over me
There's not a single part of me
That would ever let you go

05 março 2015

Os próximos 100 anos


Ser crítico na adversidade é fácil. Cômodo, até. Há pouco menos de dois meses, o corinthiano era só insatisfação. Pudera: a diretoria vinha fazendo mais do mesmo, subindo o preço dos ingressos, demonstrando total despreparo na condução do clube e mantendo sua política de aberrações alienantes a todo vapor. Só que o time em campo passou a não perder. E o termo "não perder" é usado de maneira proposital, pois assim está consagrado o novo modus operandi desse Corinthians moderno. As vitórias na base do "não perder" escamoteiam uma crise de identidade crescente, gestada quando embarcamos nessa onda de ser aquilo que os outros esperam que a gente seja.

Fazendo isso, o corinthiano revogou sua tarefa, sua missão de contestador, e passou a absorver sem o menor critério todas as idéias de jerico que a anticorinthianada doente propagou por anos ("não tem estádio, só ganha Paulista"). Pior ainda, começou a aceitar a omissão, a falta de respeito com a própria história e, dentro de campo, a covardia. De novo, só para agradar os olhos dos outros.

Quando vejo os jogos do Corinthians dos últimos anos, não me reconheço ali. Há apenas flashes esporádicos daqueles times heróicos que pude ver ou sobre os quais ouvi falar. E não se trata de dar espetáculo ou coisa que o valha, que isso nunca me foi decisivo. O Corinthians, com exceção da década de 1950, da Democracia e da individualidade dos inúmeros craques que estiveram conosco, nunca prezou pela alta técnica em sua história centenária. Só que o Corinthians também nunca prezou pelo medo de ir à luta, pelo medo de atacar para se defender.

Na concepção atual, a essência do Corinthians são números inseridos em planilhas. Os objetivos, também números, são precedidos de cifras. Joga-se e se administra o clube a partir de resultados frios, sem tecido, que seduzem e satisfazem apenas a ânsia pelo acúmulo e pela quantificação em comparação ao outro (que outro, raios?). Vai daí que a premissa do Corinthians jogar pelo seu povo tornou-se coisa ultrapassada. Em mais de 20 anos de arquibancada, foram muitas as ocasiões nas quais saí do estádio de alma lavada após derrotas memoráveis. Notem que não é o placar, é o que está ali dentro. Trata-se da formação do caráter, pois quando se entra em campo, se luta e o resultado é adverso, ainda assim se ganha. Hoje, entretanto, uma derrota é só isso: uma derrota, num nível de limitação que, inclusive, tira o peso da vitória.

O momento pede sensatez. O gol continua sendo comemorado, a vitória continua agradando, mas é muita imprudência perder de vista a razão de tudo isso. Em 1915, não tivemos Corinthians. Fomos vítimas de um golpe dado por certa parcela da sociedade que não suportava (e ainda não suporta) povo e não tinha engolido a surra de dois anos antes no Velódromo. Apesar disso, a postura não foi outra senão partir para cima, ignorando qualquer conseqüência da impetuosidade que sempre nos moveu. Mesmo sem Corinthians, houve Corinthians. Curiosamente, cem anos depois o Corinthians entra em campo duas vezes por semana e quase não há mais Corinthians, numa ausência de nossa inteira responsabilidade.

QUE CORINTHIANS IREMOS DEIXAR PARA AS PRÓXIMAS GERAÇÕES?