03 junho 2014

A Copa e minhas contradições


Não era este blogue que desde 2007 chama de Copa assassina o evento que inicia no próximo dia 12 de junho. Sim, caro visitante, você está correto. E se você só lê o primeiro parágrafo das coisas que escrevo aqui, irá tentar apontar qualquer contradição com o #vaitercopapracaralho que estou dizendo 7 anos depois. Mas será que há contradição mesmo? Vejamos.

Quem quiser gastar cinco minutos, pode ir ao primeiro texto que postei sobre o assunto, em novembro daquele ano. Ainda assim, vou destacar algumas passagens, principalmente com relação aos problemas - que disse e continuo dizendo - que essa tranqueira traria na bagagem:

"Vejam: os estádios, ao se adaptarem aos 'padrões FIFA', terão cadeiras numeradas. Tendo cadeiras, teremos que assistir aos jogos sentados. Durante a Copa, foda-se. Mas eu NUNCA assisto ao jogo sentado. Isso é inconcebível! Outro grande problema vai ser a elitização do esporte. Os ingressos, que hoje já são caros, irão atingir um patamar estratosférico após o evento. Nunca mais o povo terá seu ópio. Provas? Acabaram com a geral do Maracanã e no Pq Antártica entrará em vigor um tal setor VIP, que está fazendo a porcada gritar até com a nonna. Fora esses problemas de essência, muitos outros virão:

- consolidação dos pontos corridos
- europeização do futebol latino-americano
- definhamento dos clubes por conta da supervalorização de atletas
- atrelamento ao calendário europeu, dando fim aos charmosos campeonatos regionais
- fim das organizadas"

Reitero, portanto: minha preocupação é com o futebol. Lá adiante no texto de 2007, eu avisei: "não há nenhuma possibilidade de aceitar reclamações de qualquer natureza (sobre política, políticos, violência) desse tipo de gente. Eu não entro aqui nem no mérito do financiamento público - não previsto mas que irá ocorrer sem sombra de dúvida. Se o problema do país fosse esse, estaríamos em melhor situação". 

Falava dos oportunistas da Copa, que sempre apareceram apenas na torcida (contra) e agora, com a realização do evento no Brasil, viram uma chance incrível de colocar suas asinhas de fora. Não pisam num estádio e acompanham seu time só por meio dos canalhas da imprensa. Vivem arrotando as merdas que a mídia dissemina por aí, posando de politicamente corretos e pagadores de impostos.

Entretanto, aqui se defende a arquibancada e o alambrado. Aqui se defende o futebol popular e toda a significância do esporte para esse povo. Dentro ou fora do país, promovendo a elitização ou não, com a bola rolando eu continuo torcendo pela Canarinho. Aliás, vou torcer ainda mais agora, só para ser oposição a essa gente aproveitadora que hoje é o público-alvo preferido dos dirigentes esportivos e do plim-plim, a verdadeira dona da coisa toda.

Oras, é consenso que a Federação Paulista de Futebol está infestada de filhos da puta. Vou deixar de ir a jogos no Paulistão ou chamar o campeonato de "paulistinha", como fazem alguns incautos que muitos adoram? Odeio o Brasileiro por pontos corridos, mas vou abandonar os estádios? Da mesma forma que não deixo de ser corinthiano mesmo me indignando com as cagadas diárias feitas pela diretoria do clube, não vou abandonar a seleção brasileira numa Copa do Mundo.

Portanto, repito que #VAITERCOPAPRACARALHO! Vai ter muita Copa e eu vou torcer, encher a cara todo jogo e comemorar caso o Brasil garanta o Hexa. E praqueles que estão na onda de partidarizar ou disseminar imbecilidades como "ah, tinha que gastar com Saúde e Educação", sugiro se informar melhor. Porque você está passando muita vergonha em público. Muita mesmo. Se você não apoiou nossa luta sete anos atrás, agora não venha despejar vossa alienação. Deixe o futebol em paz, por favor.