05 setembro 2012

Corinthians, modéstia à parte - A próxima cena


Mais um recado direto à torcida corinthiana, que anda muito alienadinha e acreditando em tudo o que abutre publica por aí - tanto para denegrir a instituição Corinthians quanto para fazer troca de favor à diretoria canalha. Não uso minhas palavras, já que elas têm, segundo o Google Analytics, 90% de rejeição. Recorro novamente ao Nailson Gondim, na série "Corinthians, modéstia à parte" de transcrição dessa obra rara. Está tudo aí, é só saber ler, reconhecer os próprios erros e mudar as atitudes.

QUE CORINTHIANS QUEREMOS PARA AS PRÓXIMAS GERAÇÕES?

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A próxima cena

Em 1974, o povo corinthiano deixou o Morumbi em silêncio, numa romaria acabrunhada, decepcionada e frustrada com um resultado impiedoso e inconfortador porque acidental (0 a 1, em chute que contou com a ajuda da sorte). Era dezembro, pouco antes do Natal, e a tristeza encerrava aquele ano de fastio ao porco. E não adiantava evitar o assunto, pois todos só discutiam o perdedor. Dois anos depois, 1976, esse povo era quase dono do Brasil: em sua caminhada ao título do Campeonato Brasileiro que não veio, entusiasmou o Recife, com grande caravana, da qual participava o cego Didi, para espanto dos pernambucanos; depois, encheu de festa o Maracanã e, paralelamente a isso, fez carnaval nas avenidas Paulista, São João e Ipiranga, comemorando apenas a classificação à final do Campeonato Brasileiro daquele ano; e preocupou os gaúchos, ameaçando - como fez no Rio - invadir Porto Alegra e vestir no Laçador (monumento folclórico) a camisa do Corinthians. Nada ganhou, a não ser o vice-campeonato, mas pontuou com interrogações o que fez. Ano seguinte, 1977, o time foi campeão paulista, depois de o povo - o  povo - passar quase 23 anos sem esse título. Todo o Brasil corinthiano entrou em estado de graça e atenção para o que poderia ocorrer com o seu povo campeão. Nada além do direito à liberdade. Houve alguns excessos, como se queixou a empregada doméstica beliscada no bumbum em meio à festa na Avenida Paulista. Também, pudera: quem mandou passar por ali rebolando? E, bem mais relevante que isso, claro, foi o paraplégico que, na madrugada de festa, desafiava sua deficiência física e subia - ajudado por suas muletas - a rampa que fica por trás do Museu de Arte de São Paulo (Masp) para chegar à avenida que era só carnaval. Este paraplégico carregava nas costas a bandeira do Corinthians que ele colocara agarrada a seu pescoço. E com sacrifício escalava a ladeira, ávido para sambar com seu povo e gritar - como sempre sonhou - "é campeão!" "é campeão!" "é campeão!"... Mais recentemente, em maio de 84, parte representativa do povo corinthiano foi ao Maracanã e saiu derrotada, apesar do empate (0 a 0), cujo resultado classificou o adversário. Mas, diante do sorriso debochado e da satisfação irônica dos rivais que deixavam o Maracanã cantando, reagiu com seu grito-de-guerra que não falta, no pátio do estacionamento do estádio: "Corinthians!" "Corinthians!" "Corinthians!"... Foi o suficiente para estarrecer de admiração os sobressaltados torcedores cariocas que assistiram àquele improvisado espetáculo. Todos olhavam para o grupo com ar de indagação, parecendo perguntar "quem se classificou"? Não importava. Eles eram assistentes privilegiados de mais uma cena corinthiana. A próxima cena...

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