12 setembro 2012

Corinthians, modéstia à parte - O preço de um título


O Corinthians joga hoje e domingo tem um derby, mas a trupe alienada só quer saber de japão, japão, japão... Quem paga essa conta somos nós, torcedores que estamos lá dia e noite, fazendo nossa parte. Os canalhas sabem disso. Sabem que estarão lá os mesmos 5 ou 6 mil. Só que continuam a sangrar o bolso do povo e a elitizar o Corinthians, copiando modus operandi daqueles que antes eram inimigos. Sem mais, a 17ª parte da série "Corinthians, modéstia à parte", obra do pernambucano e corinthiano Nailson Gondim.

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O preço de um título

Custa caro ou quase nada o título de campeão para o povo corinthiano. O preço é invariavelmente alto no começo da disputa. O dinheiro gasto faz falta, principalmente quando na programação financeira de cada um são lançados empates e derrotas. Então é que se vê como a passagem de ônibus está cara, o ingresso sem valer a pena e o providencial sanduíche feito de pão adormecido. Nada presta. Ou, para evitar radicalismo, tudo é ruim. Há outras: o juiz é ladrão e mais alguma coisa; o técnico é burro e mais alguma coisa; o time adversário continua sendo mais alguma coisa - dessa vez, com mais certeza. Na contabilidade do povo corinthiano em busca do título campeão o balanço só tem ativo. Crédito, para qual deles quiser, só naquela loja. Aquela loja que - como os gananciosos adversários - pega o crédito imediato dos corinthianos e transforma em débito a longo prazo. E perde tempo quem for reclamar ao juiz - meritíssimo... No fim do mês, o holerite de quem o recebe vem com desfalques parecidos com os da escalação do time na terceira rodada do campeonato e para o próximo jogo. Mas é assim mesmo. Para ganhar o título de campeão é preciso o sacrifício do almoço engolido às pressas, do empurra-empurra que acaba dando certo nas arquibancadas e da insônia pelo cansaço que não deixa ninguém pregar o olho. O dia seguinte e mais os outros exigem desgaste emocional: a discussão inevitável contra os rivais, a esperança de otimismo imprudente e o tímido pedido de dinheiro emprestado para poder fazer tudo de novo. Pelo título de campeão o corinthiano briga em casa, com o vizinho e o motorista que buzinou forte e o assustou. É o estado de alerta de um povo, enquanto dura o campeonato. O dinheiro que emprega é contado da mesma forma como são contados os pontos ganhos e perdidos, os gols prós e contras e o confronto direto. E vale gol average, que ninguém sabe traduzir mas conhece seu significado, isto é, o que representa. Esporte é cultura - dizem por aí. E, mais que isso, esporte com Corinthians é título. Título de campeão, porque essa história de vice-campeão e outras colocações só fica bem mesmo é para os adversários. Portanto, para o povo corinthiano não ser campeão custa tudo isso. Caro demais. Quanto ao título propriamente título, depois do sacrifício e de todas as dificuldades, o preço é quase nada.

Um comentário:

Filipe disse...

Ah, Corinthians...
E no saguão de entrada, às vésperas do jogo na bombonera, o conselheiro disse pro outro: "se eu não tiver ingresso você vai apanhar".