13 junho 2012

Corinthians, modéstia à parte - Diário de um corinthiano


Este sexto capítulo da obra "Corinthians, modéstia à parte", de Nailson Gondim, já havia sido publicado por aqui. Mais exatamente, no dia 27 de março de 2010. Repito-o hoje, como um mantra para essa nossa batalha, pois é o que todo irmão da família alvinegra irá fazer nesta quarta-feira.

À luta! Jogai por nós, Coringão! Saravá, São Jorge!

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Diário de um corinthiano


Hoje vou ao estádio. Vou com a promessa de gritar mais alto. Da última vez meus gritos não foram ouvidos. Levarei a bandeira. Mas, antes, tenho que tirar aquela mancha de sorvete que respingou nela. Já remendei o buraco que aquela faísca de rojão fez na bandeira. Ficou bom, não dá para ver a costura. A camisa está lavada e passada novamente. Vou comprar outra. Esta já está desbotando e com a gola rasgada. Foi o puxão que tomei naquela briga do ano passado. Mas valeu: acertei uns 30... uns dois ou três, é verdade, e ainda fomos campeões. O ingresso comprarei no clube. Dá mais sorte. A não ser que lá na sede o pessoal tenha algum sobrando. Eu devia ter comprado quando estava lá, picando papel. Ando com a cabeça... Tem problema não, tod (eu ia dizer todavia só para parecer difícil. Melhor o feijão-com-arroz). Sim, não vou sair de casa com fome. O cachorro-quente que comi no último jogo me fez mal. Ou foi aquela lingüiça calabreza? Epa! Calabreza não. Lingüiça de porco, porque calabreza lembra... Dá no mesmo. Deixa pra lá. Preciso chegar cedo, preciso chegar cedo, preciso chegar cedo... Não posso esquecer-me disso. Esta repetição até parece o castigo que a dona Amélia me passava quando eu fugia da aula só para ver o time treinar: "Escreva cem vezes: não devo sair da aula para ver futebol". É isto que eu tenho vontade de fazer quando a gente perde um gol: "Escreva cem vezes: não devo perder gol". Ha, ha, ha... Estou rindo de minha bobagem. É que estou feliz, otimista e com o espírito em festa. Dia de jogo é assim. Ah, devo registrar meu sonho dessa madrugada: o time perdia de 10 a 1 e acabou virando para 11 a 10. Suei. Não era pra menos. E quero suar de novo, de verdade, se for para ser assim. Virar o resultado é bom demais! Aliás, nem é necessário virar. O negócio é ganhar e pronto. Por falar nisso, vou dar uma lida no jornal. Preciso saber o que estão dizendo e como vai jogar o time. Já sei tudo, é claro, mas quero apenas confirmar. O almoço está na mesa. Tem frango, polenta e ainda um pouco da dobradinha de ontem. Não vai chover. Está batendo sol aqui no meu quarto. E com a grama seca o toque de bola vai ser legal à beça. Estou até vendo um ataque arrasador, logo de cara. O primeiro gol vai sair depois de rebote. O segundo vai ser de cabeça, após cobrança de escanteio. O pênalti - vai ter pênalti - sei quem vai bater: goleiro para um lado, bola para outro.

Paradinha para um ritual: "Timão! plá-plá-plá...Timão! plá-plá-plá...Timão! plá-plá-plá..."

Acabei de almoçar, vou-me embora. Continuo na volta.

(Dia seguinte, o diário não teve registro. Também, pular um dia não faz mal. Que importa uma página branca a mais? Mas da próxima vez haverá algumas linhas. Ah, isto sim! Com gols. É. Muitos gols, muitos gols, muitos gols...)

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