03 maio 2012

Corinthians, modéstia à parte - Exemplo de nação



Já havia falado sobre o livro Corinthians, modéstia à parte, do jornalista Nailson Gondim. Trata-se de obra rara não só pelo conteúdo, mas por ser quase impossível de achar, pois nem mesmo a editora existe mais. O pernambucano Gondim também cantou para subir e nos vigia, ao lado de São Jorge e de nossos ancestrais

Sendo assim e em homenagem a todos eles, irei transcrever, sempre que possível, essa histórica publicação que faz jus à grandeza do Todo Poderoso. Adianto que há um texto imperdível do doutor Sócrates, que ocupa a orelha da capa. Acompanhem.

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Exemplo de nação

O povo não desanimou com o golpe mais sentido de sua história. Foi um golpe duro, violento e traiçoeiro, capaz de desmantelar a maior das facções. Mas, apesar disso, o povo resistiu e reagiu. Nasceram até novas facções. E a nação, mesmo massacrada, sufocada e oprimida, ganhou força. Ninguém desistiu da luta em nenhum momento - haja raça, garra e coragem! E havia motivos para desânimo: São Jorge, um guerreiro, foi cassado; Elisa, um símbolo de luta, foi humilhada; e o cego Didi, uma imagem da fé, perdeu seu direito ao título. Estava tudo em outras mãos. A peregrinação do povo em busca de seu respeito relegado de nada adiantava. A minoria sempre dominava. Mas o povo era um povo que, embora derrotado, jamais se entregava. Foi muitas vezes debochado; agente de espoliadores; vítima de mentiras demagógicas... E manteve-se de pé, firme, com fôlego para ir em frente. Ainda que com os pés desgastados, as mãos calejadas e o rosto pingando suor. Peito erguido, porém; bolsos vazios, é verdade. Mas foi, acreditando em sua esperança. Perseguindo sua verdade, sua história, sua vida. Amando uma bandeira, defendendo-a e cantando seu hino. Todos de mãos dadas. Gigante pela própria natureza - assumiu o lema emprestado do compositor. Avançou nos dias de tropeço... E os adversários, cruéis, contando em voz alta os anos de dissabor para irritar o povo sofrido. Irritavam medrosamente. Sabiam que entre eles um entregava o poder para o outro, outro para um, numa sucessão miserável. Às vezes, o povo se aproximava do poder. Apenas um sonho. Sonho de muitos anos de pesadelo. E eles - em casta, bando ou horda - olhavam de esguelha a mão estendida do povo e chutavam para longe o que - pensavam - era só deles. Ou podia ser só deles. Do povo eles queriam somente a fonte de renda. E exploravam-no, fabricando-lhe entusiasmo, provocando crença na vitória que não vinha para, no fim, fazê-lo sofrer com a ilusão sempre adiada para o próximo ano. Promessas, promessas e promessas. Criaram até rei nesse período. E o rei - deles - depois de reinar, ditou: "O povo não sabe votar". E o povo engolindo (tudo) seco. Gastando o pouco da saliva que lhe restava. Mas sem perder seu grito forte. Grito de guerra, não de súplica. E a minoria insistindo em castigar o povo. Com argumentos tolos é que se explicava. "Tudo mentira, ouviram?!..." O povo foi perdendo a paciência. Sua voz se espalhou em coro por toda a nação. E veio - suada, rouquenha e festejada - a conquista do espaço que enterrou definitivamente os mais de 20 anos de repressão, sacrifício e injustiça. Esta é a Nação Corinthiana. Onde todos lutam, onde todos são campeões, onde todos defendem um grito em comum: Corinthiannnsss!!!

Um comentário:

Alessandro disse...

Show!
Como consigo uma cópia do livro?