20 dezembro 2011

Corinthiarte - volume III


Mais uma vez voltamos aqui para divulgar o maravilhoso trabalho dos irmãos de arquibancada Filipe Gonçalves (do AnarCorinthians) e Fernando Wanner que, ao lado de Luiz Wanner (pai de Fernando), vêm preenchendo as lacunas de corinthianismo decorrentes dessa modernidade nociva do futebol. Retomo, novamente, o que escrevi em janeiro, data de lançamento do primeiro fascículo da série Corinthiarte:

"O Corinthians é a utopia concretizada do povo. Fruto de uma conjunção de fatores racionalmente improvável, nosso Todo-Poderoso se tornou gigante e Centenário enfrentando provações diárias. Sua gente não podia ser diferente e agrega esses valores ao cotidiano como nenhum outro torcedor. Puxa daqui, arranca de lá, e o corinthiano resiste, contra tudo e contra todos, alimentando sua alma com o mesmo sonho que tiveram os ancestrais reunidos na famosa esquina do Bom Retiro, formada pelas ruas José Paulino e Cônego Martins.

Sonharam também Filipe Gonçalves, Fernando Wanner e Luiz Wanner, devaneio que acompanhei de perto, mais precisamente da arquibancada. Um sonho de comprometimento, de crença numa força inexplicável que brota da lendária biquinha, de legítimos filhos de São Jorge. Belíssimo como uma jogada de Luizinho, um lance magistral de Cláudio, um passe de calcanhar do Doutor, uma falta de Neto, uma redenção de Basílio, uma defesa de Ronaldo, um carrinho de Idário. E, acima de tudo, corinthianíssimo como cada batida do coração de Neco."

Como nas outras vezes, tive a grata oportunidade de ler o texto em primeira mão e adianto que esse terceiro volume está especialmente emocionante. Para marcar a chegada da terceira parte da saga - que leva o título "É com o pé. É com a mão. É Campeão" -, o Ginásio do Parque São Jorge estará aberto na próxima quinta-feira para receber toda a Família Corinthiana, o que torna o troço ainda mais imperdível. Encerre este ano de 2011 renovando as energias na Cidade Corinthians e prestigiando o feito dos três Mosqueteiros que, com muito afinco, estão fazendo importante resgate de nossa Centária história.

VIVA O CORINTHIANS!

Lançamento: "É com o pé. É com a mão. É Campeão"
Local: Ginásio do Parque São Jorge
Data: 22/12/2011 - às 19h
Preço: R$10


08 dezembro 2011

Brasileiro e corinthiano


Com os sentimentos um pouco mais controlados, acho que me sinto preparado para tecer algumas palavras sobre o gigantesco herói que nos deixou no último domingo, justamente num dia de alegria para o Corinthians pelo seu quinto Campeonato Brasileiro. Ouvi a notícia da morte de Sócrates Brasileiro e Corinthiano lá pela hora do almoço, quando me preparava para ir ao Pacaembu. Um baque, uma faca no peito e uma sensação de vazio no estômago que não era fome, mas algo muito parecido com aquilo que me deu no dia em que minha saudosa tia Terezinha se foi.

Aliás, foram inúmeros os testemunhos nessa toada: os corinthianos perderam um ente próximo. A tristeza que me acompanhou até o Templo Sagrado pairava pela cidade e pelo país, e se intensificou ainda mais depois da catraca. À beira do alambrado, no encontro com os irmãos Filipe, Rubio, Salgado e Victor - todos eles seguidores ortodoxos dos paradigmas socráticos -, foi difícil segurar as lágrimas. Lá em cima no nosso lote, ao lado do Janeiro, Luizão, Raphael e muitos outros parceiros, o pranto foi inevitável.

Os braços erguidos e os punhos cerrados que homenagearam Sócrates antes do apito inicial representavam a esperança, o amor e o compromisso com a luta encampada pelo Doutor no início dos anos 80, retomando, inclusive, os ideais corinthianistas de 1910 de participação política intensa do povo dentro do seu time. Serão essas as recordações marcantes do ambíguo 4 de dezembro de 2011; é nisso que devemos nos apegar toda vez que formarmos nossas opiniões sobre tudo que envolve o Corinthians.

O legado de Sócrates é imensurável e, até certo ponto, incontestável. É crime hediondo ignorar cada vírgula por ele eternizada, mesmo aquelas com as quais a gente possa não concordar de imediato. Ele não queria ser o bom-moço casadoiro, mas sim fazer de cada corinthiano um contestador, baseando-se em nossa impetuosidade e nossa irmandade características. O pensador dos gramados forjava pensadores nas arquibancadas e nas ruas, incitava o raciocínio além das meia-verdades e combatia a imbecilidade, ainda que cercado de imbecis aproveitadores.

Isso posto, a tristeza de ver partir esse gênio da bola e da cachola não se dá pelo simples fato da morte, pois ela é inevitável. Dói demais não poder contar com novas provocações que colocavam a opinião média contra a parede, algo tão necessário ao corinthianismo claudicante dos dias atuais. Dói porque há canalhas que riem dessa desgraça. Dói porque sua história, assim como todos que vestiram a camisa do Corinthians um dia, será distorcida pelos babacas da mídia dominante e ele será o "alcoólatra comunista maloqueiro", mesmo não tendo sido nenhuma dessas coisas.

Sócrates foi, sim, corinthiano, brasileiro, craque, vencedor, iluminado, líder, escritor, boa-praça, verdadeiro. Escolha qualquer uma dessas - ou várias - facetas e faça a coisa certa: seja um devoto desse anjo torto, que agora foi ter com nossos antepassados brigadores e guerreiros.

OBRIGADO, DOUTOR SÓCRATES!

05 dezembro 2011

Corinthians 5x: festa, contemplação e democracia


O Templo Sagrado era o palco perfeito para tudo o que aconteceu neste 04 de dezembro, quando conquistamos nosso 5º título brasileiro. Conquistamos, na primeira do plural, porque não foram os vagabundos e o técnico de merda os grandes responsáveis pela glória corinthiana. Quem merece os parabéns e uma volta pela cidade com a taça na mão é a Fiel Torcida, que jogou como nunca neste modorrento campeonato de pontos corridos. Mas vamos por partes.

O domingo começou com uma das notícias mais tristes que poderíamos receber: faleceu Sócrates Brasileiro e Corinthiano. Um gênio a serviço de seu povo, um craque com a bola nos pés e com as idéias na cabeça. Provocador e sempre racional, foi um dos poucos jogadores na centenária história do Corinthians a entender sua torcida e criar junto dela um relacionamento de respeito e admiração, tendo como pano de fundo o amor ao Coringão. Creio eu que a passagem dele para o rol de corinthianos imortais foi também muito bem pensada - dizem alguns até prevista pelo próprio. O Doutor foi ter com o pessoal lá de cima porque queria curtir esse título tranqüilamente, tomando cerveja e fazendo a festa que sempre soube fazer.

Sua energia, porém, tomava conta do Pacaembu. A belíssima e emocionante homenagem antes da partida final, com todos os filhos de São Jorge com o punho em riste, fez a diferença em campo. Não poderiam os vagabundos deixar esse campeonato ir para a caralha; por nós e por Sócrates. E assim fizeram, jogando titescamente (o vocábulo titescamente pode ter como sinônimos escrotamente ou empatibilidade) e empurrando o coração de cada torcedor pela goela. Diante de toda a anticorinthianada atônita, porém, chega hoje no Memorial do Parque São Jorge outro troféu que coloca mais uma viga na concretização do sonho do povo iniciado em 1910. Uma viga com tendências democráticas, diga-se, pois o título socrático precisa servir de inspiração à Fiel para que retomemos os ideais participativos e includentes dentro do clube.

Depois da festa sem precedentes que tomou as ruas de todo o Brasil, com o povo sendo feliz e louvando o corinthianismo em estado puro, só resta dar os parabéns a toda a família corinthiana. Lutamos e vencemos, que é como deve ser. Agora, é encher a cabeça de cachaça e guardar na memória toda a emoção sentida.

VIVA O CORINTHIANS! PARABÉNS, FIEL TORCIDA! OBRIGADO, DOUTOR SÓCRATES!

É CAMPEÃO!