25 julho 2011

No meu tempo


Eu sou de um tempo - e nem faz tanto tempo assim - em que o Corinthians perdia porque jogava para ganhar. Nessa época, se éramos líderes de uma competição, aproveitávamos o Pacaembu lotado para sufocar o adversário, pois assim é que é. Se perdíamos, era por conta da sobra de vontade de ganhar e falta de atenção para conter contra-ataques de oponentes assustados.

Eu sou de um tempo - e nem faz tanto tempo assim - em que derrota do Corinthians não era motivo de palmas. Por mais que os jogadores tivessem jogado com raça e amor ao Manto (o que não é o caso dos dias atuais), o pau quebrava. Qualquer derrota era motivo para que uma meia dúzia de sopapos voassem arquibancada abaixo e sempre tínhamos visitas na porta do vestiário. No último domingo, só se via maria-chuteiras esperando seus "amore$" no estacionamento do estádio.

Eu sou de um tempo - e nem faz tanto tempo assim - em que 37 mil pessoas no Pacaembu eram um público normal. E nessa época, faziam um barulho de 100 mil. Por conta da elitização cada dia mais forte que essa diretoria de merda promove, vemos um bando de descompromissados e hipócritas, que nada fazem senão colaborar para que o Time do Povo fuja cada vez mais do seu propósito.

Eu sou de um tempo - e sempre foi assim - que Joel Santana era uma piada no mundo da bola. Já houve até jogador que o mandou enfiar a prancheta no cu, mas o Corinthians hoje tem uma anta no banco que conseguiu perder para esse patético e folclórico nome do futebol. Essa mesma anta, inclusive, promoveu três substituições na mesma lateral (e quem muda lateral sem ser por contusão é gente que não sabe o que está fazendo).

Provavelmente, o tempo de hoje já não me comporta mais.

ACORDA, FIEL!

SEJA CORINTHIANS, CORINTHIANS!

22 julho 2011

Assumpção de culpa


Fui, despretensiosamente, assistir ao documentário "Daquele instante em diante", uma biografia sobre Itamar Assumpção. Esperava mais do mesmo, algo muito próximo daquele formato batido de entrevistas com amigos falando da genialidade de um gênio e que só servem a fãs ardorosos do retratado. De certeza, somente a descoberta de alguém que nunca teve seu devido valor - eu, por exemplo, só conheço uma música do cara.

A certeza se confirmou, mas de uma maneira muito mais profunda que uma simples viagem ao desconhecido. A produção, apesar de sua linguagem fluida e simples, bate como uma rocha no peito. O mais intrigante de tudo é perceber a quantidade de interpretações que se pode tirar do filme, que vão desde o mero relato da vida de um artista marginalizado até as mais complexas teorias filosóficas que alguém possa criar a partir das provocações estampadas no longa.

Particularmente, sucitaram algumas inquietações. Muito do tal radicalismo - para mim, nada mais é que coerência - de que me acusam eu vi na conduta de Itamar com relação a sua produção. Ele não abria mão de certos valores e, por conta disso, ficou excluído da possibilidade de reconhecimento do público. Ao mesmo tempo, não pude deixar de absorver uma lição desse exílio artístico que lhe impuseram. Inteligente que era, Itamar não poderia ignorar o fato de que suas músicas atonais, sua poesia vanguardista e sua própria figura contestadora eram combustível para a incompreensão da opinião média, bem como tornariam cada vez mais inviável sua sobrevivência mercadológica.

O que nos leva, portanto, ao ponto crucial desse papo todo. O sistema vigente é vil de tal forma a te afastar dele no caso de contestação dos modelos, e paralelamente te força à submissão das regras caso queira pagar as contas. É o tal "me vendi" que, injustamente, corrói de culpa muitas boas pessoas por aí. Minha atual realidade, de grandes fracassos profissionais motivados, em grande parte, pela minha teimosia em fazer as coisas do jeito que acho certo, se encaixaria perfeitamente nisso. No entanto, prefiro cambalear um pouco a fim de usar a regra do jogo para tentar dar uma bicuda no tabuleiro mais para frente. Itamar Assumpção, foi o que me pareceu, havia chegado a essa conclusão e estava rumando nessa nova direção ao final da vida. Talvez tenha feito as coisas da maneira que fez para nos mostrar esse caminho. Quem sabe?

P.S.: como eu disse que há milhares de interpretações, é imprescindível ler o que minha Evinha, muito mais coração que eu, escreveu brilhantemente sobre o filme que vimos juntos.

12 julho 2011

Os espelhinhos continuam encantando


O tempo passa e as vilanias parecem ser esquecidas. Sim, porque a "notícia da semana" na imprensa abutre é a de que voltaria o tal do Tevez ao Corinthians. O absurdo dessa informação, pra mim, é tão grande que me faz ter convulsões ao me deparar com os mamilos ouriçados dessa gente descompromissada, cuja festa ignora todas as lições que esse jogador deixou.

Eis aí o ícone de um dos piores atos administrativos da história do Coringão. O MSI foi o responsável direto pelo dia mais triste na vida de todo corinthiano e seu jogador-símbolo saiu do Parque São Jorge de maneira semelhante a de tantos outros maus-caráteres. A dita parceria esburacou o orçamento do clube e nos levou até mesmo a uma crise de identidade.

Tristemente, os espelhinhos que essa diretoria de merda oferece à torcida continua encantando e a Fiel permanece anestesiada, sem a essência que sempre a caracterizou. Resultado da submissão colonizada conquistada por Sanchez e sua corja por meio de quinquilharias, nossa história vai cada vez mais para o buraco e as palminhas medíocres e hipócritas continuam e continuarão aplaudindo. Pois bem: quero ver se irão aplaudir a majoração de ingressos, na famosa desculpinha de que o referido jogador custa caro...

O que o Corinthians precisa, de fato, é lembrar de onde surgiu um dos maiores esquadrões de sua história. Esse local fica ali perto do Belenzinho, Zona Leste, numa belíssima vila hoje sucateada pela especulação imobiliária. É a Vila Maria Zélia. E o dinheiro que está sendo jogado pelo esgoto com contratações desse tipo poderia ser utilizado na compra e restauração da Vila, transformando-a num centro de formação de craques corinthianos.

Que os tempos obscuros não retornem.

PELO CORINTHIANS, COM MUITO AMOR, ATÉ O FIM!