27 janeiro 2011

Pensamentos raivosos de uma noite vexatória


- Não adianta xingar jogador que está correndo se temos um vagabundo que não se mexe e só se apresenta para pegar o filé.

- Técnico que num jogo decisivo tira um lateral para colocar outro lateral a 10 minutos do apito final não sabe o que fazer.

- Torcida que leva como lema Lealdade, Humildade e Procedimento não tem o direito de passar pano para jogador vagabundo. Aliás, eu disse tempos atrás também que receber presidente do clube na quadra da torcida é, no mínimo, conflito de interesses.

- Torcida tem que torcer, e não ficar jogando sua história no lixo em prol do Carnaval e entregando seu patrimônio a nós sabemos quem.

- Apoiar os 90 minutos é o caralho. Chega de gastar gogó com vagabundo. Faz-se necessário criar um clima de medo para separarmos o joio do trigo. Quem não agüentar, pode sair fora.

- Enquanto tivermos como público gente que pretere um ídolo que ganhou o primeiro Brasileirão do Corinthians a uma baleia que descompromissada, os problemas tendem a aumentar. Por muito menos, jogadores que fizeram muito mais foram escorraçados do Parque São Jorge.

- É preciso reverter o clima quanto à direção do clube. Enquanto a grande maioria comprar a falsa idéia de que a administração do tampão é ótima, ele terá carta branca para continuar com seus esquemas e seu marketing anticorinthiano.

- Falando em marketing, cadê você que não vive de títulos e não pagou 300 conto para ver o Corinthians?

- Também é preciso formar desde já uma oposição de fato dentro do Conselho. Depois de ontem, eu quero que se foda: vou me endividar para comprar a porra do título ainda nesse fim de semana.

- A apatia do time em campo é muito o reflexo da inação da torcida.

- Vagabundo tem que tomar tapa na orelha para aprender. Tem de haver pressão, senão não é Corinthians.

- Ainda assim, depois da noite de ontem, tem filho da puta descompromissado que consegue dormir bem, dizendo "ah, é só futebol". À merda todos vocês!

PELO CORINTHIANS, COM MUITO AMOR, ATÉ O FIM!

25 janeiro 2011

Por uma crise corinthiana


O Corinthians precisa de uma crise. Pode até ser incoerente ler isso por aqui, mas a crise que devemos propor não é daquele tipo que a abutraiada insiste em inventar no Parque São Jorge. De tempos em tempos, organizações sociais se vêem diante de uma encruzilhada e somente um ambiente em ebulição é capaz mostrar o rumo certo na trajetória. Mais ainda: tradicionalmente, o Coringão sempre fez das suas insurreições internas um poderoso instrumento para manter sua essência e sua história intacta. Portanto, nada mais justificável que essa movimentação parta legitimamente do povo e para o povo.

Há tempos o Corinthians vem se desfigurando. Essa massa ignóbil, hoje em dia tão presente nos estádios por conta da modernização e da elitização promovida pelo marquetim roxembergueano, valoriza mais um ex-jogador socialite que o próprio clube. Clamam por contratações de europeus, acham o máximo pedir um jogador que disse gostar muito de nos vencer – ainda que nunca tenha feito isso. Ao mesmo tempo, desrespeitam nosso Manto Sagrado apoiando cores esdrúxulas e desfigurações dos modelos tradicionais. E quem somos contra tudo isso somos chamados de ultrapassados e intolerantes.

Por conta disso, precisamos reorganizar a torcida. É fato que os Gaviões da Fiel, outrora grande articuladora de toda e qualquer mobilização das arquibancadas, desde a década de 90 passa por uma despolitização e uma falta de compromisso que fariam seus fundadores se envergonhar e se decepcionar profundamente. Urge iniciar um processo de conscientização para que a Fiel retome o papel que sempre teve, de dar rumo à instituição. É preciso dizer que o foco dos Gaviões não é o Carnaval e suas atividades interligadas – e eu sempre ressalto que sou contra essa faceta, porque acaba com a torcida e com o samba.

Diante dessa realidade, não é exagero afirmar que a oposição ao areia mijada inexiste. Aquele banner no menu esquerdo pedindo o “Fora Sanchez” é um grito no deserto. Mas o cara, reconheçamos, é esperto. Calou todo mundo colocando gente em seu nocivo esquema ou fazendo pequenos favores para ganhar tempo e conseguir perpetuar o trabalho de seus mentores, devastando o patrimônio físico e moral do Corinthians.

Ressalto a publicação dessas palavras antes do jogo contra o Tolima. Segundo consta – e não compartilho essa opinião -, é o jogo do ano. Justamente para não soar oportunista diante de uma tragédia que se mostra iminente na quarta-feira, clamo por um clima bélico no Pacaembu, qualquer que seja o resultado. Ao ouvir palminhas hipócritas, xingue e ameace o babaca autor desse despautério (no caso de insistência, desça a mão no sujeito). Ao ver um cretino de camisa roxa, ordene a retirada do troço. No intervalo e no fim do jogo, grite contra o preço absurdo dos ingressos e incentive o linchamento da diretoria. Aproveite para ameaçar todos os vagabundos que certamente não irão se esforçar. Ainda que seja inacessível a muitos, associe-se ao clube (essa é minha meta para daqui dois meses) para fazer barulho lá dentro. Caso contrário, estaremos diante de uma ameaça muito maior que uma mera eliminação no torneio.

ACORDA, FIEL!


20 janeiro 2011

A ridícula pretensão de um indizível mijo de rato


Meses atrás, a minha cerveja de estimação embarcou numa de trocar a cor de sua lata. Levada a cabo por uma campanha de marketing que no fim das contas teve bons resultados, a Brahma deixou de lado a mesmice das latas alviprateadas e investiu no vermelho. Defensor de causas que sou, ignorei solenemente minha própria desconfiança e desfiei inúmeras justificativas - algumas injustificáveis - para convencer os outros dos benefícios que a mudança traria.

No supermercado, por exemplo, ficou muito mais fácil de distinguir a Brahma nossa de cada dia
à distância (a Antarctica, minha número 2 na preferência, foi pioneira nisso ao se smurfetizar). Na campanha eleitoral, o mote #ondavermelha que extirpou a demo-tucanalhada e elegeu a presidenta Dilma serviu de desculpa para arregimentar partidários à nova lata. Para quem foge das blitzes da lei seca, dá para dirigir tranqüilamente com uma gelada na mão e outra no volante porque os gambés e os cagüetas vão achar que é coca-cola.

Argumentos pessoais à parte, a prova maior do sucesso de alguma coisa aparece quando ela é copiada descaradamente pelos concorrentes. Dias desses, vi dois caboclos com vermelhinhas na mão e logo pensei como seria boa idéia ir até a padaria comprar meia dúzia. Qual não foi meu pavor ao olhar mais atentamente e perceber que a cerveja em questão era a nojenta Itaipava.

Citei essa bosta e preciso fazer a necessária digressão. Tal mijo de rato apareceu cheio de pompa nas propagandas, se vendendo mentirosamente como um produto refinado da Cervejaria Petrópolis. Ganhou popularidade porque atingiu em cheio os anseios dos beberrões amadores, nojentos tal qual o produto que sorvem e tão facilmente reconhecíveis em eventos nos quais as bebidas são rateadas entre os presentes. Percebam: eu levo Brahma porque bebo Brahma e, suponho, todos no planeta bebem Brahma. No afã de economizar alguns centavos e pagar de moderno, esses oportunistas aparecem com um - sim, geralmente eles levam só um - fardo de Itaipava. Na hora em que o bicho pega, porém, lá está a minha Brahma descendo na goela nos desgraçados...

Sim, eu sei que a Brahma é artigo da Ambev, que a Ambev piorou consideravelmente a qualidade de suas cervejas e que os donos de bares, principalmente os pequenos grandes bares, comem o pão que o diabo amassou com o fornecimento nada digno da multinacional. Mas, oras, Brahma é Brahma e eu vou brigar do mesmo jeito que o Zeca Pagodinho brigou para ter uma caixa delas na gravação do comercial da Schincariol, este outro lixo que habita certos gogós desavisados.

Certamente, maior que a indignação com o monopólio da Ambev deveria ser a ojeriza à blasfêmia da Itaipava de tentar se equiparar a uma instituição etílica. Seria o mesmo que colocar a camisa do Corinthians no s4n7os: o time médio da baixada nunca vai ser grande. Pintar a lata da Itaipava, portanto, não traz automaticamente o carisma popular e o sabor da Brahma que, vale lembrar, tem sua origem glorificada pelo abolicionista dizer "desde 1888" estampado no logotipo. É preciso, no mínimo, respeito. Porra!

08 janeiro 2011

Mais um sonho do povo


O Corinthians é a utopia concretizada do povo. Fruto de uma conjunção de fatores racionalmente improvável, nosso Todo-Poderoso se tornou gigante e Centenário enfrentando provações diárias. Sua gente não podia ser diferente e agrega esses valores ao cotidiano como nenhum outro torcedor. Puxa daqui, arranca de lá, e o corinthiano resiste, contra tudo e contra todos, alimentando sua alma com o mesmo sonho que tiveram os ancestrais reunidos na famosa esquina do Bom Retiro, formada pelas ruas José Paulino e Cônego Martins.

Sonharam também Filipe Gonçalves, Fernando Wanner e Luiz Wanner, devaneio que acompanhei de perto, mais precisamente da arquibancada. Um sonho de comprometimento, de crença numa força inexplicável que brota da lendária biquinha, de legítimos filhos de São Jorge. Belíssimo como uma jogada de Luizinho, um lance magistral de Cláudio, um passe de calcanhar do Doutor, uma falta de Neto, uma redenção de Basílio, uma defesa de Ronaldo, um carrinho de Idário. E, acima de tudo, corinthianíssimo como cada batida do coração de Neco.


Eis que esses Três Mosqueteiros lançam na próxima segunda, dia 10, no Bar da Torre do Parque São Jorge, o livro "Aleguá-guá Corinthians", novela ilustrada feita em prol da disseminação irrestrita do corinthianismo. Contando com o traço certeiro e cheio de vida de Fernando, o texto emocionado de Luiz e a pesquisa histórica do Filipe - nosso sucessor de Toninho de Almeida e Lourenço Diaféria -, "Aleguá-guá" é uma jóia rara na bibliografia do Timão.

VIVA O CORINTHIANS!

Lançamento "Aleguá-guá Corinthians"
Local: Bar da Torre, Parque São Jorge
Data: 10 de janeiro, às 20h
Preço da obra: R$10




06 janeiro 2011

Vence a mesquinharia


São Paulo vai perder no próximo mês uma das poucas salas de cinema que eu freqüentava.
Falo do Belas Artes, na Consolação, que cerra as portas em 2011. Apesar de não ser um assíduo das telonas, quando me arriscava a encarar um filme fora de casa era para lá que eu sempre pensava em ir. Não por que ele contava com modernices desnecessárias de som cheio de nove horas, 3D e outras firulas que só servem para encarecer os ingressos, mas sim por ser aquele estabelecimento um dos poucos a vender cerveja, não estar enfurnado dentro de um maldito shopping center e ser localizado numa região de fácil acesso por metrô e com vários bares - esse último quesito, aliás, é importantíssimo para quem gosta de dividir as impressões do que viu logo após o letreiro final.

Mencionei o preço e ressalto que, para mim, seria muito mais conveniente ir ao Unibanco da Rua Augusta que, além de ter as mesmas características do Belas Artes, me permite pagar meia-entrada por minha condição de correntista do Itaú. O problema está nos filmes que passam lá, a maioria chatíssimos, e principalmente na disposição das poltronas. O Unibanco é praticamente um Morumbi das salas de exibição, tamanho o número de pontos cegos.

Voltando ao Belas Artes, diz a apuração da Falha de S.Paulo (vamos fazer um esforço para confiar) que o imóvel foi requisitado pelo proprietário porque "Perderam o prazo... Não tenho nada a declarar". Segundo consta, o mesquinho que atende pelo nome de Flávio Maluf preferiu assassinar um lugar histórico na capital paulista a estender o prazo dado ao administrador do cinema para que ele buscasse patrocínios e viabilizasse o funcionamento das salas.

Repito: não sou um cinéfilo e meu gosto para o troço é de qualidade duvidosa. Aprecio certas bobagens para as quais muita gente torce o nariz, como as quadras de "Máquina Mortífera" e "Duro de Matar", além da pérolas "Férias do Barulho", "Quanto mais idiota melhor" e que tais. Essa falta de recurso intelectual a respeito do assunto me força a enxergar o fato a partir daquilo que eu valorizo, o que me faz lamentar ainda mais o fechamento do Belas Artes. Existe ali um certo ar comunitário, uma certa intimidade entre casa e espectador. Penso na família dos funcionários que serão demitidos por conta do pensamento umbiguista de um paulistano típico. Penso também na loja de CDs e DVDs raros que tanto me causou rombos no orçamento. Penso que certas coisas deveriam ser assumidas pelas administrações públicas por seu significado histórico e cultural.

Mas nesses tempos, o que eu venho pensando não anda valendo quase nada...

Sorria, São Paulo.