20 maio 2010

Emprego, você ainda vai ter que procurar um...


Apesar de ser tarefa árdua e, conseqüentemente, muito chata, procurar emprego também rende algumas gargalhadas. Não de alegria, são de angústia, até porque tem horas que a gente reza para aparecer qualquer trampo de merda por causa da conta corrente no vermelho. Mas se não nos divertirmos um pouco com a própria desgraça, de que vale a vida?

Já que é para contar piada, cadastrei-me na Catho há menos de dois meses e é incrível a quantidade de ofertas de trabalho indecentes por lá. Restringindo por área, fica ainda pior. Estava conferindo há pouco o número de vagas para jornalismo, exatas 363. Logo abaixo, marketing e publicidade somavam, juntas, quase 5 mil. Fiz ou não a faculdade errada? Indo adiante, aparecem troços que nem na época da escravidão seriam tolerados. Ontem, por exemplo, pintou uma agência de publicidade de tamanho até que considerável que topava pagar R$1 mil para um redator com jornada das 9h às 18h no esquema PJ, ou seja, emitindo nota fiscal com todos os encargos.

Não nos esqueçamos também das perguntinhas cretinas que alguns empregadores enfiam num questionário prévio, cuja função deve ser limar os analfabetos. Provavelmente, isso teria serventia nos casos em que os responsáveis pelas vagas não são analfabetos e/ou burros, uma vez que a maioria coloca coisas como "comente sua experiência profissional". Ora, se é para eu comentar, me chame para a entrevista; se você quer saber o que já fiz, olhe o currículo e o portfólio que mandei.


No entanto, nada supera o frio na espinha decorrente daquelas vagas maravilhosas que pedem "pró-atividade" e prometem benefícios, CLT, salário alto e o diabo a quatro. Sim, trata-se de uma grande corporação, e isso significa muitos dias nas mãos dos torturadores do RH e suas terríveis dinâmicas de grupo que não avaliam merda nenhuma e mais parecem brincadeiras do Xou da Xuxa. Não faz muito tempo, fui convocado para uma "conversa" por uma empresa de Alphaville e, chegando lá, tinha tanto candidato que a sala vazava gente pelo ladrão. O alerta vermelho se acendeu e eu quase pulei da janela, porém resolvi ficar para fazer um estudo de campo sobre o limite da dignidade humana. Digo que me assustei.

Não sei se é simplismo extremado, mas selecionar funcionário se resume a bater um papo com o sujeito para sacar falhas de caráter e depois colocá-lo para fazer o trabalho que ele teria de fazer. Rápido, indolor, sem segredo. Isso reduziria a perda de tempo de todos os envolvidos e evitaria o constragimento que toma conta do ambiente naquelas perguntas de Namoro na TV do tipo "como você se define" ou "fale sobre seus pontos positivos e negativos", feitas exclusivamente para os canalhas se sobressaírem. Um detalhe, é bom sempre lembrar: não sou e nunca serei chefe ou patrão, e se alguém aí já estava torcendo pelo sucesso da minha carreira, cadastre-se em catho.com.br.

3 comentários:

Filipe disse...

Foda, Japonês. Bem foda mesmo.

P. disse...

depois de ler o texto, imaginei nós dois daqui alguns anos... e:
"digo que me assustei"!!!

Fabio disse...

Porra japonês, eu também tô na mesma toada, dinâmica de grupo é foda mesmo. Também postei um texto sobre isso, em http://umblogabandonado.blogspot.com/ . Falou, abraço do Provisa...