31 julho 2009

Hora da Patrulha


A Patrulha de hoje vai tomar como exemplo dois casos particulares, mas que provavelmente devem estar afetando milhares de conterrâneos. Independentemente disso, se a classe média pode fazer auê por causa dos fretados (adoro ver a classe média indignada), eu também vou reclamar.

Aos fatos. Primeiramente, tratemos da gripe política, assunto que o nosso governador demonstra conhecer profundamente, até porque foi Ministro da Saúde. Assim como na febre amarela do ano passado, a mídia tenta disseminar uma situação de alarme generalizado no país para desestabilizar o governo federal. Nessa toada, vale lembrar que a doença da moda de 2008 matou oito pessoas por conta de hiperdosagem de vacina sugerida em jornais, TVs, rádios e internet. De verdade sobre a porca enfermidade, temos alguns dados do Ministério da Saúde, e um merece destaque: a piora no quadro médico de pessoas infectadas com a gripe suína e com a comum é semelhante - 14,2% e 17%, respectivamente.

Bom mesmo é se informar por meio de fontes confiáveis e falar com médicos, ao invés de acreditar em jornalistas (muitos deles sem diploma). Caso contrário, você pode pagar micos como o do governador, sair proferindo besteiras e, pior, fazendo bobagens. Ou não é bobagem prorrogar as férias escolares? Trata-se de uma ação meramente eleitoreira, cujo ônus fica para os professores, que terão de trabalhar oito dias por semana para repor aulas. Vejam: eles não estão se recusando a trabalhar agora e foram forçados a ficar em casa por mero capricho de Serra. Mas claro, esses profissionais ganham uma fortuna e podem desperdiçar seus sábados até novembro, sem sequer receber adicionais no ralo ordenado por isso...

Passemos a outra imbecilidade.
O que é essa inspeção veicular? Afora o fato de que os gênios estão vistoriando carros que não poluem, confira minha saga. Paguei a taxa no sábado e segunda-feira entrei no site a fim de agendar minha inspeção. Vi que não havia horário disponível aqui na região e resolvi telefonar ao tal serviço. O atendente, muito do mal-educado, me confirma a indisponibilidade de agendamento até outubro - o prazo vence hoje, dia 31 de julho -, e o que seguiu foi esse diálogo:

- Então quer dizer que vocês me obrigam a fazer essa bobagem e eu ainda não posso escolher o lugar?
- É, senhor. Só temos vagas depois de outubro nos locais (Jaguaré ou Barra Funda) que o senhor escolheu.
- E se eu fizer em outubro?
- O senhor pode ser parado em uma blitz e ser multado.
- E onde tem disponível para sábado?
- Na avenida Aricanduva...
- Ah, ótimo, vou atravessar a cidade.
- Sim, senhor.

Sorria, São Paulo.

30 julho 2009

Outra "crise" e o Demagoguinho


Depois de duas péssimas atuações consecutivas, o olho grande cresce ainda mais sobre nós e a ofensiva dos abutres para tentar nos enfiar outra crise goela abaixo
será imediata. Voltemos a 2008, por exemplo, e lembremos da seqüência de empates na série B e da derrota na Copa do Brasil. Ou então do começo pouco inspirador no Paulistão deste ano - com um time parecido com o que anda entrando em campo, diga-se -, do qual fomos campeões invictos. O Corinthians parecia um Iraque, se visto pelos jornais.

A linha de pensamento deste blogue será exatamente a de evitar que a sensação de desespero tome conta dos corinthianos que passarem por aqui. Não há razão dela existir, porque em julho já éramos os grandes campeões entre os clubes mais tradicionais do país. É preciso entender que acabou um ciclo do elenco, e outro começa agora.
Mesmo detectando que a vacina contra a imprensa deva ser reforçada aqui e ali, o Corinthians retomou seu característico espírito de superação e vem estampando na anticorinthianada um sorriso amarelo a cada nova redenção. Até porque, com o Gordo entrando na faca, nem Gordo ele vai ser mais. Vai faltar pauta...

Como disse o Filipe, a merda poderia ter acontecido antes, caso perdêssemos as duas taças que repousam no Memorial. Felizmente, triunfamos em tudo que disputamos (inclusive nossa molecada) e o clima de velório conseqüente da tragédia do último domingo precisa se esvair a partir de agora. Foco, porque AQUI É CORINTHIANS!


Dito isso, passemos a outro ponto importante, que pode muito bem ser relacionado ao que foi dito na saída de André Santos e Cristian, endeusados pela grande maioria da torcida por conta das juras de amor pós-negociação. O que dizer de Marcelinho, ou melhor, Demagoguinho, na partida de ontem? Você, corinthiano, teria a coragem de fazer um gol no seu time de coração? Você seria capaz de enfiar uma faca pelas costas naquele que você diz amar, isso imediatamente após uma derrota para o rival?

Falem o que quiser, mas não me venham com frases feitas do tipo "o cara é profissional" ou "ele não comemorou". Postura é postura. Falar que a camisa do Corinthians é a segunda pele não dá direito de cuspir no manto; tem que haver procedimento. Marcelinho pode ter sido o jogador que mais ganhou títulos no Corinthians, mas o velho gagá também foi o presidente mais vitorioso e nem por isso eu saio por aí exaltando esse bandido.

Espero que o ocorrido sirva como refresco de memória, trazendo à luz todas as cagadas de um cara que foi capaz de entrar devedor e sair credor do Parque São Jorge, se aproveitando da fragilidade administrativa do clube naqueles tempos nebulosos. Qual corinthiano faria isso? Qual?

29 julho 2009

Dia do Corinthians


Espalhe. Manifeste-se!

Mais em www.diadocorinthians.com.br


Salve, meu amigo Benito


Um dos meus ídolos na infância foi o Biro-Biro. Jogador versátil, raçudo e corinthianíssimo, o meio-campista era a representação máxima do povo, justamente no time do povo. Por conta dessa admiração, todo mundo que se parecia com o Biro-Biro também contava com minha simpatia por automática analogia. Nesse time figura Benito di Paula que, como Biro, ostentava cabelo parafuso, o bigode e uma cara de maloqueiro à época.

No último sábado, surgiu a oportunidade de assisti-lo, pela primeira vez, no SESC Pompéia. Tratava-se de apresentação de tão grande importância que, dias antes, nenhum ingresso havia nas bilheterias. Evinha e eu conseguimos entrar na choperia por volta das 21h40 - tomávamos algumas calderetas no Lapinha -, quando terminava de tocar o grupo Berço do Samba de São Mateus.

O maioral pisou no palco coisa de vinte minutos depois. Portando aquela cara de canastrão que lhe é peculiar, Benito di Paula sentou-se em um pomposo Fritz Dobert preto fosco e metralhou uma bela e improvisada introdução. É um maestro, acima de tudo, o Benito. Regeu seu conjunto como fazia o pessoal das antigas: no gesto de mão e no olhar. Para quem está acostumado a teleprompter e metrônomo, tal comportamento deve ser assustador e intimidador...

Quanto ao repertório, impecável do começo ao fim. Emocionei-me com mais intensidade, no entanto, ao ouvir "Além de Tudo", "Bandeira do Samba" e "Vai Ficar na Saudade", além de "Charlie Brown", em que o verso "se você quiser, vou lhe mostrar/torcida do Flamengo coisa igual não tem" foi substituído por "torcida do Corinthians coisa igual não tem".

Não pode passar batido o compromisso desse cara com a música e com aqueles que o cercam, principalmente os fãs. Benito parava para tirar fotos durante os intervalos entre canções, chamou seu filho para uma canja (mesmo o rapaz não sendo lá muito bom, o troço foi bonito), abriu o palco para que o guitarrista mostrasse seu trabalho, homenageou Tim Maia e, fanfarrão, imitou o rei Roberto Carlos numa performance impagável.

É uma pena este país cultivar a péssima mania de tentar jogar seus gênios para escanteio. Se antes Benito di Paula e Biro-Biro estavam nas cabeças, hoje as crianças crescem idolatrando Kaká e escutando Jonas Brothers. Lamentável sinal de como o mundo vem se estragando.

P.S.: já que estamos exaltando quem merece, hoje faz 15 anos que nosso Antônio Carlos Bernardes Gomes se pirulitouzis. Salve Mussum! Você faz muita falta!

27 julho 2009

Prudente nunca mais!


Finalizando o dia recheado de posts, deixo aqui quatro sugestões de selos para que corinthianos e rivais entrem nessa campanha contra a realização do derby paulista em Presidente Prudente. Que me desculpem os nobres prudentinos e demais moradores dos rincões deste país, mas em respeito ao maior clássico do mundo, fica aqui o protesto: PRUDENTE NÃO! Nada pessoal...

Aceito sugestões para novos modelos. Deixo ao lado das imagens a respectiva tag em html para que vocês coloquem o troço em vossos blogues.

- Modelo Arte Realista, com utilização do quadro "O Caipira picando fumo", de José Ferraz de Almeida Júnior:


Inserir entre <> img src="http://farm3.static.flickr.com/2574/3764456260_2094629722_o.jpg"


- Modelo Chico Bento:


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- Modelo Nhô Morais:


Inserir entre <> img src="http://farm3.static.flickr.com/3458/3763658769_0157f0156d_o.jpg"

- Modelo pantaneiro (juro que ontem passaram duas araras voando sobre o estádio):


Inserir entre <> img src="http://farm3.static.flickr.com/2601/3764456350_51c16430b2_o.jpg"

Carta aberta aos abutres


Em plena ressaca depois da tragédia, ainda sou obrigado a me deparar com carniceiro querendo salvar a pele de diretor mau-caráter. Reproduzo aqui o e-mail enviado a Rodrigo Vessoni, do Lanche!, que tentou passar o pano para nosso vice-presidente de futebol.

"Depende do referencial

Vessoni, com relação ao teu texto "
Corintianos fazem abaixo-assinado para saída de Gobbi", depende do referencial o movimento Resistência 77 ser conhecido ou não. Eu conheço, um monte de corinthiano também. Se você não, procure se informar no blogue http://resistencia777.blogspot.com e com a torcida (aquela que vai aos estádios, inclusive) antes de publicar suas verdades absolutas.

Também depende do referencial afirmar que "diversos corintianos (sic)" estão revoltados com o "de futebol" - o que seria isso que está no seu lide? - Mario Gobbi. No meu, por exemplo, TODOS estão revoltados e querendo a saída imediata deste senhor destemperado e despreparado para o cargo.

Finalmente, criticar ou se calar de maneira subserviente diante de cada bobagem ou arbitrariedade da diretoria do Corinthians também depende do referencial e, principalmente, do compromisso com o leitor. Pelo visto, o Lance! está mais interessado em causar polêmica, inventar crises ou desmanches e tumultuar o ambiente corinthiano, logicamente de olho nas vendas e na audiência do portal às custas da Nação Alvinegra.

Abutres!"

Um domingo (e uma cidade) para esquecer


Acontece, família corinthiana, que a história vem se repetindo desde 2006, ano da última vitória do Corinthians sobre o rival. Foi naquela noite fria de meio da semana que, guerreiramente, Marcelo Mattos meteu um golaço de cabeça para a festa na favela. A partir de então, nosso time passou a não entrar em campo diante da porcada e nunca mais fizemos uma apresentação digna deste duelo.

Se em 2007 e 2008 tínhamos limitações técnicas, nas últimas duas partidas a explicação é outra. Tirando o derby da cidade a que ele pertence, tira-se também o envolvimento que tal peleja requer. Ir até o Mato Grosso do Sul piora ainda mais as coisas, porque aquele fim de mundo é uma vergonha inenarrável. O que esperar de um bando de caipira que fica gritando "uhú" a cada lance, que xinga juiz de "lazarento" e "morfético" e que não tem o menor compromisso, pois sorri de uma desgraça e abandona o estádio antes dos 90 minutos?

O Corinthians perdeu para os verdes porque não jogou nada e eles jogaram tudo, de novo. Erros de escalação, possíveis cagadas de arbitragem (não vi e não vou ver nenhum lance pela TV) e qualquer outra justificativa é mera desculpa de um grupo de atletas que, parece, não entendeu a importância dessa partida. E provavelmente não entendeu porque não permaneu na cidade onde ela deveria acontecer. A corja imunda acertou em cheio na tentativa de desvalorizar o torcedor, dissolvendo e modernizando o Corinthians x palmeiras. Este blogue chapa-branca parabeniza toda a diretoria pela infeliz decisão de abrir mão do fator Pacaembu contra o maior rival por alguns trocados.

Bons tempos em que o clássico era um acontecimento gigantesco nesta capital paulista. Diante dessa lamentável derrota em que só um time se deu conta do que estava sendo disputado, vale reproduzir o conto "Corinthians (2) vs. Palestra (1)", do genial Alcântara Machado, a fim de alentar os corações alvinegros bastante machucados nesta segunda-feira. Mais tarde volto aqui para disponibilizar selos de protesto contra aquele lixo de lugar. Pro inferno com Presidente Prudente!

"
Prrrrii!

- Aí, Heitor!

A bola foi parar na extrema esquerda. Melle desembestou com ela.

A arquibancada pôs-se em pé. Conteve a respiração. Suspirou:

- Aaaah!

Miquelina cravava as unhas no braço gordo da Iolanda. Em torno do trapézio verde a ânsia de vinte mi1 pessoas. De olhos ávidos. De nervos elétricos. De preto. De branco. De azul. De vermelho.

Delírio futebolístico no Parque Antártica.

Camisas verdes e calções negros corriam, pulavam, chocavam-se, embaralhavam-se, caíam, contorcionavam-se, esfalfavam-se, brigavam. Por causa da bola de couro amarelo que não parava, que não parava um minuto, um segundo. Não parava.

- Neco! Neco!

Parecia um louco. Driblou. Escorregou. Driblou. Correu. Parou. Chutou.

- Gooool! Gooool!

Miquelina ficou abobada com o olhar parado. Arquejando. Achando aquilo um desaforo, um absurdo.

Aleguá-guá-guá! Aleguá-guá-guá! Hurra! Hurra! Corinthians!

Palhetas subiram no ar. Com os gritos. Entusiasmos rugiam. Pulavam. Dançavam. E as mãos batendo nas bocas:

- Go-o-o-o-o-o-ol!

Miquelina fechou os olhos de ódio.

- Corinthians! Corinthians!

Tapou os ouvidos.

- Já me estou deixando ficar com raiva!

A exaltação decresceu como um trovão.

- O Rocco é que está garantindo o Palestra. Aí, Rocco! Quebra eles sem dó!

A Iolanda achou graça. Deu risada.

- Você está ficando maluca, Miquelina. Puxa! Que bruta paixão!

Era mesmo. Gostava do Rocco, pronto. Deu o fora no Biagio (o jovem e esperançoso esportista Biagio Panaiocchi, diligente auxiliar da firma desta praça G. Gasparoni & Filhos e denodado meia-direita do S. C. Corinthians Paulista, campeão do Centenário) só por causa dele.

- Juiz ladrão, indecente! Larga o apito. gatuno!

Na Sociedade Beneficente e Recreativa do Bexiga toda a gente sabia de sua história com o Biagio. Só porque ele era freqüentador dos bailes dominicais da Sociedade não pôs mais os pés lá. E passou a torcer para O Palestra. E começou a namorar o Rocco.

- O Palestra não dá pro pulo!

- Fecha essa latrina, seu burro!

Miquelina ergueu-se na ponta dos pés. Ergueu os braços. Ergueu a voz:

- Centra, Matias! Centra, Matias!

Matias centrou. A assistência silenciou. Imparato emendou. A assistência berrou.

- Palestra! Palestra! Aleguá-guá! Palestra Aleguá! Aleguá!

O italianinho sem dentes com um soco furou a palheta Ramenzoni de contentamento. Miquelina nem podia falar. E o menino de ligas saiu de seu lugar. todo ofegante, todo vermelho, todo triunfante, e foi dizer para os primos corinthianos na última fileira da arquibancada:

- Conheceram, seus canjas?

O campo ficou vazio.

- Ó... lh'a gasosa!

Moças comiam amendoim torrado sentadas nas capotas dos automóveis. A sombra avançava no gramado maltratado. Mulatas de vestidos azuis ganham beliscões. E riam. Torcedores discutiam com gestos.

- Ó... lh'a gasosa!

Um aeroplano passeou sobre o campo.

Miquelina mandou pelo irmão um recado ao Rocco.

- Diga pra ele quebrar o Biagio que é o perigo do Corinthians.

Filipino mergulhou na multidão.

Palmas saudaram os jogadores de cabelos molhados.

Prrrrii!

- O Rocco disse pra você ficar sossegada.

Amilcar deu uma cabeçada. A bola foi bater em Tedesco que saiu correndo com ela. E a linha toda avançou.

- Costura, macacada

Mas o juiz marcou um impedimento.

- Vendido! Bandido! Assassino!

Turumbamba na arquibancada. O refle do sargento subiu a escada.

- Não pode! Põe pra fora! Não pode!

Turumbamba na geral. A cavalaria movimentou-se.

Miquelina teve medo. O sargento prendeu o palestrino. Miquelina protestou baixinho:

- Nem torcer a gente pode mais! Nunca vi!

- Quantos minutos ainda?

- Oito.

Biagio alcançou a bola. Aí, Biagio! Foi levando, foi levando. Assim, Biagio! Driblou um. Isso! Fugiu de outro. Isso! Avançava para a vitória. Salame nele, Biagio! Arremeteu. Chute agora! Parou. Disparou. Parou. Aí! Reparou. Hesitou. Biagio Biagio! Calculou. Agora! Preparou-se. Olha o Rocco! É agora. Aí! Olha o Rocco! Caiu.

- CA-VA-LO!

Prrrrii!

- Pênalti!

Miquelina pôs a mão no coração. Depois fechou os olhos. Depois perguntou:

- Quem é que vai bater, Iolanda?

- O Biagio mesmo.

- Desgraçado.

O medo fez silêncio.

Prrrrii!

Pan!

- Go-o-o-o-ol! Corinthians!

- Quantos minutos ainda?

Pri-pri-pri!

- Acabou, Nossa Senhora!

Acabou.

As árvores da geral derrubaram gente.

- Abr'a porteira! Rá! Fech'a porteira! Prá!

O entusiasmo invadiu o campo e levantou o Biagio nos braços.

- Solt'o rojão! Fiu! Rebent'a bomba! Pum! CORINTHIANS!

O ruído dos automóveis festejava a vitória. O campo foi-se esvaziando como um tanque. Miquelina murchou dentro de sua tristeza.

- Que é - que é? É jacaré? Não é!

Miquelina nem sentia os empurrões.

- Que é - que é? É tubarão? Não é!

Miquelina não sentia nada.

- Então que é? CORINTHIANS!

Miquelina não vivia.

Na Avenida Água Branca os bondes formando cordão esperavam campainhando o zé-pereira.

- Aqui, Miquelina.

Os três espremeram-se no banco onde já havia três. E gente no estribo. E gente na coberta. E gente nas plataformas. E gente do lado da entrevia.

A alegria dos vitoriosos demandou a cidade. Berrando, assobiando e cantando. O mulato com a mão no guindaste é quem puxava a ladainha:

- O Palestra levou na testa!

E o pessoal entoava:

- Ora pro nobis!

Ao lado de Miquelina o gordo de lenço no pescoço desabafou:

- Tudo culpa daquela besta do Rocco!

Ouviu, não é Miquelina? Você ouviu?

- Não liga pra esses trouxas, Miquelina.

Como não liga?

- O Palestra levou na testa!

Cretinos.

- Ora pro nobis!

Só a tiro.

- Diga uma cousa, Iolanda. Você vai hoje na Sociedade?

- Vou com o meu irmão.

- Então passa por casa que eu também vou.

- Não!

- Que bruta admiração! Por que não?

- E o Biagio?

- Não é de sua conta.

Os pingentes mexiam com as moças de braço dado nas calçadas."

24 julho 2009

Parecia há 20 anos


Há muito não se tinha um jogo de meio de tabela tão parecido com aqueles da época em que comecei a me viciar nas arquibancadas do Pacaembu. Com a volta da bateria dos Gaviões, o povo resolveu matar a saudade e cantou como se deve cantar sempre. Se faltaram as maravilhosas bandeiras tremulando, sobrou voz. Com a zaga ainda desfalcada de Alessandro e Willian, o Corinthians venceu de novo pelo excelente placar de 2 a 1.

Da partida desta quinta-feira, destaca-se o golaço de Dentinho. Esse moleque vale ouro e só precisaria manter sua disposição durante os 90 minutos. Citemos também Douglas, cujo passe para o segundo gol serviu de cartão de visitas aos novos patrões árabes (sim, ele também deve ir embora). Finalmente, comeu a bola o tal de Jucilei, hein? Comandante do meio campo, ele marcou, correu por Elias - que ontem resolveu ser meia-atacante -, deu passes e armou contra-ataques. É possível vislumbrar um futuro vitorioso do cara no alvinegro.

E esse blogue chapa-branca - ou esquizofrênico, já que pede a saída do presidente e a dissolução do conselho - não iria se furtar de fazer comentários sobre o protesto contra às negociações de jogadores. Antes, porém, é preciso lembrar que tivemos três aumentos de preços
nos ingressos de arquibancada em menos de um ano. O máximo que vi foi a manifestação de uma meia dúzia de descontentes que precisavam alinhar seu discurso à prática. Ao mesmo tempo, fizemos neste 2009 uma campanha vitoriosa que, naturalmente, teve como ônus o olho grande de clubes do exterior sobre nosso elenco. Vendemos dois atletas que, há um ano, não valiam tostão furado, mas agora renderam R$13 milhões. E é desmanche. Fosse no bambi, seria planejamento e modelo de gestão. É sempre bom dizer, ainda, nunca receberei presidente algum do Corinthians na minha casa, por puro conflito de interesses e por ideologia...

Parando com a acidez e voltando à bola, domingão acontece o jogo mais importante do ano. Temos que entrar em campo com sangue nos óio para tirarmos a última zica que falta. É extremamente necessária a vitória contra o rival, até porque ela significaria a possibilidade de assumir a segunda posição na tabela, caso haja uma combinação de resultados totalmente viável. O corinthiano merece essa redenção, mesmo que ela aconteça naquela terra desgraçada que a diretoria imbecil adora.

Concentração total, família alvinegra. À Prudente, chutar a bunda de vaca e gritar pelo Coringão!

23 julho 2009

Choque de ordem


O Carnaval, basicamente, é o período do ano para funcionarmos sem regras. Isso não significa sair matando ou roubando os outros, mas nesses cinco dias nos desprendemos totalmente das barreiras que a convivência social impõe. A espontaneidade é a única lei e possibilita, por exemplo, o nascimento de um bloco de rua a partir de um butiquim lotado de bêbados que, armados de pratos, colheres e bacias, começam a cantar marchinhas e sambas memoráveis.

Quem nasceu ou vive em São Paulo chega a estranhar tal comportamento, mas no Rio de Janeiro isso é totalmente plausível. O carioca tem o Carnaval embutido em seu caráter, ao contrário do paulistano, um insistente cumpridor
do horário do batente em plena sexta-feira pré-folia. Por conta dessa peculiaridade tão salutar, centenas de blocos e milhões de pessoas invadem a Cidade Maravilhosa antes, durante e depois da farra momesca.

"Centenas de blocos, milhões de pessoas", pensam os porcos capitalistas, "é faturamento alto". E aí começam a inventar um monte de artimanhas para tornar mais moderno, mais engenhoso e mais civilizado um acontecimento que deveria sofrer o mínimo de intervenção institucional, seja ela privada ou pública. Só que a canalha prefeitura do Rio resolveu entrar na onda e regulamentou do Carnaval de rua a partir de 2010. Oficializou o pensamento europeizado de uma corja no decreto municipal de nº 30659, publicado em 8 de maio último. Veja o que determinam alguns artigos:

Art. 2º As autorizações para a realização dos desfiles de blocos, bandas e ensaios de escolas de samba competem à SETUR/RIOTUR, condicionadas ao parecer da CET RIO e ao Nada a Opor das Coordenadorias das Áreas de Planejamento (Subprefeituras).

Art. 4º Em caso de necessidade de reforço de pessoal para a orientação e controle do trânsito, caberá ao organizador a complementação desta equipe, sob a orientação da CET RIO.

Art. 5º Havendo necessidade de colocação de faixas indicativas sobre interdições de logradouros, visando à orientação dos moradores, as mesmas serão de responsabilidade do organizador, sob a orientação da CET RIO.

Art. 7º Os representantes das bandas e blocos carnavalescos deverão entrar com os pedidos de autorização na SETUR/RIOTUR até o dia 30 de agosto do ano anterior à realização do desfile (...)

Art. 15 O não cumprimento das normas por parte das bandas e blocos carnavalescos implicará no indeferimento do pedido para o carnaval do ano subsequente.

Alguns comentários. Você ser autorizado ou não a fazer Carnaval é o fim da picada. A ação prejudica a massa de foliões e só favorece aquela meia dúzia de gente mau-humorada e cinzenta que insiste em levar sua vidinha cotidiana no período da folia. Fora isso, o prefeito Eduardo Paes, aquele que sugeriu uma "surra" no Presidente da República, repassa responsabilidades suas aos (financeiramente) combalidos blocos. Pior ainda, não prevê no decreto nenhum investimento na infraestrutura de um evento cuja rentabilidade aos cofres da administração municipal é significativa.

Estou curioso para ver o que vai acontecer caso os blocos mais tradicionais (como o Bola Preta e o Cordão do Boitatá) não cumpram a determinação e passem a ser enquadrados no artigo 15. Apelo aos amigos com muito mais conhecimento no riscado - como o Szegeri, o Favela, o povo todo lá do Rio, FH Borgonovi e Júlio Vellozo - para que deixem suas considerações acerca dessa aberração.

22 julho 2009

A tal modernidade


Elaborar listas é sempre um risco, já que elas se baseiam em achismos. Uma verdade para alguém é uma bobagem para outro, e a polêmica talvez seja o único destaque nesses troços. Socialmente, no entanto, as listas podem retratar o senso comum. Vejamos o exemplo da relação (em inglês) de "100 coisas que seus filhos não irão conhecer", feita pela badalada revista norte-americana Wired. Separei alguns itens que merecerão comentários um tanto quanto desabonadores. Tudo porque representam o que há de pior naquilo que se convencionou chamar de modernidade.

Item 1 - Inserir uma fita VHS em um vídeocassete para assistir a um filme ou gravar alguma coisa.
Alguém aqui tem aqueles caríssimos gravadores de DVD ou HD no receptor da TV por assinatura? Alguém aqui já achou os filmes "Trânsito Muito Louco", "Bar Esperança" ou "O Último Americano Virgem" em DVD? Então...

Item 9 - Discos em vinil: hoje em dia até mesmo os DJs estão usando laptop ou CD.
Nesta semana, a Polysom, única fábrica de vinil da América Latina e localizada no Rio de Janeiro, será reativada e conseguirá produzir 40 mil discos por mês. No mais, pergunte a qualquer apreciador de música o que ele prefere: o descartável CD ou o duradouro bolachão?

Item 13 - Sintonizar o rádio e escutar a estática entre as estações do dial.
Sério, em que mundo esses norte-americanos vivem? Ou pelo menos, os leitores dessa revista? Vejam quanta dignidade há nessa foto para saber que o ruído do rádio é tão essencial à vida quanto o barulho do mar.

Item 20 - O ruído de uma impressora matricial.
Esses caras não conhecem 80% dos escritórios brasileiros.

Item 28 - Mensurar em quilobites.
Esses caras não conhecem a Telefónica e a Net Virtua.

Item 35 - Fazer gravações em um estúdio.
Se sua banda tiver o mínimo de qualidade e não for o Cansei de Ser Sexy, Mallu Magalhães ou lixos semelhantes, é recomendável juntar uma grana e fazer um trabalho recente num estúdio sim...

Item 37 - Buscar informações em uma enciclopédia.
A meus sobrinhos e afilhados (estou cada vez mais decidido a não ter filhos), juro que deixarei no meu testamento uma coleção Barsa a todos. Respeitem os livros!

Item 41 - Listas telefônicas e Páginas Amarelas.
E o que vamos ler quando estivermos no banheiro?

Item 51 - O fato de que as palavras geralmente não possuem núm3r0s em sua grafia.
Caso veja alguma criança escrevendo em miguxês, é favor aplicar corretivo, se possível físico e/ou humilhante. Já basta a Reforma Ortográfica.

Item 57 - Máquinas de escrever.
Vá a qualquer prédio da Polícia Federal e olhe para a calçada oposta da entrada.

Item 61 - Rádio-amador.
A PM irá se comunicar no grito. Com a gente, pelo menos, já é assim.

Item 93 - Olhar pela janela do automóvel durante uma longa viagem.
Essa é a mais absurda. Qualquer viagem fica menos monótona só por causa da janela. Dá para procurar lugares possíveis para jogar um barrinho, vislumbrar um buteco à beira do caminho para ficar tomando uma gelada o dia inteiro, cumprimentar as pessoas pelo caminho e imaginar a história de suas vidas...

Para divulgação geral e irrestrita


Este espaço, ao lado do AnarCorinthians e dos blogues rivais Cruz de Savóia, Forza Palestra e Forza Palestra!, realizamos desde 2008 a reedição do Jogo das Barricas. Isso nos rende a tacha de idiotas, primatas, radicais, intolerantes e invencionistas, até mesmo por gente que diz estar do lado de cá da trincheira. Alardeiam que a infeliz partida, datada do ano de 1938, na verdade não existiu - e isso é uma mentira, como será visto mais à frente.

Ao contrário da arrecadação de esmola para o clube leonor - como fizeram o governo do Estado, a ditadura militar e a imprensa suja -, nossa intenção foi promover uma reparação histórica. Ambas as edições tiveram o escárnio como pano de fundo e serviram para mostrar que, apesar da rivalidade doentia entre corinthianos e porcada, não é preciso setor família nos estádios para a convivência respeitosa das torcidas.

Calando a boca de quem ainda não se convenceu de nossa seriedade, seguem abaixo algumas imagens recebidas e reproduzidas pelo Seo Cruz, o homem do furo. Provas cabais não só da trágica iniciativa de Corinthians e palmeiras em ajudar os leonores, mas também da existência do time oficial da imprensa. Atentem aos destaques em amarelo e, caso não consigam ler, acessem o post no Cruz de Savóia para entender, de uma vez por todas, o que é o derby paulista e por que é uma imbecilidade ele acontecer naquela terra esquecida por Deus chamada Presidente Prudente.




21 julho 2009

Refrescando a memória


Assistir a jogos do Corinthians em 2004 era tarefa das mais difíceis. Naquele ano, incorporamos como nunca o sofrimento que historicamente nos caracterizou e nos fez sempre fortes. Os indícios de terra devastada no Parque São Jorge já eram explícitos
, mas a ditadura do velho gagá continuava firme e forte. Nas arquibancadas, juntávamos 10 a 15 mil todo jogo. Eram os guerreiros de sempre, torcedores cada vez mais desvalorizados no futebol por dirigentes que cobram uma fortuna pelos ingressos populares.

Salvamo-nos no BR-04 contando com uma equipe de qualidade média
- terminamos a 5 pontos da quarta colocação, ocupada pelo rival. Goleada era 1x0 e, quando um gol adversário aparecia, o empate nem era tão ruim. No fim do ano, chegou o MSI e toda aquela tragédia anunciada que, mesmo assim, foi apoiada por grande parte da torcida e pela abutraiada. Ganhamos 2005 com um time cheio de estrelas e, no ano seguinte, após eliminação na Libertadores, o desmanche aconteceu. O tal "ídolo" argentino agiu como um covarde e o desespero tomou conta de quem, sumido nos tempos difíceis, comprou até camisa do Boca Juniors para demonstrar seu amor (???) ao Todo-Poderoso.

Depois da tragédia de 2 de dezembro de 2007, a ressureição em 2008 deu origem a uma onda de festerê e oba-oba incompatível. As coisas ficaram ainda mais drásticas a partir da contratação do Gordo e das belíssimas conquistas em 2009. Muito torcedor, hoje e como há 4 anos, se acostumou mal e mergulhou num processo de distanciamento da essência do corinthianismo, adotando posturas que só interessam a carniceiros.

Agora, as saídas de Cristian e André Santos fazem pipocar inúmeras preocupações, até mesmo com o Centenário. A
s negociações, porém, não sinalizam falta de planejamento e tampouco surpreenderam. O problema, essencialmente, é a diretoria não ser corinthiana. Tudo que vem dela parte de tal pressuposto e nos resta o nobre papel de criticá-la e até mesmo derrubá-la. Falta de planejamento para o Centenário é, por exemplo, não atualizar nosso Memorial...

Fato é que jogadores saem e jogadores chegam. Eu parei de gritar o nome dessa gente quando Ronaldo, meu último ídolo, saiu do Timão em 1997. Eu grito Corinthians, eu amo o Corinthians e me interessam aqueles que estão no Corinthians defendendo tudo aquilo que acredito. Se ganhamos títulos com Cristian e André (e eu já os agradeci por isso), também levantamos taças com Ezequiel, Jacenir, Guinei e Gilmar Fubá, só para ficar nos mais recentes. Atletas sem muita técnica, mas que se banharam de Corinthians e se superaram, muito por conta do que viram do lado de cá do alambrado.

O mundo da bola está contaminado pelas negociatas oriundas da mercantilização excessiva e os atletas também são responsáveis por isso. O Corinthians, por outro lado, tem valor incalculável. O Corinthians fica para sempre. Acorda, Fiel!

20 julho 2009

O Corinthians fica


Fiel, sem desespero. Quem não contava com as vendas de Cristian e André Santos provavelmente estava fora de órbita. Este curto texto é só para ressaltar que, finalmente, a saída de jogadores importantes ao elenco corinthiano se deu de maneira pacífica e civilizada, ainda que a negociação tenha sido feita pela mesma corja de outrora. Vai ver aprenderam a não ficar dando tiro no pé.

Somos gratos aos dois atletas, que representaram e honraram o manto alvinegro enquanto estiveram no Parque São Jorge. Principalmente Cristian, por conta daquele gol e daquela comemoração. Mas bola para frente, e
que a (pouca) grana não seja desviada para bolso alheio...

O Corinthians fica, eternamente. Precisamos continuar focados para não cair nas armadilhas carniceiras. Aposto e ganho que amanhã teremos um "Desmanche!" estampando a capa de certo jornal esportivo.

No mais, É DOMINGÃO! VAI, CORINTHIANS!

Perigo na web


A nova ordem comunicacional instituída na internet deve sempre ser louvada, pois qualquer texto navegando pela rede pode adquirir um significado muito maior quando enriquecido de comentários dos visitantes, e até mesmo ter sua essência totalmente invertida. Essa subversão da relação emissor/receptor no processo comunicacional, na qual contamos com inúmeros formadores de opinião, é o maior capital que a informação livre da web consegue contabilizar.

Porém, em todo balanço há créditos e débitos, e a paga dessa abertura à participação democrática é o aparecimento de alguns mal-intencionados que buscam desconstruir qualquer debate pelo simples prazer de polemizar. Os famosos trolls, que geralmente se sustentam covardemente atrás do anonimato ou da falsidade ideológica informal, são o pesadelo de qualquer blogueiro cuja página tenha uma audiência significativa. A estratégia é simplista e manjada, mas funciona bem: eles tiram uma frase do contexto, sugerem uma ofensa pessoal nas entrelinhas e aguardam a réplica furiosa para, assim, desvalorizar o discurso.


Até pouco tempo atrás, bastava ignorar esses seres nocivos. O problema agora é que os trolls andam se valendo do trabalho de advogados sem nenhuma seriedade que, por meio de uma enxurrada de processos judiciais, conseguiram certa jurisprudência para responsabilizar donos de blogues por comentários ofensivos de terceiros.


Quem levantou essa bola
na semana passada foi o Seo Cruz, e a tal brecha apareceu, acredito eu, depois de uma decisão da Justiça do Rio Grande do Sul, já em segunda instância. O jornal O Pioneiro, de Caxias do Sul, foi condenado a indenizar um juiz supostamente ofendido num comentário de leitor. Ora, seria como forçar o Estado a assinar a capivara de assassinatos e assaltos por não oferecer condições mínimas de sobrevivência aos cidadãos. Ou então um jogador processar seu próprio clube porque foi xingado pelos torcedores, depois de uma péssima apresentação em campo.

Tais precedentes na Justiça ameaçam muito mais a liberdade de expressão que, por exemplo, a exigência ou não do diploma para o exercício do jornalismo. Mesmo diante dessa constatação, vemos uma submissão silenciosa, geral e irrestrita diante da arbitrariedade. É a sociedade domesticada pelo ímpeto proibitório que, se hoje tira o teu cigarro da boca e proíbe tua cerveja com pernil no estádio, amanhã vai censurar tua página pessoal ou teu perfil no Orkut, e depois sabe-se lá mais o quê.

19 julho 2009

O Coringão está chegando


O ótimo placar de 2x1 se fez presente hoje no Mineirão - uma prova de como é desnecessário possuir estádio particular - e a favor do Corinthians. Jogamos de maneira inteligente e, apesar de perder uma infinidade de gols, recuperamos aqueles 3 pontos da primeira rodada, quando entrou em Templo Sagrado o time reserva contra os que choram demais. Ao contrário das últimas apresentações, a postura não foi de receio. E o Gordo, novamente, mostrou que uma pança não pára o talento, mesmo tendo desperdiçado um pênalti.

O espantoso é o que ando escutando por aí, e surpreende que essas palavras venham de gente cujo foco só pode estar meio distorcido. Há uma leva de neuróticos (como diria Obelix, "esses romanos são todos uns neuróticos") denunciando um esquema entre apito, rede Globo e CBF para nos favorecer. Basta assistir a qualquer jogo do Coringão desde 2006 e constatar que estamos pagando pela canalhice de um sujo, servindo de bode espiatório a um esquema que jamais visou nos beneficiar. Como esquecer da situação Virgílio Pênalti em 2007, ou do título tungado da Copa do Brasil em 2008? Onde esteve hoje o favorecimento ao alvinegro?

Lembro os romanos neuróticos que, na última quarta-feira, a final da Libertadores foi trocada por um Flamengo x palmeiras. Postura semelhante havia sido brutamente combatida pelos lados rivais há algumas semanas, quando a semifinal do mesmo campeonato sul-americano acabou preterida pela emissora carioca. Já pararam para pensar quem é o banco patrocinador da Globo e, em contraposição, quem leva o nome na Libertadores? Revelador, não?

Afora esses pormenores, que só podem ser fruto de desespero ou inveja, entramos na briga por mais um campeonato. Há no meio da semana o aquecimento para o jogo mais importante do ano (porque aqui se valoriza o rival e a importância de um derby paulista) e a vitória naquela terra esquecida por Deus será mais um elemento de consolidação no lugar de onde nunca deveríamos ter saído. O trunfo sobre os verdes, hoje, é a taça a ser cobiçada.

17 julho 2009

Pingados da sexta


- Para que complicar, Corinthians? Jogo na mão e a zaga me apronta uma dessas? A sorte é que aquela bola do craque Moradei entrou. Aliás, eu defendo esse menino desde 2007, e talvez ele tenha sido o mais injustiçado naquele amontoado de perna-de-pau. E para quem não se lembra, no ano passado, jogando pelo Bragantino e vendo que o Timão não desempenhava bom futebol, o corinthiano Moradei resolveu levar um cartão vermelho para ajudar a gente. Mesmo longe do Parque São Jorge, o rapaz defendeu o alvinegro. De minha parte, preciso rever esse critério de vale-puta pro Gordo, porque senão irei à falência. Por fim, Mano Menezes deveria dar umas porradas em certos jogadores, haja vista a apatia e empáfia de alguns quando conseguimos uma boa vantagem no placar.

- Esses 8 gols em três jogos foram o suficiente para a abutraiada decretar a crise no Corinthians. Enquanto isso, tudo azul no Jd. Leonor...

- Ainda sobre o Corinthians, estava lendo a relação de Conselheiros Vitalícios do clube. Confira alguns nomes sombrios e entenda por que eu sempre falo que tem que dissolver e extinguir essa merda:

Antoine Gebran
Antonio Roque Citadini
Carla Dualib S. Serra
Carlos Nujud Nakhoul
Celso Luiz Limongi
Damião Garcia
Edson Médici Dualib
Edson Real Dualib
Eduardo Nesi Curi
Fábio Nesi Curi
Fernando Capez
Flávio Adauto
Luiz Antonio Fleury Filho
Miriam Athie
Wadih Helu

Destaco os nomes em negrito para perguntar o que essas criaturas, principalmente o Capez, já fizeram pelo Corinthians?

- Há algum curso de maus-tratos a professores na formação partidária do PSDB? Depois de Mário Covas ter batido em algumas senhoras e José Serra ter mandado o Choque apavorar o pessoal na USP, a dona Yeda Crusius seguiu a linha. Ou perdeu, como podemos ver aqui.

- E por falar em histeria, finalizo o post de sexta com essa magnífica produção de Edu Goldenberg, que em seu Buteco publica com exclusividade o registro em vídeo de uma reunião da Executiva Nacional do PSOL. Brilhante!

16 julho 2009

A bunda-molice


O último Hora da Patrulha falava sobre a inútil obra de ampliação da Marginal Tietê que não irá trazer benefício algum ao caótico trânsito paulistano e devasta a área verde da via. Mas é preciso dizer também que, além da desvalorização do transporte coletivo pelos governantes, os congestionamentos têm ainda outra origem. Há uma enorme quantidade de barbeiros pelas ruas, uma legião de bunda-moles que não sei como conseguem carteira de motorista e saem por aí fazendo barbaridades.

Já havia mencionado alguns desses pés-de-breque quando tratei da guerra santa no tráfego urbano. Além dos peixinhos e da santinha, podemos citar outros nichos de desgraçados que contribuem de maneira eficaz para atrapalhar a fluidez no trânsito. Os taxistas, por exemplo. Por faturarem com o tempo de corrida, esses desgraçados acham que podem andar belos e felizes na faixa da esquerda a 40 km/h. E não há Cristo que os faça sair de lá, os donos do pedaço.

Temos ainda as madames. Geralmente, essas vacas possuem veículos gigantescos, já que precisam de espaço para levar os filhos no clube, os cães no veterinário e o amante na academia, além de carregar as compras da Oscar Freire ou do Iguatemi. Folgadas como um quê, essas senhoras nunca foram apresentadas ao espelho retrovisor e, portanto, acham que eles não devem ser usados. Pior, acreditam que o simples ato de acionar a indicação da seta dá livre passagem e preferencial. E tente buzinar para elas para alertar sobre a cagada. Você será presenteado com o dedo médio em riste - se bem que, certa feita, em plena avenida Paulista, uma moçoila se portou dessa maneira e viu dois marmanjos mostrando a benga como retribuição (mais sobre isso eu não digo).

Agora vem a polêmica. Respeito muito os velhos e são eles os responsáveis por moldar o caráter das novas gerações. Mas não é possível aceitar que idosos ainda tenham permissão para dirigir. É uma questão física até, já que eles perdem muito do reflexo, da visão e da audição com o passar dos anos. Defendo, inclusive, que se estabeleça um limite máximo de idade para a emissão de CNH, assim como há o limite mínimo de 18 anos. Outro dia estava ali pela Consolação quando uma perua enorme atrapalhava duas das três faixas da avenida. Obviamente, meti meio corpo para fora da janela e, ao proferir impropérios contra a cabeça branca ao volante, dou de cara com ninguém menos que Glória Menezes, acompanhada do Tarcisão. Se nem Glória Menezes consegue mais se portar dignamente num automóvel, qual ancião conseguirá?

Era esse o meu desabafo e ele explica peculiaridades como a pista expressa das marginais ficar parada, mesmo não existindo semáforos. Ou então a Rodovia Imigrantes, uma imensa reta que liga a capital ao litoral, simplesmente travar nos feriados e finais de semana. Genialidades da bunda-molice.

15 julho 2009

Febre Alvinegra


Corinthians 1 x 0 Flamengo - 03/10/1993
Pacaembu - São Paulo

Depois inúmeras idas ao Pacaembu no primeiro semestre, fui sumariamente proibido pelos meus pais de ver o Corinthians. Não por medo de brigas ou por causa de gastos excessivos - o ingresso ainda tinha preços populares em 93 -, mas porque eu havia tirado notas baixíssimas na escola. Estava na sexta série, achava aquilo tudo um saco, gostava só de História e Português e queria mesmo era jogar bola e video-game e ver meu time no Templo Sagrado. Foram longos e tristes meses de negociações, que incluíram minha submissão a aulas de recuperação, até voltar a freqüentar o cimento das arquibancadas, numa chuvosa tarde de domingo.

O Bôia não esteve nesse jogo. Não me lembro o motivo, mas dessa feita fomos eu, meu outro primo Jaga, meu meio-irmão Migué e um ex-cunhado do Jaga, cujo nome eu não me lembro mas tinha o apelido de Tichan (lê-se tí-xan, uma analogia, talvez, ao "tchans" do Tião Macalé). Sem Bôia e seu Pointer, embarcamos na Brasília creme do Tichan e partimos logo depois do almoço. O tempo estava meio fechado, com nuvens carregadas e ameaçando um temporal que de fato caiu durante toda a hora que antecipou a partida e parou assim que o juiz assoprou o apito.

O Coringão, que havia perdido a final do Paulistão para o rival, embalava no Brasileirão por conta das boas atuações de Rivaldo e Válber, protagonistas do famoso carrossel caipira do Mogi-Mirim. No banco de reservas estava Mário Sérgio, cuja única jogada preparada era a bicuda de Ronaldo a partir da grande área e um pega-pra-capar dali em diante. Mesmo nessa toada, perdemos apenas um jogo no campeonato inteiro, justamente o que não podíamos, mas sobre esse assunto falaremos em outro post. O grande acontecimento da ocasião foi o reencontro de Casagrande com a Fiel Torcida, e duvido que alguém não tenha saído de casa pensando nisso. O problema é que nosso centroavante estava vestindo a camisa adversária...

Por conta disso, Casão esperava escutar vaias e os piores xingamentos, sabedor de como a Nação sempre responde quando se considera enganada ou desdenhada. Toda sua preparação psicológica nos vestiários fora baseada nisso. Só que Casagrande esqueceu, talvez por conta de sua longa estada na Europa e também por respeito, que a torcida sabe reconhecer instintivamente qualquer traço de corinthianismo. Qual não foi a surpresa do atacante ao entrar em campo e ser ovacionado por um Pacaembu abarrotado de gente com o grito "Volta Casão, seu lugar é no Timão"? Troço inesquecível, que me arrepia e me enche os olhos de lágrimas até hoje.

Jogamos muito nesse 03 de outubro, mas a bola não entrava. Vínhamos com Ronaldo, Luís Carlos Winck, Henrique, Marcelo, Leandro Silva, Ezequiel, Zé da Fiel, Simão, Válber, Rivaldo e Viola, esquadrão que não conseguia furar a retranca flamenguista e vazar a meta de um inspirado Gilmar. Depois de tanto insistir, veio a recompensa no segundo tempo. Válber cobrou uma falta na lateral esquerda e Rivaldo desviou de cabeça. Quando nos preparávamos para lamentar mais um gol perdido, o destino deu as caras: o próprio Casagrande tratou de colocar a redonda no barbante, detalhe que alguns corinthianos como eu tiveram o prazer de ver ali mesmo das arquibancadas, pois estávamos alinhados à marca do pênalti do gol do Tobogã.

Tivesse sido mais explícita, essa pitada de ironia na corinthianíssima vitória mereceria comemoração semelhante às que acontecem na conquista de um título.
Sem levar em conta que é praxe a Fiel ganhar o jogo para o Corinthians nessas corinthianíssimas vitórias, foi obra dos Deuses da Bola Casão ter dado, voluntária ou involuntariamente, o toque final na gorduchinha antes dela balançar as redes, justo no dia em que recebeu uma das mais belas homenagens já vistas no futebol brasileiro.

*P.S.: reitero o convite e deixo meu e-mail (cramone99@gmail.com) para aqueles que quiserem ter aqui sua história publicada, assim como convoco os blogueiros alvinegros que quiserem colaborar com a série de memórias.

14 julho 2009

O Rei desnudo


Infelizmente, perdi o show de Roberto Carlos no Maracanã. Por não ter a possibilidade de comparecer ao Maior do Mundo, resolvi desapegar e nem sabia que a Globo iria passar a apresentação, logicamente com aquele delay mandrake e os cortes de sempre. Fiquei sabendo via imprensa - que, diga-se de passagem, preferiu destacar que VIPs resolveram não tomar chuva - do momento de maior emoção do espetáculo. Para muitos, mais uma repetição da cena que há tempos é praxe nos Especiais Roberto Carlos de fim de ano. Para aqueles que têm alma e coração, tratou-se de uma cena histórica.

Roberto, cantando "Amigo", é interrompido por ele, e só ele: Erasmo Carlos, o Tremendão. Parceiros na composição de 50% dos clássicos do cancioneiro brasileiro, a dupla Roberto e Erasmo embalou apaixonados, jovem-guardistas, senhores e senhoras, madames, moleques e idosos. Por tudo isso, Erasmo é a pessoa mais indicada para dizer o que disse frente à multidão que tomou conta do Maraca.

O Pedro Alexandre Sanches descreveu com precisão. Roberto, de forma pouco usual, deixou-se entregar às lagrimas. Talvez tenha se lembrado, num instante, de todo esse meio século de estrada e da participação efetiva e afetiva de Erasmo no troço. Eu vou além, repetindo o que certa vez já disse nos comentários do blogue do próprio Pedro. Erasmo Carlos é uma espécie de elo entre nós, meros mortais, e a divindade real. Da mesma maneira, ele é quem leva a Roberto nossa realidade, porque ninguém é Rei sem ter súditos.

Erasmo foi nosso porta-voz, centralizando ali naquele discurso toda a representatividade das canções de Roberto/Erasmo para o mundo. O baque, porém, foi forte e inesperado, e Robertão ficou nu diante de seu público. O que só prova ainda mais que Roberto Carlos é o maioral.

Aqueles que, como eu, não assistiram ao show, confira abaixo a referida cena. Trata-se de um canalha o sujeito que não se emocionar com isso.


13 julho 2009

Hora da Patrulha


Dentre as bobagens que as administrações paulista e paulistana andam fazendo na cidade de São Paulo, é imprescindível não deixar passar batido a reforma da Marginal Tietê. Já havíamos tratado do assunto nesta seção, citando o blogue Apocalipse Motorizado. Por lá, é denunciada à exaustão a
devastação ecológica oriunda de mais uma brilhante realização demo-tucana, tendo como contraponto o deslocamento urbano por meio de bicicletas. Longe de mim querer sair pedalando por aí ou defender a causa - até porque só no meu bairro é só ladeira -, mas o fato é que uma coisa puxou a outra, as explicações do poder público são risíveis e os arautos da moralidade e dos bons costumes, tão preocupados tempos atrás com a transposição do Rio São Francisco, hoje nada falam.

O Seo Cruz linkou o
PHA na semana passada, referenciando um vídeo esclarecedor sobre a ampliação de faixas na Marginal. Como é costume de muita gente falar bobagens sem ler ou prestar atenção no que é postado pelos blogues, descreverei o dito filme de maneira breve e didática. A Prefeitura e o Governo do Estado estão cortando árvores das margens do Tietê para a construção de novas pistas que não vão melhorar o trânsito. Como conseqüência, além de eliminar a já escassa área verde de São Paulo, a obra irá agravar o problema do superaquecimento urbano e desfigurar o ecossistema varzeano.

Elimando qualquer burburinho e, ao mesmo tempo, fazendo escada para os aliados da mentira que atende pelo nome de Partido Verde, Kassab e Serra têm a cara-de-pau de colocar faixas informativas nas pontes, avisando que as árvores arrancadas da Marginal serão repostas no Parque Ecológico. Como se o troço funcionasse assim... Seria o mesmo que devastar a Amazônia e anunciar o replantio no sertão nordestino.

É dever cívico assistir ao vídeo, novamente linkado aqui, para que se entenda o porquê da ineficácia de uma medida que se alia à imbecilidade da proibição dos ônibus fretados e o sucateamento do transporte público. A ideologia reinante é supervalorizar a locomoção por automóveis, favorecendo montadoras (patrocinadoras de campanha, diga-se) em detrimento da saúde da população e do desenvolvimento sustentável.

Diante de toda essa presepada, penso na subprefeita da Lapa, aquela senhorinha simpática e jovial que vive a pintar escolas. Lembro do arranca-rabo dela com o Maluf durante a última campanha eleitoral, depois que o folclórico pepista sugeriu asfaltar o Tietê. Subindo nas tamancas para desancar o concorrente, a mocinha citou todas as conseqüências ecologicamente incorretas de uma obra nesses termos. O que será que ela teria a dizer agora? Ou será que ela, agora, não sabe de nada?

Sorria, São Paulo.

12 julho 2009

Só constatações...


O badalado técnico deveria saber que o Jean não pode vestir a camisa do Corinthians. Que a zaga titular é o pilar de sustentação para toda a equipe e todas as derrotas que tivemos nos últimos meses foi quando ela não esteve presente. Portanto, é preciso armar a equipe de um jeito totalmente diferente. Aliás, voltando ao jogo de quarta passada, não é possível abrir vantagem de 2 gols como contra o Florminense e segurar o time. Aqui é Corinthians e tem que ir para cima do adversário sempre.

Por conta disso, a diretoria não pode deixar o time sem banco. Diego quando entra, resolve, mas e se ele não estiver em condições de jogo? Ao invés de marcar derby para Presidente Prudente e ficar fazendo reuniãozinha com filho da puta, é bom começar a trabalhar.

Finalmente, se esse bando de zica quer infestar o estádio como em 2005, é bom avisar que, ao contrário da bunda no sofá, é obrigação apoiar e cantar os 90 minutos. A festa dura até a hora em que o juiz apita, porque com bola rolando é guerra.

Parece que, com tudo que passamos, a grande maioria dos corinthianos ainda não aprendeu nada...

08 julho 2009

Alô, 5ª série...


Confesso me sentir um tanto quanto reprimido quando conto piadas ou preparo ciladas com humor infame. As pessoas ficam putas porque não acham graça e geralmente julgam ter um humor refinado. Ou, vai ver, eu é que sou meio imbecil por rachar o bico com coisas como as que vêm a seguir.

A melhor (ou pior) de todas é aquela que todo moleque aprende na rua, quando está sem fazer nada. Você pára - este blogue caga e anda para a reforma ortográfica - ao lado do teu amigo, meio que prestando atenção naquele papo filosófico que ele tenta desenvolver, e espera uma pausa no monólogo. Assim que aparecer a brecha, você repousa uma mão sobre os ombros do sujeito e diz, com uma cara séria: "Isso é igual aquela história do viado que deixava pôr a mão no ombro".

Outra muito fantástica você pode aplicar via MSN. Chame teu amigo e imprima um ar de apreensão, inclusive usando termos dramáticos. Solte essa: "Cara, me falaram mas eu não acreditei. É verdade que ontem à noite você estava com a louca?". É quase garantido que o gaiato vai retrucar "que louca?" para você. A emenda é a instantânea "A louca vontade de dar a bunda".

Ainda no MSN, há uma outra possibilidade que pode ser testada com o colega de escritório que se acha o gozador. Pergunte se o aspirante a Ary Toledo sabe o melhor jeito de encher o saco daquele pobre coitado (sempre há um otário disponível) que todo mundo gosta de tirar um sarro. Aqui, há o risco da conversa desvirtuar e a piada não funcionar, mas se a resposta do piadista for "não", replique: "pegue o pinto dele com a boca e assopre até o troço inflar".

Na mesma linha, me cago de rir ao ler que:

- o carro que avisa que vai chover é o Celta Preto
- o bebê de proveta é humilde porque nunca foi metido
- para transformar um giz numa cobra é só colocá-lo na água, pois gizbóia
- o Batman conheceu o Robin pelo Bat-papo
- a diferença do padre e do bule é que o padre é de muita fé e o bule é de pô u café
- o jacaré tirou o jacarezinho da escola porque ele réptil de ano
- o animal que não vale mais nada é o javali
- a comida que liga e desliga é o strog on-off
- o contrário de volátil é vem cá sobrinho
- a foquinha chama a própria mãe de motherfoca
- o paraguaio veio para te matar. Para quê? Paraguaio.
- o animal que come com o rabo são todos, já que eles não podem tirar o rabo para comer.

Bom feriado, volto na segunda.

06 julho 2009

Inaugurando: Febre Alvinegra


Resolvi: a partir de hoje, este blogue terá mais uma seção, batizada de Febre Alvinegra. Ela irá copiar descaradamente e pretensiosamente o gênio Nick Hornby, que em "Febre de Bola" relembra sua história a partir das partidas do Arsenal. Aqui, irei falar, obviamente, do Corinthians em minha trajetória. Por inviabilidade de memória, não irei tratar de todos os jogos que fui, mas sim dos mais marcantes, e seguirei um outro viés que não a descrição daquilo que aconteceu em campo. Aliás, ficaria bem bacana se todos os amigos que passam por aqui copiassem Hornby em seus espaços ou me enviando a história por e-mail (cramone99@gmail.com), criando assim um belo registro histórico à disposição das futuras gerações, eternizando uma época em que o futebol ainda tinha alma.

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Corinthians 2 x 0 Ituano - 07/04/1993
Pacaembu - São Paulo

Era uma noite de quarta-feira e eu tinha 11 anos. Já vivia o Corinthians mais intensamente que a média, mas a pouca idade não permitia idas auto-suficientes ao Pacaembu. Fato é que meu pai, entre tantas falhas que cometeu em minha educação, também se omitiu diante daquilo que é uma obrigação paterna: levar seu filho ao estádio pela primeira vez (ele também não me ensinou a andar de bicicleta, por exemplo).

A tarefa, portanto, ficou para o meu primo. Humberto, ou Bôia, que é um termo nipônico para "moleque", era bem mais velho que eu. Na verdade, quase 12 anos nos separavam, e isso foi suficiente para que o Bôia fosse uma espécie de ídolo e espelho para aquele pançudinho bochechudo que descobria as maravilhas da pré-adolescência, como olhar para a bunda das meninas da 8ª série e comer várias vezes por semana no McDonald's.

Foi meio abrupta a notificação de que eu iria finalmente pisar no Templo Sagrado. Geralmente, o toque de recolher não permitia saídas noturnas no meio da semana, de modo que meu primo teve que passar lá em casa antes dos velhos chegarem. O Bôia, vale ressaltar, foi motorista de toda uma geração de corinthianos lá da minha rua, sempre carregando nosso bando dentro de um Passat Pointer. Nunca encontrei carro tão barulhento e tão descuidado quanto aquele. Mas era tudo nosso, e até hoje sinto saudades de ver o muro daquele túnel na saída da Avenida Rebouças em direção à Major Natanael passando perto (e rápido) demais da janela do veículo...

Como o Pointer corria exageradamente, cheguei cedo ao Estádio Municipal, postura
pouco usual atualmente. O jogo estava marcado para as 20h30 - sim, houve um dia em que a decência era regra no futebol e os jogos começavam todos nesse horário -, mas às 19h já tínhamos o ingresso na mão e nos dirigíamos à arquibancada central do Pacaembu - sim, houve um dia em que a decência era regra no futebol e a arquibancada era majoritária. Naquela época, as pessoas ocupavam seus lugares com certa antecedência, muito por que a venda de cerveja era permitida dentro do Templo e em todos os outros palcos futebolísticos do Brasil.

Acomodado no cimento, eis que ocorre uma sucessão de impactos. Eram os Gaviões da Fiel e sua festa. Logo acima de mim, a Explosão Coração Corinthiano, e à esquerda a Camisa 12. Sobre a entrada do Portão Principal, a Pavilhão 9, e na divisa da arquibancada com as cadeiras numeradas, pregada estava a faixa da Torcida da Curvinha. A Coringão Chopp grudava-se aos Gaviões e os Loucos da Fiel ocupavam aquele canto onde hoje está o tal Setor Família. Era essa a disposição naqueles anos 90. E bandeiras, havia muitas bandeiras.


O deslumbre com aquela massa incrível se misturava com possibilidade de ver José Ferreira Neto em carne e osso. Neto, provavelmente, é o ídolo de toda a geração que acompanhou o Corinthians na década de 90. Dez entre dez corinthianinhos gastaram a calça do uniforme escolar imitando a comemoração do joelho deslizante e o soco no ar. O Xodó da Fiel era, para mim, a representação máxima do Corinthians e eu estava, conseqüentemente, diante de um deus encarnado.

Ao lado de Neto, completavam o inesquecível esquadrão daquele ano Ronaldo, Leandro Silva, Marcelo, Henrique, Ricardo, Marcelinho (que mais tarde seria o Paulista), Ezequiel, Paulo Sérgio, Viola e Adil, todos sob o comando de Nelsinho Baptista. Mais tarde, ainda viria o Moacir, um volante muito parecido com o nosso guerreiro Cristian. O craque da 10 e o arqueiro Ronaldo, os grandes nomes do time, vez ou outra dividiam as atenções com Marcelo, Paulo Sérgio e Viola, esses dois últimos responsáveis pelo eficiente ataque de uma jogada só - Paulo Sérgio usava toda sua habilidade para ir até a linha de fundo e cruzar para Viola, o artilheiro do Paulistão daquele ano.

Foram emoções muito fortes para um moleque de apenas 11 anos. As primeiras lições de comportamento corinthiano, algum sofrimento para ganhar de um time inexpressivo, o barulho ensurdecedor e constante que vinha das organizadas, as bandeiras, a fumaça, o Corinthians... Começava o vício, uma doença incurável que resultou num comportamento pouco compreensível para alguns, mas totalmente essencial para a minha existência. Desde aquele 07 de abril de 1993, ficou impossível viver sem estar ao lado do Coringão, não importando onde, debaixo de chuva ou sol. Contaminava-me ali da febre alvinegra que certamente irá me acompanhar até o fim dos tempos.

Algumas observações


- O problema do Brasil não era o Sarney até ele se tornar uma maneira de desestabilizar o governo Lula. O cara fez aqueles mirabolantes planos econômicos na década de 80, serviu ao regime militar, construiu sua republiqueta no Maranhão e manipulou para ficar mais um ano na presidência, mas só agora ele não presta. Sarney escreveu coisas impublicáveis e por elas foi parar na ABL, mas só agora ele não presta. Tudo isso porque, agora, o vice-presidente do Senado seja o tucano Marconi Perillo, que os goianos conhecem muito bem...

- Ih, fudeu! Michael Jackson reapareceu! Bom, pelo menos tá pretinho de novo.

- Duas séries de posts estão causando furor no meio internético. Zé Sérgio Rocha discorre sobre a guinada guerrilheira do PMDB, enquanto Edu Goldenberg trata de psicólogos e seus analisados. Talvez o Macho do Alegrete tenha lido os posts do Edu.

- Já escreveu sua tag #fiadumasputa hoje?

- O Inho insultando o digníssimo Partido Comunista do Brasil comprova duas teses: ele continua sendo a boca de latrina do juquinha e juquinha ainda quer o Ministério dos Esportes a qualquer preço.

- Vem aí o feriado da maior mentira que essa UF já conseguiu promover. Depois do PSDB, claro.

- Passando pela Marginal Tietê, vi uma faixa dizendo que o desmatamento ali promovido por conta da obra ineficiente de ampliação está sendo compensado no Parque Ecológico. Como se as coisas funcionassem assim...

- Mais um caso de censura na web. Sempre com as desculpinhas de que "as redes sociais não podem receber perfis comerciais".

- Finalizando, parabéns atrasado ao alvinegro Filipe, que comemorou mais um ano de vida no último domingo. A festa será na Praça Charles Miller, quarta-feira, a partir das 20h. Ele disse que vai fechar um isopor de ambulante inteiro, e ai da GCM se quiser confiscar a parada...

03 julho 2009

Quanta alienação


Pressionados diante da boa fase que predomina no Corinthians, alguns torcedores rivais e leonores adotaram um discurso semelhante. Com o perigoso comportamento alinhado, passaram a desdenhar a Copa do Brasil, alegando que se trata de um torneio menor, de "compensação" para quem não foi à Libertadores. Engraçado e errado isso, e veremos o porquê.

Há as causas naturais. Seguindo o pensamento meramente quantitativo, o Corinthians é o maior vencedor do torneio entre os paulistas. A inveja, portanto, é procedimento totalmente entendível em alienados. Mais ainda, a conquista de 2009 foi sobre o queridinho da mídia nativa, aquele que todos chamam de "o melhor time". Que fiquem com essa pecha, o Coringão quer outros títulos - e esse ano já conseguiu três, sendo um de forma invicta. Vencer o "melhor" nos credenciou como melhor que o "melhor" e, portanto, isso enfurece.

Passemos ao fator Libertadores. Porcos se vangloriam das eliminações em 99 e 2000 e são taxativos: vão nos eliminar também ano que vem. Eu acho que, ao invés desses caras pensarem tanto na gente, eles deveriam se preocupar em, primeiro, arranjar um técnico. Depois, garantir a vaga para o referido campeonato. Já os leonores precisariam primeiro ganhar da gente (faz quase dois anos que isso não acontece) antes de desmerecer qualquer coisa relativa ao Timão. E cabe fazer a ressalva: se em nosso título há no percurso o Itumbiara, teve time neste ano que foi eliminado pelo expressivo Nacional do Uruguai, ao mesmo tempo em que um outro perdeu para o grandioso Once Caldas anos atrás. Vale citar ainda o tradicional São Caetano, a mentira azul, como finalista desse campeonato que tantos exaltam. Quantas agremiações fortes do futebol mundial, não?

Por fim, vamos apelar para a memória. A Copa do Brasil é tão sem importância que os próprios rivais viveram infernos astrais quando eliminados pelo ASA de Arapiraca e pelo Vitória da Bahia. Já os leonores balançaram em 2001, quando sofreram para passar do Botafogo da Paraíba. No ano seguinte, a crise foi brabíssima no Morumbi, com a eliminação frente ao Todo-Poderoso (como sempre). Portanto, se a Copa do Brasil não vale nada - há quem diga preferir o quarto lugar do Brasileirão ao título, veja só -, por que ela seria motivo de tanto tumulto? Lembremos ainda que, até 2001, havia a disputa simultânea com a Libertadores, o que mata a tal "compensação" citada no primeiro parágrafo.

Ressalva-se: há muitos palmeirenses e são-paulinos (assim escritos porque é devido) que comemorariam Copa do Brasil, Torneio Início, Taça Pebolim ou qualquer outra peleja da mesma maneira que a Fiel Torcida agora comemora. É gente que jamais desdenharia desse campeonato, até porque palmeirenses tiveram a enorme alegria daquele gol espírita do Oséas em 98 e uma conquista são-paulina garantiria o único caneco que lhes falta. O grande problema é que a alienação está disseminada em todos os lugares. Se pelos nossos lados nego já está fazendo planos para uma conquista que ainda nem começou a ser disputada, lá fora há gente cuspindo em coisa que é muito digna e saborosa de ganhar.

Comemore o título, e não uma vaga para a Libertadores, corinthiano. Agüente-nos, anticorinthianos. O futebol funciona assim, e não reconhecer um vencedor digno é tendência golpista. Ou adesão à ideologia do "paulistinha" disseminada por neo-jornalistas...

P.S.: CORINTHIANS TRICAMPEÃO, PORRA!!!

02 julho 2009

Ressaca (ou vitória do povo)


Quando o Corinthians vence, não é uma simples vitória de um clube de futebol. Há um significado muito maior nisso daí. Trata-se da redenção do povo, é a cachaça do torcedor, é a vingança daqueles que a sociedade oprime. Vencer como vencemos a nossa terceira Copa do Brasil traz a cada corinthiano certezas além da simples confirmação de que seu time é melhor. O triunfo significa que as coisas podem (e devem) melhorar.

Ontem, o povo sorriu e chorou uma alegria indescritível. E a alegria irá se prolongar. Porque o Paulistão invicto foi a redenção e essa Copa do Brasil é a demonstração de que o Corinthians é muito, mas muito grande, senhores. Não brinquem com o Corinthians! Não duvidem do Corinthians e de sua Fiel Torcida!

O desdém com que somos tratados nos faz fortes. O ódio que metade do país sente por nós alimenta a alma. Faz parte da história alvinegra.

Aos moranguinhos, que falaram demais e jogaram nada, peguem o DVD, enfiem no cu e vão embora! AQUI É CORINTHIANS!

E para homenagear essa vitória, republico uma imagem e um vídeo, além de deixar outra foto que simboliza nosso espírito de luta nessa final.

Jorge Henrique mostra para o mundo que AQUI É CORINTHIANS.



O presidente dos moranguinhos já sabia...



E aqui um torcedor colorido fica nervoso com seu time.