30 janeiro 2009

Papel higiênico


O Lance! diz que é um jornal de esportes. Mas vejam as notícias publicadas no site do diário:

- Relembre as ex-namoradas de Ronaldo
- Ronaldo e Bia: panos quentes nos boatos
- Mulher da foto diz que escorregou em Ronaldo
- Fala galera: as baladas de Ronaldo no Timão
- Surge nova versão para briga de Vampeta
- Ronaldo desmente separação de Bia Anthony
- Ronaldo se separa de mulher, diz jornal


Aí a gente entra no site OFuxico, de fofocas:

- Superpop é enganado por falsa acompanhante de Ronaldo na balada

E no Babado:

- Mulher que entrelaçou as pernas em Ronaldo vai à TV defender o jogador

Contigo!:

- Assessoria de Ronaldo desmente separação


Quem Acontece:

- Nova mulher se apresenta como dona das pernas clicadas sobre Ronaldo
- "Amo minha mulher", diz Ronaldo a jornal
- Video: Veja Ronaldo em boate de São Paulo



Qualquer semelhança é pura equiparação de qualidade editorial...

Lá em Belém


Da mesma forma com que ignora a responsabilidade das enchentes e da queda do teto da Renascer em SP, a imprensa dá de ombros para a realização da nona edição do Fórum Social Mundial, com sede em Belém do Pará. O evento reúne as principais forças políticas progressistas do mundo e promove debate de idéias que visam achar uma solução para viabilizar a sobrevivência da humanidade nesses tempos de autodestruição.

A única coisa que achei pelos jornalões veio em tom pejorativo, e saiu logicamente na Falha. Diz o título que o McDonald's foi visto nas manifestações, recheando a boca dos participantes. O que o lixo da família Frias tenta provar é que os comunistas se renderam ao capitalismo. Engraçado que quando lojas da rede de fast-food eram destruídas, os responsáveis eram chamados de vândalos. Quer o que, essa imprensinha de merda?

Para saber o que de fato anda rolando nas mesas de discussão do FSM, é preciso recorrer à mídia alternativa de blogues. O meu caríssimo Nivaldo Santana está por lá e escreveu boas palavras sobre o evento e a participação da CTB. O Azenha reproduziu um texto de Emir Sader que denuncia esse silêncio midiático frente ao evento. O Sérgio Amadeu também está por lá e coloca suas impressões sobre os debates sobre a internet. Por fim, vale a visita constante ao Portal Vermelho, que conta inclusive com as fotos da Renata Mielli.

Tire os olhos do seu umbigo paulista, imprensa estúpida. Caso contrário, a falência estará próxima!

29 janeiro 2009

Três sugestões


Deixo aqui três links com textos que merecem ampla divulgação:

1) o Azenha publicou um abaixo-assinado que se posiciona contra as propostas de diminuição dos direitos trabalhistas. O texto também lembra a todos do real causador da crise, e não é a classe trabalhadora.

2) o PHA mostra mais um absurdo da gestão José Serra. O governador conseguiu feito incrível.

3) o Portal Vermelho reproduz um post do Altamiro Borges que fala das relações umbilicais entre Kassab e a Renascer e a responsabilidade da queda do telhado. Há, ainda, menção ao silêncio da mídia sobre a ligação entre a prefeitura e a igreja evangélica.

Parte da estratégia de marketing?


Assistir aos primeiros jogos do Corinthians nesse 2009 está sendo tarefa das mais difíceis. Ao contrário da euforia que tomou conta da torcida por causa da contratação do Ronaldinho, esse blogue sempre se posicionou de maneira cautelosa. Porque gato escaldado...

Analisemos a partida dessa última quarta contra o Botafogo de Ribeirão Preto, que tinha tudo para ser uma baba. Claro, com 3 minutos e um gol, o mais pessimista dos corinthianos iria pensar, no mínimo, em uma goleada. Não foi o que aconteceu, muito por conta da falta de iniciativa que parece ter tomado conta do plantel. A pré-temporada antecipada serviu para quase nada do ponto de vista tático, já que a defesa ainda está perdida em campo (atacantes passam nas costas de nossos laterais como querem e volantes e zagueiros não dão a cobertura necessária e óbvia) e o meio de campo comete erros de passes imperdoáveis.

Mas a parte crítica continua sendo o ataque. Sem Dentinho (titular absoluto, meus caros!), Jorge Henrique (talvez titular ao lado do moleque) e o dito R9, ficamos com Souza, Otacílio Neto e Lulinha apoiando. Desses três, Souza é o pior, disparado. Perde gols como Herrera, tropeça nos próprios pés como Herrera e reclama como uma velha. A notícia boa é que, se não me engano, foi comprado por US$1,7 milhão, o que nos faz ter a sensação de bom negócio - trocamos merda por bosta e economizamos 300 pilas. Ainda no setor aberrações, destaque para o Saci (que nos reforça para o próximo jogo estando no departamento médico), jogador que chegou a ser comparado pelo noticiário da Globo a Cristiano Ronaldo. Ah, a imprensa esportiva...

Pode ser que tudo isso tenha sido estrategicamente elaborado pelo departamento do Rosemberg - que ainda não fechou o patrocínio, vale lembrar. "Vamos dar à torcida o pior ataque nesse início, para que o nível de exigência fique lá embaixo", pensou a corja imunda que habita as salas ar-condicionadas do Parque São Jorge. Só para garantir que o Ronaldinho não precise jogar tanto quando ele retornar aos gramados. Vos digo que, do jeito que estamos, R9 já seria útil no jogo de ontem, mesmo fora de forma.

Por fim, já que mencionei a corja e aproveitando o teor corneteiro desse post, reitero uma posição que, para mim, é inflexível: levar presidente na quadra é algo grave, um conflito de interesses. Além disso, dá matéria-prima para o blogueiro mantido pela oposição e pela rede kfouriana ficar falando suas merdas por aí. Se vocês acham que eu estou louco, basta ver a quantidade de gente que o moço da credibilidade anda influenciando, principalmente no "estilo literário". Depois, na hora de cobrarmos, quem nos dará ouvidos e/ou legitimidade? Porque o nível de compreensão dos leitores que lêem essas porcarias é baixíssimo, o que os torna presa fácil a esses carniceiros.

P.S.: o governador José Serra conseguiu desrespeitar, de uma só vez, a FIFA, o Corinthians e sua torcida, além de fazer eco ao discurso leonor. Isso sem contar que São Paulo continua sob as enchentes e dentro das crateras que marcam sua gestão. Querem saber por quê? Assista ao vídeo que o Filipe me passou.

28 janeiro 2009

A época em que o ruim era bom


A nostalgia é um sentimento perigoso. Quando pensamos no passado, e ele não precisa nem ser muito longínquo, geralmente lembramos só das coisas boas. É aí que ela bate forte. Talvez isso explique minha empolgação demasiada na madrugada de ontem, quando procurava no Soulseek algumas músicas de axé mais antigas.

É preciso dizer, porém, que eu sempre abominei esse ritmo. Odeio Cláudia Leitte, Ivete Sangalo, Chiclete com Banana e todas essas merdas que dominam as micaretas. Mas devemos reconhecer que houve no axé um tempo de alguma dignidade e certa qualidade. Se não podemos equipará-lo ao bom e velho samba - até porque isso seria uma heresia -, também não dá para jogá-lo no lixo sem separar o joio do trigo.

Coincidentemente, tais músicas marcam o início da minha adolescência, época em que o ódio a elas era ainda mais extremo. Mas sabe como é: quando se está em festividades de carnaval em que o público-alvo são jovens, infelizmente o que faz sucesso nas rádios é o que tem mais espaço. Por isso, em meio às boas e velhas marchinhas tocadas timidamente, havia muito Araketu, Netinho e sua Banda Beijo, o começo do Asa de Águia, Olodum e a Margareth Menezes.

A associação é imediata. Carnaval é bom e tudo que faz lembrar o Carnaval também é bom. É óbvio que não podemos ser literais a ponto de achar que, em algum momento da humanidade, alguém vai encontrar qualidade naquela merda de funk carioca. O axé, por sua vez, possui (ou possuía) ritmo, harmonia, certa tradição e, inegavelmente, bons cantores. Fora isso, não podemos esquecer do sucateamento artístico sofrido pela folia soteropolitana, resultado da mercantilização excessiva do evento.

Impressionei-me, na busca de ontem, com algumas letras e as sensações que elas ressuscitaram. A música "Baianidade Nagô", por exemplo, retrata perfeitamente aquela quase ressaca do fim de tarde e retomada dos trabalhos etílicos noturnos, com os versos "eu vou/atrás do trio elétrico vou/dançar ao negro toque do agogô/curtindo minha baianidade nagô". Outras que me levam de volta aos anos de punheta compulsiva são "I miss her" (Oludum) - "Oh Lord/I'd like to know where she is now/If she thinks about me or not/I wanna give her all my love/My life, my heart/And please her" - e "Araketu Bom Demais" - "Só sei que o corpo estremece/As pernas desobedecem/Inconscientemente a gente dança".

Essas e mais uma penca de músicas feitas até a primeira metade da década de 90 seguiam à risca aquela mistura de batida do samba com ritmos latinos, guitarras distorcidas e percussão pesada, características básicas do som maluco nos primeiros trios de Dodô e Osmar. Eram produções de tino comercial gritante, claro. Mas havia qualidade. O ruim, ainda assim, era melhor que o ruim de hoje. No limite, se uma porcaria de uma canção consegue ser lembrada quase 20 anos depois porque trouxe de volta um sentimento ou uma sensação, vale ao menos o registro. Ou alguém aí se teve alguma história marcante ao som de "Benzectacil", do MC Serginho?

* texto inspirado pelas inúmeras tentativas de assistir ao filme Ó Paí Ó, que ando achando menos ruim e cuja trilha sonora segue a mesma linha desse post...


Hora da Patrulha


Por onde anda o Kassab em meio a tanta inundação? Por onde anda o governador Serra com mais uma cratera aberta na cidade? E os jornais, que certa vez desceram a lenha na "dona" Marta porque ela estava viajando quando houve enchentes em São Paulo, mas agora não responsabilizam o poder público pelos constantes alagamentos dos últimos dias?

Kassab, ao que parece, ainda deve estar prestando contas para sua base eleitoral. Serra anda espalhando a eficiência da Sabesp pelo Brasil, em propaganda política antecipada. E os jornais andam perdendo espaço para a internet como fonte de informação. Pelo menos essa última, uma boa notícia.

Sorria, São Paulo. Mas vá de barco.

27 janeiro 2009

Os meus eleitos


Ainda estou muito incomodado com a tal eleição da Vejinha sobre aquilo que tem a cara de São Paulo. Portanto, irei listar aqui os meus escolhidos, e convido os fiéis leitores a participar do troço. Só quero provar que essa cidade é tão diversa que não há como estabelecer um perfil que englobe todos os paulistanos, além de mostrar a imbecilidade de uma matéria como essa.

Alguns quesitos serão excluídos por motivos óbvios (flor de cu é rola, museu e monumento é ruim, hein?). Entre os eleitos, haverá amigos meus, inclusive. Vai lá minha lista com as explicações para tentar manipular vossos votos - aqui a gente assume que quer manipular a opinião alheia.

- Apresentador: Goulart de Andrade

Seu "Comando da Madrugada" agitava a noite da criançada notívaga, trazendo sempre pautas que tinham pouco espaço nos jornalões tradicionais (ainda é assim, mais de 20 anos depois). Era a vida das prostitutas e dos travestis nas ruas, os artistas de circo, os apreciadores de disco voadores (ele fez uma das melhores matérias sobre o ET de Varginha), os drogados da Boca do Lixo... Retratos de uma São Paulo que a classe média tenta apagar, fugindo para seus condomínios.

- Igreja: Paróquia Nossa Senhora da Achiropita

Localizada no Bixiga, traz toda a influência da colonização italiana que caracteriza o sotaque do paulistano. Também é núcleo de resistência das tradições da vida de bairro, ao contrário do que quer implantar a modernidade.

- Estádio de Futebol: Pacaembu

Apesar do nome leonor pouco digno que o batiza, o Pacaembu é o melhor lugar do mundo para se assistir ao futebol. De localização central e com uma bela fachada externa, o Templo Sagrado dos Corinthianos é um dos cartões postais da cidade. Atualmente, a Prefeitura tenta empurrá-lo ao Corinthians, querendo repassar o prejuízo que ele causa aos cofres do município. Nada mais justa a cessão, já que sem o time de Parque São Jorge jogando lá, o troço iria virar um elefante branco.

- Estação do ano: Primavera

Que verão o cazzo! Verão é para passar longe de São Paulo. Bom mesmo é a primavera, onde a gente aproveita para tirar o mofo dos dias frios e planeja as viagens de janeiro e fevereiro.

- Jornalista de imprensa escrita: Mino Carta

Fundador das principais revistas semanais do país, Mino é outro descendente da imigração italiana que adotou e foi adotado pela metrópole. Seus textos ácidos e seu senso crítico apurado fazem dele um dos maiores nomes da imprensa responsável. É famoso por ter que inventar seus empregos, já que destroça a moral de seus imorais empregadores.

- Esportista: Arthur Tirone, o Favela

Atacante de destaque da Associação Atlética Anhangüera, da Barra Funda, o corinthiano Favela carrega no seu coração a alma da várzea paulistana que deu origem a tudo isso que conhecemos como futebol. Hoje relegada a um pequeno espaço na cena esportiva e ameaçada pela modernidade, além de ter virado expressão depreciativa, a várzea é o caminho que alguns setores de nosso "futebol profssional" deveriam percorrer. É na várzea que o couro come, que o jogo é jogado sem as frescuras do fair play e que a paixão SEMPRE fala mais alto. E o Favela é, de todo mundo que eu conheço por essa cidade, minha referência nos campos de terra que nunca podem morrer.

- Grupo de Samba: Inimigos do Batente

O pessoal comandado pelo Fernando Szegeri faz há muito tempo a melhor roda de samba de São Paulo. Desde os primeiros passos no Bar do Bilú, passando pela época de ouro do Espaço Cuca da UNE e chegando às tardes de sábado no Ó do Borogodó, Cebolinha, Paulinho Timor, Cabelinho, Julio Vellozo e Marcelo Homero metem a mão no couro com maestria. Tudo isso ganha um tempero ainda melhor com a doce voz de Railídia, o cavaco certeiro de Kico Nogueira e o fantástico sete cordas de Luís Tchubi.

- Jornalista de TV: João Gordo

Como qualquer um que aparece na TV fazendo entrevista é jornalista, então o vocalista da lendária Ratos de Porão merece o título. Porque ele é o único ser a fazer perguntas realmente decentes e está pouco se fudendo se isso é politicamente correto ou não. Daí a achar o programa dele bom, são outros quinhentos...

- Apresentadora: tem não...

- Edifício: Prédio da Fundação Cásper Líbero

Se a Paulista é o centro simbólico de São Paulo, o prédio casperudo é o coração desse símbolo. Em frente ao edifício que sedia a Faculdade Cásper Líbero e as emissoras de rádio e TV da Gazeta, foram realizados vários eventos como festas de torcidas, comemorações de eleições e passeatas. Em seu arrojado projeto inicial, seu idealizador queria ver do topo da construção a Baixada Santista.

- Ator: Toni Ramos

Não precisa nem falar o porquê...

- Atriz: Walderez de Barros

Idem.

- Artista plástico: qualquer grafiteiro

Embora muitos considerem sujeira, o grafite é uma expressão urbana e está umbilicalmente ligada a São Paulo. Melhor um desenho na parede do que o Daniel de cuecas no vidro do ônibus.

- Cartão-postal: trânsito das marginais

Ninguém que vem a São Paulo se lembra da Paulista. A primeira imagem que todos os não-paulistanos têm da cidade são os engarrafamentos nas marginais Pinheiros e Tietê.

- Parque: não freqüento.

- Banda de rock: Golpe de Estado

Tem músicos melhores que os do Titãs, músicas melhores que as do Titãs, não é caça-níqueis como os Titãs e ainda tem um nome que representa a alma da classe média paulistana. Representante literal.

- Rádio AM: a antiga Jovem Pan

Quem nunca entrou no ritmo da correria do "começou um novo dia..." nos apressando logo pela manhã? Quem nunca ficou angustiado com a frase "São Paulo que amanhece trabalhando"? E as previsões sempre falíveis de Narciso Vernizzi, o Homem do Tempo? E os domingos esportivos? Ah, velha Pan, o que fizeram com você?

- Rádio FM: não tem uma que preste

- Comida: Pizza

Não, queridos. A melhor pizza do mundo não é feita na Itália, mas sim aqui na terra da garoa. E a quantidade de redondas que são produzidas diariamente na capital paulista deve ser suficiente para matar a fome na África. Como sempre, esse povinho daqui quer se apropriar do arroz com feijão, mas esse prato é de âmbito nacional. São Paulo é pizza, e entenda isso como quiser...

- Estilista: tsc

Vai tomar no cu, né?

Hora da Patrulha


O papel de um prefeito eleito por uma massa ignóbil que aspira ser elite só pode ser o de representar interesses escusos e favorecer, via verba pública, pequenos grupelhos parasitas. Portanto, não surpreende a notícia de que o generalzinho quer desapropriar o Jockey Club para transformá-lo em parque.

Por trás dessa aparente e popular boa ação, há na matéria da Falha o motivo real. Afundado numa dívida de R$150 milhões somente com a prefeitura, o Jockey receberia o valor venal do imóvel (cerca de R$300 milhões) e desse valor se descontaria a pendura. Belo lucro para essa excrescência que representa o que há de mais nojento nessa cidade.

Já lá na quebrada, mais precisamente na Vila Formosa, o general "entregou" o CEU do bairro. Sem piscina, ginásio e auditório. Para refrescar a memória, essa foi uma das polêmicas na última corrida eleitoral. Marta mostrou o canteiro de obras em atraso e Kassab jurou entregar o troço agora no início das aulas. No SPTV de ontem, mostraram a inauguração mas não fizeram tomadas de imagens abertas; mostraram apenas algumas áreas internas. Imaginem, em primeiro lugar, a qualidade da construção. Você ficaria tranqüilo em deixar seu filho lá? Depois, se não tem piscina, ginásio e auditório, não é CEU. É uma versão menos pior das escolas de lata.

Sorria, São Paulo.

26 janeiro 2009

O verdadeiro inimigo


Uma terrível gripe toma conta desta carcaçinha que vos escreve e, somente agora, consigo me concentrar para atualizar o blogue. Estava meio sem idéia porque o Barneschi, muito oportunamente, falou sobre a cara que São Paulo acha que tem, segundo aquele lixo que atende pelo nome de Veja SP. Resta-me, então, tratar do vitorioso fim de semana corinthiano, mas isso servirá apenas de pano de fundo. Mais do que nunca, é mais urgente dar nome aos bois que estão fazendo um mal para o mundo, munidos de seus sites e jornais.

Vejam que o Corinthians começou ganhando, na sexta-feira, sua vaga para a final da Copa SP, campeonato que viria a ganhar no domingo. A notícia, porém, era a da balada do Ronaldinho, que ficou até as seis da manhã em uma boate paulistana. Estava acompanhado do seu sogro, inclusive. Estava de folga, inclusive. E no dia seguinte não teria treino, inclusive.

Sem a crise econômica no futebol, GloboEsporte.com, Lancenet, Lance, UOL, Falha, Estadão e as rádios Jovem Pan e Bandeirantes inventaram uma outra e a exploraram de maneira covarde. Fiz algumas perguntas que achei pertinentes: qual o nome do fotógrafo que capturou as imagens da balada? O que ele estava fazendo na balada as seis da manhã? Ele não tinha que trabalhar naquela manhã?

A estratégia para implementação de confusão em clubes de futebol é bem denunciada pelo nosso amigo Raphael no Cruz de Savóia, mas não custa a gente repetir - vale lembrar que essa corja age de modo semelhante, só que a martelação se baseia em mentiras -: quando há informação caluniosa ou geradora de crise (coisas como "disseram que", "afirmaram que", "teria sido"), esses veículos supracitados não fazem o jornalista assinar a matéria. Ou seja, jogam a merda no ventilador e tiram o time de campo na hora de assumir a bronca.

A gente sabe para quem trabalha os abutres. Eles têm interesses bem definidos e um projeto que beneficia "os escolhidos", aquele tipo de gente descrita na matéria da Vejinha e brilhantemente destrinchada pelo Barneschi. Eles não permitem a diversidade, não a respeitam e fazem de tudo para tornar o mundo puro, alvo e loiro. Só se esquecem que eles mesmos não são nada disso. Cospem em sua própria mestiçagem, em sua própria mulatice, para aspirar uma aura européia moderna.

Eis os inimigos. E inimigo a gente combate.

23 janeiro 2009

Duas idades, duas saudades


Neste exato momento em que escrevo, escuto a rádio Saudade FM, emissora que atua no litoral norte de São Paulo. Sintonizada por quem está entre Bertioga e São Sebastião nos 100,7, descobri essa pérola semana passada,
meio sem querer, quando fui para Guaratuba. Assim que ela bateu nos falantes do rádio do carro, tocava uma melodia típica daquilo que os modernos chamam de música brega. Não identifiquei o que era, mas deixei o negócio rolar. E aí...

Aí veio Robertão, depois José Augusto (com "Sonho por Sonho"), Reginaldo Rossi ("Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme") e outros petardos. Pronto. No meio de tanta baboseira no dial nacional, eis que me aparece uma rádio que dá de ombros para as novidades comerciais. Agorinha mesmo, estava tocando "A Última Carta", com Marcos Roberto. Antecederam "Lindo Lago do Amor", com Gonzaguinha, "Volver a los 17", com Mercedes Sosa e Milton Nascimento, e "Meu Amor Brigou Comigo", com Wanderley Cardoso (aquele cujas iniciais também caíram na boca do povo para designar o famoso local de meditação).

Todas essas músicas me fazem um bem danado e me induzem a um processo de reflexão interessante e, ao mesmo tempo, preocupante. Interessante porque as canções remetem a períodos muito felizes da vida, lá nos primórdios, da casa dos meus padrinhos, da bola na rua e das férias no interior. Preocupante porque, provavelmente, estou cada vez mais senil. Apesar de muito bom, tudo isso é o que a sociedade repressora costuma chamar de "música de velho". Se é assim, velho sou...

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Falando em velho, envelhece no próximo domingo a capital paulista. Ao completar 455 anos, a cidade vive um período em que o processo de desvalorização é latente. A falta de compromisso com suas tradições (não bobagens como Revolução de 32, por favor) e com seu povo se reflete no abandono da cultura, da educação e da infraestrutura paulistana, sob responsabilidade de um generalzinho e da corja tucana.

Para não ficar me repetindo aqui - e cansando meus parcos e valiosos leitores -, passo a palavra a Walter Taverna, responsável pelo tradicional bolo de aniversário da cidade no Bixiga. Ele explica por que não vai ter o tal bolo esse ano. E eu pergunto: a Prefeitura não deveria contribuir?

O post termina ao som do Rei, cantando "A Janela". Coincidência?


Eu falei que não ia ser fácil


A corinthianada festiva estava alvoroçada ontem. Comprou um monte de ingresso, levou a família e o cachorro pro Pacaembu e enforcou o fim do expediente para ver a estréia do Corinthians no Paulistão. Ainda tomada pela euforia ronaldiniana, a Fiel matava a saudade da arquibancada, depois de dois meses de seca. Os jogadores também andavam empolgados com os resultados nos amistosos e abutraiada começou a nos chamar de favoritos.

Eu já tinha avisado, porém, que não ia ser fácil. Como não foi. O empate contra o barueri serviu para mostrar que a vitória só vem se nego jogar bola. E pra jogar no Corinthians tem que colocar o pé em todas as divididas. Pelo contrário, todo a equipe entrou em campo ainda de férias, achando que os 5 a 1 contra os argentinos ainda marcavam o placar. Erros bizarros de passes e finalizações, falhas grotescas na zaga e, pasmem, Otacilio Neto salvando a pátria.

Hoje, assistindo aos VTs, percebo que o primeiro gol deles foi irregular e os dois pênaltis foram muito tímidos (eu não marcaria). Erros gravíssimos, mas que não justificam o péssimo comportamento do time.

Que isso sirva de lição e coloque aqueles caras nos devidos eixos, porque no Corinthians não há espaço para brincadeiras. Dentro do gramado e nas arquibancadas. Enfim, começou o ano corinthiano!

22 janeiro 2009

Turma bicuda


Ontem mesmo, na Hora da Patrulha, eu falei sobre a turminha tucana que se formava aqui em São Paulo e da falta de equivalência na divulgação dessa quadrilha se compararmos com a famigerada "turminha do PT".

Nesse rolo todo, hoje sai a notícia da demissão, por e-mail, do regente da Osesp John Neschling. Não que eu entenda lhufas de música erudita e esteja contestando tecnicamente o pé na bunda. O que chamou atenção foi o signatário desse e-mail, o presidente do Conselho de Administração da Osesp: FHC, o nosso monarca boquinha de suvaco.

Pesquisando sobre o basfond, vejo alguns outros membros do tal conselho cujos nomes me causaram certa azia (alô, pizidente!), aqui destacados: Horacio Lafer Piva, Pedro Malan, Alberto Dines, Pedro Moreira Salles, Persio Arida e Olavo Egydio Setúbal. A lista, aliás, pode ser conferida aqui.

Compreendem o nível de complexidade dessa quadrilha? Eles têm diversas áreas de atuação e sempre concentram o poder nas mãos de seus cappo regime. São esses bicudos que querem tomar o poder em 2010 e que já mandam em São Paulo. Mais sobre o modus operandi da turminha tucana?

- PHA pede a Genro que investigue ameaças de Serra e Dantas

- Vídeo do Youtube reconta golpe de Serra e da Globo no 1º turno de 2006


Até que enfim!


Depois de longo recesso esportivo, o dono deste blogue - e, conseqüentemente, este blogue - inicia hoje seu calendário nos gramados. Ao contrário dos abutres, que na falta do que falar ficam inventando crise, foram poucos os textos sobre Corinthians desde dezembro último. Nesse período, aliás, as coisas ficam muito difíceis para nós, aficionados por futebol.

O Coringão pega hoje um conhecido adversário de tempos tenebrosos e que jamais devem acontecer de novo conosco. Joga, no entanto, num horário esdrúxulo, por conta da imbecilidade e da vaidade de certa emissora de TV. Essa emissora, vale lembrar, também impôs à Federação Paulista de Futebol o horário de domingo às 11h da manhã. Novidades modernas...

E falando em novidades, delimitou-se de vez os campos de atuação dos clubes em São Paulo. Clássico no Panetone nunca mais. Papinho de campo neutro é coisa do passado. Isso porque acabaram com a suposta divisão igualitária de torcidas nas arquibancadas com implantação do setor Visa pelos leonores (mais aqui). Vejo com bons olhos, pois voltaremos a jogar contra porco e bambi no Pacaembu quando o mando for nosso. Talvez isso ressuscite algumas velhas tradições que a Fiel Torcida perdeu durante os anos de bonança durante a gestão do velho gagá.

Hoje é dia de vestir o manto alvinegro, tirar a teia de aranha da garganta e gritar Corinthians mil vezes. Hoje é dia de matar a saudade do velho Templo Sagrado, de rever a Fiel e sua festa, de tomar uma gelada na descida da Goiás. Hoje é o começo de uma longa jornada que, ao contrário do que tentam alardear, não será nada fácil, como tudo no Corinthians.

VAI CORINTHIANS!

P.S.: ainda sobre a Globo, eu tinha mostrado que o conglomerado dos Marinho era canalha. Agora está pior, porque eles praticam até assalto.


21 janeiro 2009

A fauna na internet


Uma das grandes diversões de se ter um blogue é ir ao Google Analytics e ver quais são as palavras-chave que levam os internautas a entrarem aqui. Há diversas aberrações, como as que seguem abaixo e comentadas entre os parênteses:

- e verdade que o rbd faz macumba (RBD é foda)
- quem vai governa o ano na macumba (governá...)
- como burlar o relógio de agua da sabesp (coloca as garrafas de 2 litros sobre o relógio, fia)
- jogador lulinha esta solteiro novamente (jogador?)
- prefeitura de são paulo jogo são paulo fluminense camisinha (hehehehehehehe...)
- um corinthiano chutando a bunda de um saopaulino (hahahahahahhahahaahha...)
- carlos bazuca blog (piripiri)
- o que e piriri (piriri também vem da bunda)
- babados sobre mallu magalhães (ou seria barbados?)
- claudio kano faleceu (piada infame escutada durante a infância: "você é o Claudio Kano?")
- ilze scamparini é casada (essa eu não sei o porquê de estar na lista)
- macumba com camisa do ex marido (essa foi minha mãe, certeza)
- octavio café é muito caro (chupa, Barneschi!)

Aos entendidos de SEO e análise de comportamento de internauta, olha aí o buraco em que vocês se meteram...

Hora da Patrulha


Uma das principais acusações dos antipetistas é a de que eles aparelham toda a administração que assumem. A crítica, aliás, é expandida a toda a esquerda - o PCdoB, por exemplo, é acusado de hegemonizar a UNE via UJS, mas ninguém se mexe para tirar a gente de lá e tampouco trabalha para as eleições como a juventude do Araguaia. Outra pedra que atiram constantemente é a criação de cargos nomeados em excesso, o que geraria gastos maiores (como se o problema do Brasil fosse o funcionalismo).

Aí a gente se depara com nomeação do ressuscitado Geraldo Alckmin para a secretaria do Desenvolvimento? Atentem ao organograma: Serra Pedágio governador, General na prefeitura, Andrea Matarazzo mandando no General, Xuxu no Desenvolvimento, o deputado Vaz de Lima na presidência da Assembléia e o Rodrigo Garcia na secretaria de desburocratização (seja lá o que isso signifique). Formação de quadrilha ou bando de amigos? O discurso de "turminha do PT" não vale para essa trupe?

Ainda no tema secretarias-esdrúxulas-que-não-têm-função, o general resolveu criar mais uma, a de Controle Urbano, depois que o teto da Renascer caiu. Talvez para poder vender seus alvarás de funcionamento a mais gente, ao invés de deixar restrito aos amiguinhos...

Sorria, São Paulo.

20 janeiro 2009

Como mentir na manchete


Aulinha rápida de jornalismo, que provavelmente é aplicada no concorridérrimo Curso de Trainee da Falha de S. Paulo:

Peguem uma pseudo-notícia. Distorçam seu significado utilizando uma palavra forte e depreciativa na manchete. Não ligue se o texto desminta o título, porque o leitor já terá comprado o jornal ou clicado no link. Tente, a todo custo, comprovar o que diz a manchete, mesmo que isso seja impossível e deixe a matéria um tanto quanto confusa, contraditória. Feche tudo com uma analogia sem pé nem cabeça.

Foi ou não essa a maneira como a seguinte "reportagem" foi escrita?

"Corinthians atrasa pagamento, mas espera chegada de Escudero"

Atrasa onde, imbecil, se no texto você mostra que o Corinthians adiou o pagamento para analisar o contrato? Tá servindo a quais interesses, filho de uma puta?

Meninos e meninas, cuidado com aquilo que lêem e onde estão querendo trabalhar...

Carnaval robotizado


Ano passado estivemos Evinha e eu no Carnaval carioca. Apesar dos perrengues com estadia (fechamos em cima da hora, reservamos um cativeiro e acabamos dormindo num puteiro), passamos belíssimos momentos perambulando pelas ruas do centro da Cidade Maravilhosa. Ciceroneados por Edu Goldenberg, FH, Julio Vellozo e a turma da Flavinha, bebemos até cair, tomamos chuva, passamos calor e fizemos tudo aquilo que um bom folião preza. Também tivemos grandes momentos procurando um lugar para mijar - mais a Eva do que eu -, e isso parece ser outra marca da folia no Rio.

Por esse motivo, diga-se, o poder público de lá recebe constantes e repetidas críticas. Os políticos ignoram solenemente essa festa genuinamente popular (que, aliás, gera muita receita por movimentar a economia da cidade) e não oferecem a infra-estrutura merecedora, voltando seus olhos apenas para o Desfile das Escolas de Samba. Porém, pior do que ignorar é a proposta do novo prefeito do Rio. Indignado com o fato de que as ruas viram "mictórios ao ar livre", Eduardo Paes quer "organizar" o desfile de blocos.

Por organizar, entenda higienizar e elitizar. Além do absurdo de querer taxar os organizadores dos blocos - em sua maioria, os blocos nascem quase que espontaneamente, bancados pelos próprios participantes - para repassar o gasto com limpeza e banheiros químicos, o prefeito abre espaço para a entrada do mercantilismo no Carnaval carioca. A grave conseqüência disso será uma degradação da folia nos mesmos moldes de Salvador, onde empresas promovem um apartheid econômico e excluem os baianos de sua balada privê.

Esse é mais um dos inúmeros exemplos de como o mundo caminha em direção contrária à valorização das tradições populares. Pelo andar da carruagem, em pouco tempo teremos a música eletrônica e o funk dominando os blocos. É a festa momesca de robôs em prol da globalização. Duvida? Então vejam quem é o novo secretário de Cultura em Belford Roxo...


P.S.: na contramão disso tudo, já está no ar o Guia Comentado da Agenda do Samba & Choro de blocos. Imperdível para quem vai, motivador para quem não vai e está pensando em ir. Eu, neste ano, me mando para Pirapora novamente. Mas com um pedacinho do coração no Cordão do Bola Preta, no Berro da Viúva, no Cordão do Boitatá...

19 janeiro 2009

O terremoto, o Inho e o italiano


Post dessa segundona braba dividido em três pílulas, só para começar a semana na manha...

- A grande tragédia paulistana no fim de semana foi o desabamento do teto da Renascer, que matou 9 pessoas. Ocorrida neste domingo, a queda das estruturas ainda nem pode ser considerada acidente, já que há um relato de que parte do edifício já tinha caído um dia antes. Talvez por conta do terremoto alvinegro que passou pela cidade. Era a tremedeira dos anticorinthianos e da abutraiada, preocupadas com o que mostrou o Corinthians no Pacaembu e em São Carlos, com a molecada da Copa SP. Ainda assim, como disse o Filipe, há espaço para "crise"...

Falando sério sobre o tema, a Patrulha. Por que a Prefeitura não fechou esse prédio, já que a maioria de suas interdições têm a finalidade de previnir acidentes como esse? Ou não têm? Com a palavra, o generalzinho.

Atualização: o Cruz de Savóia dá o seu relato sobre o troço. Responde a essas perguntas acima. E mostra a praga que é essa Renascer...

- E o Inho, hein? Depois da bobagem dita sobre o ICMS, agora ele me vem com essa:

" Torcedor corinthiano, se você não gostar de conviver com bandidos assine o pay-per-view do Paulistão 2009. O valor do ingresso para você foi majorado em 300%. Vale para todos os jogos, ou seja, a grande maioria sem a presença de Ronaldo em campo. O que cai por terra a desculpa utilizada para aumentá-los. Somente um setor do estádio não teve reajuste. Adivinhe… O local onde ficam os co-gestores do clube, Gaviões da Fiel."

Porque ele quer se tornar um "jornalista" com a credibilidade do Juquinha, o moço já começou pelo básico. Fala de futebol mas não vai aos estádios. Porque, se fosse, iria saber que o ingresso das arquibancadas passou de R$15 para R$20 (um aumento abusivo de mais de 30%, diga-se, e que deveria ser a verdadeira pauta de qualquer gente decente).

Nego que quer falar sobre o que não sabe dá nisso...

- Ainda não tenho nenhuma opinião formada sobre o italiano que conseguiu asilo político no Brasil. Isso porque está todo mundo chamando Battisti de terrorista, o que abre um leque gigantesco de interpretações. Por exemplo, Che Guevara era terrorista na visão da CIA. O que eu lamento mesmo é o fato de terem concedido tal asilo no mesmo dia em que se decidiu a não-investigação da morte de Vladimir Herzog nos porões do DOI-CODI. De qualquer maneira, minha primeira impressão é que Lula deu um troco no Berlusca por conta disso...

16 janeiro 2009

Hora da Patrulha


Na estréia da seção Hora da Patrulha, escrevi sobre a transformação política da Soninha, que muitos acham ser a paladina das boas causas - e ela mesma se veste com o manto de Madre Teresa modernosa que lhe dão. Falava da probabilidade dela ficar com uma Subprefeitura na gestão do generalzinho, a quem prestou grandes favores na campanha.

Bom, nada como um dia após o outro... Do Futepoca:

"Soninha assume Subprefeitura na segunda-feira"

Destaco um trecho interessante: "Mas a gestão pública não é uma gestão partidária. Uma enfermeira de hospital público filiada ao P-Sol teria que se demitir porque o prefeito da cidade é do PSDB? Claro que não. Eu quero o poder. O poder de fazer o possível. Por isso aceitei esse cargo executivo, e o pessoal de esquerda lá do bairro ficou super feliz com a minha nomeação, porque eu vou dar atenção às calçadas, à acessibilidade, questões importantes. Imagina se o nomeado fosse um linha dura..."

E agora alguns comentários:

1) se gestão pública não é partidária, por que então aquele bololô todo com o PT? Se assumir uma subprefeitura do Kassab é mais abonador que a luta para colocar seu próprio (ex) partido nos eixos, então eu preciso rever alguns conceitos. Ou então é Soninha quem precisa dessa revisão, principalmente no que diz respeito a ideologias político-partidárias;

2) a enfermeira do hospital passou em concurso, não foi eleita. E caso ela não esteja contente com o chefe, deve procurar o sindicato e tentar mobilizar sua categoria, mesmo com as mordaças que os tucanos costumam colocar na boca do funcionalismo público;

3) o pessoal de esquerda citado deve ser comunista que odeia ser chamado assim, do mesmo jeito que o presidente do PPS. Só assim para ficar contente com essa pelegada. Ou então o bairro em questão é o Jardins;

4) não sei o que é pior: um linha dura ou uma pseud0-progressista no poder.

Sorria!

Parem as máquinas (exclamação)


Meu Deus! A Tia Dora está contente, a Miquelina vai feliz ao baile da Sociedade. Ele está de volta às telinhas de todo o Brasil. O polêmico, o torcedor verde do Jornalismo Futebol Clube, o folclórico, o engraçadíssimo Roberto Avallone.

Comandando o programa No Pique, que estréia nesse domingo, às 21h, na CNT, Avallone retoma sua carreira televisiva. Reconheçamos: o palestrino estava fazendo muita falta. Com os programas de debate esportivo nas noites dominicais cada vez piores, No Pique irá ressucitar os comentários nada convencionais e, principalmente, os jargões que fizeram a fama de Avallone.

Notem que não há mais espaço para esse tipo de jornalista esportivo na TV. Por isso mesmo, as expressões do fanfarrão apresentador já bastam para comemorarmos sua volta. Até porque, depois de ser tirado do Bola na Rede, da Rede TV, e substituído pelo péssimo Fernando Vanucci, Avallone parecia ter sido aposentado compulsoriamente.

Tenho certeza de que, daqui algumas semanas, eu já estarei xingando esse porco desgraçado porque ele vai falar alguma baboseira sobre o Corinthians, mas isso faz parte do show. Trata-se de uma relação que aprendi a ter - e muitos da minha geração também - com Avallone na telinha, desde aqueles áureos tempos de Mesa Redonda Futebol Debate.

Nessa época, nutria um grande ódio pelo moço por considerar exagerados seus deboches contra o Timão. Hoje, com um pouco mais de discernimento, vejo que as ferinas palavras nada mais eram do que a rivalidade Corinthians e porco sendo exaltada em rede nacional. Depois que Avallone ficou fora do ar e imbecis como Flávio Prado, Vitor Birner, Milton Neves e a turma estéril do Sportv passaram a representar a nata da crônica esportiva na televisão, ficou aquele sentimento de "eu era feliz e não sabia". Que Nino, o italianinho volte com a corda toda!

Na contramão - É patético e dá vergonha alheia o novo formato do Globo Esporte. Apresentado por Tiago Leifert (que deve ser filho bastardo de Mano Menezes, tamanha a semelhança entre eles), o jornal é recheado daquelas gafes usuais que a Globo comete quando resolve trabalhar ao vivo. É notável a incompetência da emissora carioca em improvisar, e isso só comprova que na Vênus Platinada tudo é formatadinho e, conseqüentemente, manipulador. Para quem acredita na baboseira do padrão Globo de qualidade...

15 janeiro 2009

Anotem alguns nomes


A crise, como era de se esperar, trouxe na bagagem o desemprego. Corta daqui, acerta dali, o consumidor diminui sua voracidade e deixa de comprar. Assim, cai o ritmo de produção e as empresas vêem seu faturamento entrar no vermelho. Espertos como são, resolvem mandar funcionários pro olho da rua e, assim, ajudam a piorar a recessão econômica.

Há nesse esboço simplório do funcionamento do mercado um elemento que, aos olhos dos patrões, é imutável - ou como diria o outro, imexível. Os empresários pressionam o governo por mais incentivo na produção, auxílio na movimentação da economia e, principalmente, pela flexibilização da CLT. Chegam ao cúmulo de sugerir diminuição da jornada de trabalho combinada à redução salarial (e assim vão na contra-corrente da solução mais óbvia para o desemprego estrutural). O fator imexível, porém, é a margem de lucro. Nela ninguém toca, nem menos tocam no assunto.

A Falha de ontem deu o megafone para Paulo Skaf, tucano dos bastidores que está aparecidinho na mídia e provavelmente irá sair candidato em 2010. Skaf é presidente da Fiesp e hoje é o porta-voz do supracitado absurdo que é a redução de jornada e de salário. Tudo isso sem a garantia de manutenção do emprego, diga-se. Na cola, Gilberto Dimenstein repete o discurso em sua coluna. Coloca, logicamente, a culpa no governo Lula - gestão que mais criou empregos na história do país - e cutuca o ministro do trabalho, acusando-o de propagandista da própria imagem.

É imprescindível que guardemos esses nomes: Paulo Skaf e Gilberto Dimenstein. Eles assumiram a bronca de carregar a bandeira da flexibilização. Depois, lá na frente, a gente pega o saldo e bate na porta desses imprestáveis para cobrar a fatura. Porque restrição aos direitos dos trabalhadores não deveria passar pela cabeça de ninguém, mas a corja das redações fica quietinha, com medo de ser dispensada do seu frila-fixo. E o povo que se foda.

14 janeiro 2009

Estatuto de qual torcedor?


Sancionado em 2003 pelo Governo Federal, o Estatuto do Torcedor foi criado para defender os direitos dos freqüentadores de estádio. Partindo do pressuposto de que o torcedor é um cliente, regras foram estabelecidas e normas foram criadas para, supostamente, dar jurisprudência a uma série de medidas contra clubes e federações, com extensão a seus respectivos dirigentes. Seis anos depois, o troço ganha agora uma reformulação que pretende ampliar seu viés restritivo. Em nenhum momento, porém, são levadas em conta as necessidades daqueles que não enxergam sua ida ao jogo como um passeio ou um produto, mas sim como uma prazeirosa obrigação moral.

Apesar das regras rígidas na teoria, a prática mostra que federações, clubes e até quem realmente manda no futebol brasileiro - ou seja, a Globo - não cumprem tal estatuto. Quer dizer, não cumprem a sua essência, que é o respeito ao dito "cliente". Horários esdrúxulos, ingressos a preços surreais, manutenção dos esquemas que beneficiam cambistas, entre outros, são práticas ainda muito comuns. Além disso, há o detalhe precioso, para não dizer pernicioso: o documento considera que a violência nos estádios está exclusivamente vinculada às torcidas organizadas.

A reformulação, ao menos, tem um ponto positivo no que tange aos cambistas. Está prevista a prisão para quem negociar ingressos acima do preço de tabela. Também é possível citar a penalização para manipulação de resultados como ganho a ser comemorado. Agora, vamos aos absurdos.

As organizadas serão responsabilizadas pelos atos criminosos de seus associados, e aí a gente volta para aquele erro de premissa organizadas=violência. Como uma organização social de massa pode ser condenada por um ato ilícito de um de seus membros? Parte-se de uma generalização preconceituosa cujo significado é o mesmo que dizer que o MST só tem vagabundo, comunista come criancinha, preto é tudo ladrão e mulher só serve para cuidar da casa. Que as torcidas respondam por invasões de campo ou brigas nas arquibancadas tudo bem. Porém, não dá para repassar a gerência da segurança pública em dias de jogo para as organizadas. Isso é função da polícia.

O pior, no entanto, vem agora: teremos bafômetros nos portões, e aqueles que tenham ingerido bebidas alcoólicas em excesso poderão ser impedidos de entrar. Qual é o critério? Por que, novamente, se quer criminalizar a cerveja? Não há provas concretas de uma relação direta entre ficar bêbado e partir para a porrada. E qual seria a constitucionalidade dessa medida?

Ao invés de valorizar essa tendência proibitiva, o governo deveria ir para cima de quem realmente prejudica o futebol. Não permitam que os jogos tenham início depois das 21h. Montem sindicâncias contra esquemas de cambistas, lavagem de dinheiro e enriquecimento ilícito. Criem mecanismos protecionistas para evitar a venda precoce de atletas ao exterior. E, antes de fazerem qualquer estatuto, promovam uma audiência pública a fim de escutar a opinião do verdadeiro torcedor. Aquele que, faça chuva ou faça sol, bate seu cartão e paga caro para ver seu time de coração.

Eô, eô, a censura vortô!


Todos lembram da censura deste blogger ao Cruz de Savóia no ano passado. Sob uma alegação esdrúxula e sem nenhuma possibilidade de defesa, simplesmente apagaram todo o conteúdo da página, que sempre dizia (e ainda diz) coisas que algumas pessoas não gostam de escutar. O resultado todos sabemos, e o Cruz de Savóia é hoje o blogue mais importante da mídia verde e um dos mais visitados e comentados sobre futebol.

À época, redigimos uma carta de repúdio que foi espalhada nas caixas de e-mails de vários jornalistas considerados por nós como independentes, responsáveis e com a moral em dia. Lá, citávamos o caso de Paulo Henrique Amorim, desligado do iG de forma semelhante com que o Cruz de Savóia foi retirado do ar. Na lista de destinatários do tal protesto estava o nome de Luís Nassif.

É óbvio que, fora os blogues amigos, o caso Cruz de Savóia teve zero repercussão, chegando somente a ser comentado pelo Baixa Cultura. Nem mesmo o pessoal que já havia sentido a censura na pele deu sequer uma linha. Talvez porque acharam a gente radical demais, e isso é elogioso como um quê. De qualquer maneira, ninguém aqui conserva mágoas e nosso fim é denunciar todo e qualquer tipo de cerceamento motivado por interesses de gente suja.

Acontece que o Nassif, depois de ter sido tirado da Falha há alguns anos, agora foi calado na TV Cultura. Por decisão de Paulo Markun - outro que virou velhaco - e muito provavelmente a pedido de José Serra (o caçador de jornalistas), Nassif não faz mais parte da emissora estatal. Não é preciso buscar muito na memória para entender: nos últimos meses, o jornalista havia feito críticas contundentes à participação indecente de Gilmar Mendes no Roda Viva, além de ter ecoado e se alongado no caso de propaganda eleitoral via Sabesp feita pelo governador dos pedágios em vários Estados do país.

Assim como foi com o Cruz de Savóia e com o PHA, Nassif muito provavelmente teve sua credibilidade e sua audiência potencializada. Porque, como disse o presidente Lula há alguns dias, o leitor não é mais tão burro assim (pelo menos aqueles que têm o mínimo de boa vontade) e já está separando o joio do trigo. De fato, não dá para levar a sério uma mídia que, por exemplo, está fazendo um show sobre a cirurgia plástica da possível candidata petista a 2010, tentando atribuir a ela a mesma pecha de dondoca que está colada à imagem de Marta Suplicy.

Em outros tempos, a censura tinha péssimas conseqüências. Tortura, fim do contraponto e mortes eram relacionados à falta de liberdade de expressão (ainda tão escassa, diga-se). No entanto, os pelegos precisam se conscientizar de que hoje ela é facilmente denunciada e pouco eficaz, pois tem efeito contrário. Parabéns ao Nassif por ter sofrido esse cerceamento. É sinal de que ele está no caminho certo.

12 janeiro 2009

Tirando um sarrinho...


Eu evito colocar aqui reflexões acerca das indignações causadas pela leitura do blogue do boca de latrina. É para não dar cartaz ao moço da credibilidade, e até mesmo para não espalhar por aí esse link nocivo (vi, por exemplo, uma moça que é leitora assídua do Kassab do Juquinha dizer em seu blogue que Berezovsky não é mafioso, que MSI foi vítima do Corinthians e outros absurdos). Só que hoje vale uma exceção, pois vou tirar um sarrinho, oras bolas!

O pseudo-jornalista publicou um texto (??) denunciando - ele, aliás, adora denúncias, mas nunca as comprova - que "Os comitês que organizarão (?) a Copa de 2014 e a candidatura para as Olimpiadas de 2016 foram beneficiados pelo governo de Lula 'não sei de nada' com isenção de ICMS. Traduzindo: Podem roubar a vontade e nem impostos precisarão pagar".

Não sei se mudou alguma coisa nas regras tributárias do país durante essa madrugada, mas o ICMS é, segundo a Lei Complementar 87/1996, um tributo de competência estadual. Ou seja, só os Estados e o Distrito Federal poderiam conceder tal isenção. Pior é a última frase sobre o pagamento de impostos. Para quem não sabe, o Inho é um ortodoxo devedor, não cumprindo seus compromissos até com locadora de filmes.

Ainda hoje, o pau-mandado repercutiu o apoio recebido pela jornalista (???) Barbara Gancia, conhecida pelo seu peleguismo e também por exercer função semelhante ao rapazote dentro da Falha. Como diria o ditado, quem anda com manco, manca.

A guerra pela mídia paralela


Ignorem todas as notícias dos grandes veículos de comunicação que dizem respeito à guerra entre israelenses e palestinos. Mesmo com alguns belos trabalhos, como nosso amigo Cruz de Savóia emplacando no Terra suas imagens do protesto ocorrido no último domingo em São Paulo, a grande maioria das coberturas - principalmente em Falha, Globo, Estadão e esses lixos - se baseia em preconceitos burros e busca isentar o criminoso Estado de Israel. Paralelamente, tais informações levianas alimentam um suposto ódio aos judeus que simplesmente não existe, tornando as coisas ainda mais insolúveis.

Para conhecer outras faces do prisma e ver que o mundo não é simplesmente dicotômico, basta ler alguns blogues. Por meio da página de Bruno Ribeiro, pude chegar a duas fontes preciosas de informação. Um é o Biscoito Fino e a Massa, cujas análises dos horrores do conflito são bastante humanizadas. O outro é o Blog do Bourdoukan, que dá um tratamento mais contestador, porém não menos verdadeiro, às recentes investidas de Israel na Faixa de Gaza.

Só para comprovar o quanto são viciadas as notícias de nossa mídia nativa, dêem uma olhada na denúncia feita pelo Nassif. A Veja, na sua notável incapacidade de fazer jornalismo, simplesmente plagiou uma página internacional em seu site. Sequer mudou as palavras do texto, tampouco citou a fonte. Por isso, fuja dessas armadilhas para não cair em contos do vigário.

09 janeiro 2009

O golpe petista e a aliança imoral


Este post, em primeiro lugar, irá servir para mostrar a alguns incautos que passam por aqui e, em outros blogues, me chamam de petista na tentativa de desmoralização. Não sou e nunca fui militante do Partido dos Trabalhadores. Sou filiado ao glorioso Partido Comunista do Brasil e defendo a causa comunista.

Feitos os esclarecimentos, vamos ao caso. Tomaram posse na última semana os deputados estaduais suplentes na Assembléia Legislativa que compunham a lista da coligação PT-PCdoB das eleições ocorridas em 2006. As vagas surgiram porque alguns dos legisladores foram eleitos como prefeito no ano passado e, pela impossibilidade do acúmulo, deixaram seus mandatos.

Ocorre que o presidente da casa, deputado Vaz Lima (PSDB), ignorando a ordem da lista, não empossou o ex-petista e agora comunista Pedro Bigardi. Segundo Lima, Bigardi, ao trocar de partido - por conta de incompatibilidade política -, cometeu ato de infidelidade partidária e, assim, perdia sua cadeira para o petista Carlos Neder.

Dois fatos precisam ser levados em conta nesse imbróglio. Primeiro, que o presidente da Assembléia atropelou todos os trâmites para se julgar um caso de infidelidade partidária (que não houve, é preciso dizer, porque Bigardi não tinha mandato quando trocou de partido), agindo de maneira autoritária e impositiva. Segundo, que isso foi resultado de um acordo entre tucanos e petistas feito por baixo dos panos.

O que assustou, mas obviamente não causou surpresa, foi o silêncio midiático. Incrível até, porque a corja golpista aproveita qualquer deslize do partido do presidente Lula para inventar uma crise institucional. Só que a imprensa se viu numa sinuca de bico: denunciando o golpe petista, elevaria o PCdoB. Conclusão? Dos males o menor.

Sem nenhuma moral ou conhecimento de causa aprofundado, digo sem medo que o PCdoB foi apunhalado pelas costas. Justo nós, que sempre mantivemos e mantemos uma aliança fiel e histórica com o PT, sendo inclusive os que mais apoiaram Lula durante todas as crises pelo qual seu governo passou - ao contrário de outros "articuladores" que se esconderam e/ou esconderam coisas. O consolo é ver que o ato de traição explícito e desavergonhado foi feito por um partido que, cada vez mais, se aproxima do que há de mais sujo na esfera político-empresarial desse país, e isso só engrandece o nosso Partido Comunista. 2010 será o xeque-mate e eu, infelizmente, vislumbro um PT cada vez mais tucano e pelego, mostrando, finalmente, a necessidade de se fortalecer o Bloco de Esquerda.

Para saber mais sobre a trairagem, leia o blogue do grande Nivaldo Santana e a matéria do Portal Vermelho.


08 janeiro 2009

Contra a guerra, vá à rua!


Partidos políticos, entidades representativas, movimentos sociais, veículos de comunicação e federações promovem no próximo domingo, dia 11, uma grande passeata em repúdio à imbecilidade dos ataques israelenses ao povo palestino. A partir das 10h, no vão livre do MASP, haverá a concentração para a manifestação organizada pelo Comitê de Solidariedade ao Povo Palestino.

Árabes, judeus, católicos, protestantes, budistas, umbandistas e agnósticos. Todos estão convocados para esse ato de humanidade. Passe na feira, coma um pastel e vá para a Paulista.

Além de SP, outras cidades pelo país também terão seus protestos. Para saber toda a programação, clique aqui.

07 janeiro 2009

Velhaco jamais


O notável Ulysses Guimarães lascou no Fernandinho Jet Sky uma frase que ficaria célebre, entre tantas outras que o arauto da Constituição de 88 proferiu ao longo da vida: "velho sim, velhaco nunca!" Essa frase não me saiu da cabeça quando li uma porcaria de livro que ganhei de amigo-secreto na firma. É mais uma daquelas publicações caça-níqueis, e traz depoimentos sem muita informação relevante - com exceção da entrevista com Mino Carta, que desce o sarrafo nos Civita. Mas vamos nos focar no porquê da frase ter sido recorrente.

Quase todos os jornalistas entrevistados eram rapazotes quando houve o golpe de 64. E quase todos eles eram ou membros do Partidão ou defensores da causa comunista. Talvez por conta do autoritarismo do regime militar, o Partido Comunista atraía inúmeros admiradores e militantes, uma vez que espelhava a luta efetiva contra os gorilas de farda.

O espanto se dá no fato de que a totalidade desses jornalistas abandonaram o lado vermelho da força, assim como saíram do partido por divergências (a grande maioria por motivos pessoais, diga-se). Tornaram-se, podemos dizer, velhacos ao envelhecer. Porque uma coisa é você ficar velho, ranzinza e intolerante - sinto-me cada vez mais assim. Porém, isso não te faz abandonar suas crenças e suas lutas, haja vista Ulysses Guimarães e sua frase lapidar. Ao mesmo tempo que deixaram de lado o Partidão, todos esses caras passaram a ignorar a ideologia coletivista que prega o comunismo, chamado nessas bandas capitalistas de utópico.

A conclusão imediata é a de que eles não deveriam estar convictos de suas idéias e pegaram embalo no clima que pariu, entre outros males, a tal "esquerda festiva". Meu pessimismo com relação à humanidade me faz pensar diferente. Ao invés de se contradizerem por pura mudança de opinião ou fraqueza de discurso, talvez eles aspiravam a vitória que a força repressiva supostamente obtinha e, mais idiólatras que ideólogos, atravessaram a cerca.

Não há neles nenhuma base teórica, só que naquela época isso não tinha tanta importância. Primeiro porque os "caras do muro" eram minoria. Segundo porque esses paspalhos não ocupavam cargos de alta cúpula nos meios de comunicação. Pode ser que isso explique, além da decadência humana, o encaminhamento que a mídia brasileira esteja dando aos seus veículos, cada vez mais vendidos a interesses empresariais e cada vez menos servindo o bem-estar social.

06 janeiro 2009

Hora da Patrulha


Estava aqui com uma dúvida editorial para este blogue. Afinal, a Hora da Patrulha foi criada, em princípio, para vigiar a gestão Kassab. O impasse se deu por conta de algumas notícias sobre o governo Serra que eu queria falar por aqui, e não sabia se elas entravam ou não na seção. Decidi, finalmente, ampliar a base de atuação da Hora da Patrulha, afinal de contas Kassab e Serra é tudo a mesma coisa.

Então, vamos lá. Os últimos dias de 2008 serviram para o governador infestar o Rodoanel de pedágio. Apesar de pouco combatido, o fato abafou mais uma fracassada tentativa de privatização do tucano, dessa vez nas estradas estaduais. Segundo consta, algumas das concessionárias descupriram regras dos editais e, sim, estão tendo problemas para obter financiamento.

Já em 2009, o PHA publicou e-mail de seus leitores, alertando que o Comedor de Maconheiras estaria fazendo propaganda antecipada para 2010, mostrando as maravilhas da Sabesp em reclames da TV nos Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás, Distrito Federal, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Bahia, Ceará, Pernambuco, Alagoas, Maranhão, Pará e Acre. Que raios?

Finalizando (e voltando a mira para o generalzinho), deixo aos amigos uma pulga atrás da orelha. Lembram do rolo que deu no CEU Vila Formosa durante a campanha para prefeito? A Marta foi lá visitar e mostrou que a obra estava atrasada, o demo mandou proibir a filmagem das instalações e a prefeitura prometeu entregar a escola em fevereiro de 2009.

Queria saber a que pé anda aquilo tudo. O CEU Jaguaré, por exemplo, tinha previsão de entrega de um tal "Bloco Didático" para dezembro de 2008. Passei lá hoje de manhã e não vi absolutamente nada de novo no terreno que dá de frente aos abandonados galpões da Cooperativa Agrícola de Cotia. Das duas uma: ou ele descumpre mais essa promessa ou irá entregar prédios que colocam em risco a segurança de estudantes e professores.


Sorria, São Paulo. Sorria, Brasil.

05 janeiro 2009

Ei-lo, 2009


Eis que chega o ano novo e eu estou aqui sentado nessa cadeira fétida do escritório sem a mínima vontade de trabalhar. É de conhecimento geral e irrestrito que o ano só vai começar realmente depois da farra momesca, então para que a pressa? Pior são aqueles que insistem em meter o pé no acelerador o quanto antes, comportamento que me irrita imensamente. Só para contrariar, comecemos as atividades desse blogue na manha, falando de algumas coisas que aconteceram na surdina durante a passagem de 2008 para 2009.

- A Reforma Ortográfica já está valendo segundo a lei. Tratada aqui há algum tempo, reitero meu posicionamento totalmente contrário às novas regras, por acreditar que está se nivelando a língua por baixo. Não dá para aceitar certas preguiças e banalizações. Ainda hoje, me deparei com um dilema: como não domino as determinações da Reforma, li textos com erros de acentuação e grafia e não sabia se eram erros de fato. Quer dizer, eram erros, mas agora tudo será justificado pela mudança na ortografia. É o miguxês se proliferando.

- Nunca nutri grandes amores pela Copa SP de Juniores, apesar de usar a hegemonia corinthiana na competição para tripudiar os adversários. Nesses últimos dias - e, particularmente, no último domingo -, andei refletindo sobre categorias de base dos grandes clubes, o que me deixou bastante apreensivo e angustiado. Reportagem exibida no programa Terceiro Tempo, do Cabeção, mostrou a exagerada cobrança sobre a molecada que ainda se prepara para a carreira futebolística. Semanas antes, matéria semelhante havia sido feita pelo Esporte Espetacular. Tudo isso me fez rever diversas premissas.

A boleirada também detectou o problema. O técnico leonor, por exemplo, recomendou que os times de formação não joguem no esquema 3-5-2, a fim de priorizar a formação de meias habilidosos, assim como fez o Madureira. Já o dirigente verde Toninho Cecílio, ex-zagueiro, apontou outro porém com relação à utilização desse esquema tático: forma-se zagueiros de maneira errada por causa da linha de três defensores, forma-se laterais que não sabem marcar e extermina-se a essência das categorias de base (que é a de revelar futuros talentos), em prol de metas de desempenho que não levam a lugar algum.

Fora isso, há também a pressão do torcedor sobre essa molecada. Não que os garotos devam ficar sob uma redoma protetora - e suportar pressão no Corinthians é pré-requisito -, mas a cobrança deve ser feita de maneira natural e responsável, servindo para exaltar o amor à camisa e para criar a tal identificação entre time e jogador. Em tempos de extinção dos camisa 10, é necessário que utilizemos um pouco mais a racionalidade para salvar o clube que amamos dessa coisa parasita que é o mercado da bola.

- O couro está comendo na Faixa de Gaza. Novamente, a intolerância toma conta das cabeças pensantes e israelenses e palestinos se matam aos borbotões. Não ficarei aqui tecendo comentários sobre quem está certou ou errado, pois há vítimas e vilões de ambos os lados. A questão maior é outra: a arma. O mal do mundo nasceu com o primeiro grão de pólvora. Aqui no Brasil, nego lembra o furdunço do plebiscito das armas. A meu ver, resolver as coisas na bala é uma das estratégias mais nojentas que assolam o mundo.

- Já contaram a quantidade fantástica de feriados nesse 2009? É pra tirar a barriga da miséria...