29 maio 2008

3


Há 3 anos, eu disse o mais importante sim. Para a pergunta mais fácil que havia para responder. Desde então, só me faz ser feliz esse sim.

São 3 anos que valem uma vida. E que venham milhares pela frente! Amo tu, Evita!

"A
eva e eu
eu e ela
eva e eu
gosto pela terra
onde jorra
o esperma, a estrela, a primeira, o primeiro amor
quando o céu mudou de cor

eva e eu
nosso excesso,
sexo, ex-céu
nosso fim começo
eu e ela
uma célula, pérola, pétala sob o sol
quando a tarde escureceu

eva e eu
a costela dela
sou eu
minha mãe matéria
me leva
onde a terra tem cheiro, onde chove, onde a chuva cai
para onde o tempo vai

onde a carne tem gosto e o rosto enrugará
onde canta o sabiá"


26 maio 2008

O poder público e as manifestações populares


No domingo ontem, aconteceu a 12ª edição da Parada do Orgulho GLBT, em São Paulo. A maior do mundo no gênero. E ainda vítima de muita perseguição, principalmente do poder público. Por causa da grande visibilidade e do mar de gente que toma conta das Avenidas Paulista e Consolação em todos os Corpus Christi, alguns espertos tentam desvirtuar o movimento ao tachar a Parada como um carnaval, uma festa sem nenhum engajamento político e/ou social.

De fato, há muita gente ali que não tem uma ideologia, que não está nem aí para a hora do Brasil. Até mesmo gays, lésbicas, bissexuais, travestis e o que mais possam inventar de denominações. Isso, no entanto, não esvazia de maneira alguma o fato de que milhões de pessoas aceitam, nem que seja por um dia, duas pessoas do mesmo sexo se beijando. Já disse aqui milhares de vezes e repito: orientação sexual não é parâmetro de caráter - assim como não o é cor de pele ou posição social. Fora isso, nada mais importante tirar do armário uma discussão que, até pouco tempo atrás, não podia sequer ser apresentada no almoço de domingo.

Voltemos ao evento em si. Houve, assim como nas últimas duas edições, uma correria por parte da organização para acabar com a manifestação antes das 19h. Acordos feito com a Prefeitura, que impõe essa condição para permitir a Parada na Paulista. Quem se lembra dos áureos tempos, porém, sente muita saudade dos shows na Praça da República durante a noite e a esticada pelos bares e boates dos arredores. Triste foi o segurança que teve a perna amputada após um atropelamento. Mais triste ainda é ver que a PM, ao mesmo tempo em que colabora para que exista alguma confusão por causa do excesso de pessoas (chegaram a jogar bombas de gás na Consolação, para dispersar as últimas pessoas que saíam da Paulista), faz vistas grossas aos furtos que acontecem a rodo.

Dito isso, a Parada ainda nos reserva emoções. Ver pessoas que conseguem, ao menos por um dia, extravasar todas as suas pulsões é tocante. Imagine a sensação de liberdade de alguém que se reprime durante 364 dias do anos perante a sociedade e a própria família? Há, ainda, demonstrações profundas de amor, como um casal de rapazes que caminhavam com um bebê. Pessoalmente, foi na Parada em que fui tomado por um amor incontido e incontrolável, que perdura até hoje até mais forte, quando me pediu - e assim vem se repetindo desde 2005 - em namoro a Evinha.

Precisamos mudar muitas coisas. Ainda não existem leis que garantam os direitos dos homossexuais. Ao mesmo tempo, vemos gente por aí, arrotando aos borbotões, que as cotas nas universidades ferem o direito constitucional de igualdade. Que igualdade, cara-pálida? Isso, inclusive, deve ser iniciativa dos próprios partidos. Poucos deles se manifestam abertamente sobre o tema, inclusive o meu. E quando se manifestam, fazem isso timidamente. Representantes públicos de todas as esferas devem colocar o tema em pauta. Empresas devem perder o medo de vincular sua imagem aos gays (são quase R$200 milhões movimentados em SP com a Parada).

Finalizando, a cornetagem básica: por que raios marcaram, para o mesmo dia, Parada GLBT na Paulista, palmeiras x portuguesa no Pacaembu e são Paulo x coritiba no Morumbi? Só para ver se dava merda? Salve a eficiência dos detratores do povo.


21 maio 2008

Forças para mais uma virada


Da derrota de ontem para o botafogo, o time do Corinthians deve tirar duas lições. A primeira é que se deve matar o jogo quando há oportunidade para isso. A segunda é que, toda vez que joga como cuzão, o time se fode. Foi assim no Paulista e foi assim no Rio.

Também deve aprender Mano Menezes, cujas teimosias já nos custaram alguns problemas. Problemas como 3 zagueiros - ao invés de 3 volantes, o que era óbvio, mas sem o Bóvio -, problemas como Fabio Ferreira. Esse sujeito, diga-se, era para ter ido embora há tempos, mas o treinador "apostou" no zagueiro. Apostou, mas quem perdeu foi o corinthiano. Ainda sobre os 3 zagueiros, está mais do que provado que isso é uma burrice tremenda.

Temos forças para reverter a situação aqui. Apesar da roubalheira - o pênalti, se fosse na área adversária, não seria marcado - e da chuva de cartões que nos tirou André Santos, teremos a da Fiel Torcida. Coisa que os (ridículos) 20 mil botafoguenses não souberam fazer em sua casa.

Vai, Corinthians!

20 maio 2008

A terra do sushi


Que fique claro: de bom, o Japão só tem a comida e os meus avós. O resto é tudo uma grande bobagem. É um povo retrógrado, patriarcal, preconceituoso e pedante. Por causa deles, meu pau é pequeno.

Nessas malditas comemorações do centenário da imigração japonesa, o povo do olho puxado está querendo chamar atenção. Aí li no blog do Tutty Vasquez que a eleita Miss Centenário, uma tal de Karina Nakahara, protestou veementemente contra a Playboy, dizendo que quer sair na capa da revista. E questionou: "Quantas japonesas você vê na publicação?"

Cata a falta de autoridade da moça para requerer tal destaque:



Ô shirôca, se liga! Você não tem bunda, coxa e teta. E essa cara de amassado de panela? A única coisa positiva de você sair na Playboy seria a de comprovar se está certa ou não a lenda da buceta de lado das orientais. Eita povinho ridículo...


19 maio 2008

O novo führer


Há quase quatro anos, os paulistanos elegeram um candidato que, mesmo após ter assinado e registrado que não iria largar o cargo, deixou a administração paulistana e largou por lá um tal kassab. Desde que assumiu, o então desconhecido político decretou um toque de recolher na cidade, proibindo bares de manter as portas abertas depois da 1 da manhã, tentou proibir os feirantes de gritar, acabou com outdoors e eliminou charmosas fachadas em nome da "cidade limpa" e chamou até um cidadão de vagabundo.
Há 70 anos, um político alemão ficou marcado pela sua tentativa obsessiva de limpeza étnica e higienização da Europa. Qualquer semelhança...

Eis que a última do führer paulistano diz respeito à cerveja nossa de cada dia. Na semana passada, ele vetou a comercialização e consumo de bebidas alcoólicas nos arredores dos estádios, no período de duas horas antes e uma hora depois dos jogos. Outra medida disfarçada pela contenção da violência, mas que todos nós sabemos a quem interessa. Trata-se, meus caros, de mais um largo passo a caminho de 2014, quando teremos o ápice da europeização e elitização do popular e brasileiro futebol. Mais exemplos? Os corinthianos pagaram R$20 por uma arquibancada na segunda divisão. Já a porcada teve que desembolsar R$40 no último jogo. Fora isso tem camarotes, proliferação de cadeiras numeradas, ostensivo combate às organizadas, fim das barracas de pernil e uma diversidade de ações.

Candidatos ao posto de genocída também se manifestam. O promotorzinho de merda promove nesta terça uma audiência pública para o seu PL que "disciplina a entrada e saída das torcidas organizadas nos estádios de futebol. (...) As torcidas organizadas ficarão nas arquibancadas localizadas atrás dos gols, ou seja, em áreas opostas; a entrada e a saída dessas torcidas não poderá coincidir com as do público em geral e com a torcida do time adversário; o espaço reservado às torcidas organizadas não poderá ser superior a 20% da capacidade total do estádio. (...) o que se busca com o projeto é resgatar o espírito familiar que existia no passado, quando pais e filhos iam juntos aos estádios como forma de lazer nas tardes de domingos".

Hitler, apesar de imbecil e louco, era ao menos inteligente. Aqui na terra da garoa, nossos führers pegaram somente a parte do imbecil e louco.


15 maio 2008

O portão


"Eu cheguei em frente ao portão
Meu cachorro me sorriu latindo
Minhas malas coloquei no chão
Eu voltei!"


A Evinha me mandou largar o Fifa Soccer um pouco, tirando um coco por causa do post que eu falei sobre os maus hábitos da molecada de hoje. Mas o fato é que aqui já não há mais como bater uma bola na rua. Primeiro porque o povo todo envelheceu (dos cinco que batiam cartão aqui, três se foram para o interior, dois estão casados e um destes tem dois filhos) e eu praticamente fiquei aqui só, com a Véia. A lendária Véia, aliás, merece uma homenagem por aqui, que virá mais tarde...

O problema é que a tecnologia fudeu com a tabaca da nega. Os malditos portões eletrônicos infestaram a Heitor, ocupando inclusive nosso gol oficial. Ele ficava na casa do Guinho, meu primo que hoje mora em Londrina. Ele tinha o formato certinho de uma trave (o portão do Guinho, não ele), além de uma peculiaridade: era o único ângulo arredondado da história do futebol.

As pelejas aqui da rua eram bastante disputadas. Vira e mexe tinha um arranca-rabo. Havia ainda uma espécie de assembléia para discutir regulamentos. Como éramos, na maioria das vezes, em cinco, um caboclo ficava no gol, enquanto duas duplas formavam a linha. O jogo "ia a 3" e quem perdesse escolhia alguém para ir para o gol. Além das regras básicas, tínhamos outras específicas:

a) Não se pode fazer gol dentro da área (a calçada era a área), a não ser se de cabeça ou - pasmem! - de bicicleta (!!!);
b) O jogador que pegar o rebote do chute do adversário deverá, obrigatoriamente, passar a bola para o companheiro de equipe antes de finalizar;
c) Quem chutar a bola no telhado ou em casa alheios fica responsável por recuperá-la;
d) Caso a bola fure, a Véia é quem vai ao mercado comprar outra nova;

Havia, ainda, variações de campeonatos, dependendo do número de jogadores que apareciam. Quando faltava um, disputávamos o famosíssimo "Interclubes", que nada mais era do que o goleiro linha. Reduzia-se o gol oficial pela metade e utilizava-se o portão da casa da frente para termos, assim, duas metas. Havendo apenas três jogadores, jogava-se o não menos conhecido "Melê", ou "Três-dentro-três-fora".

Belas lembranças de um tempo não tão remoto, hoje desfiguradas fisicamente como o portão do Guinho. Há uma imensa grade que se abre ao acaso. Os ângulos arredondados também se foram. Assim como se foram meus amigos e toda a significância que qualquer portão possa ter. Será que todos eles voltarão um dia?


14 maio 2008

Hoje não


Hoje não irei falar de mais uma grande vitória do Corinthians, semifinalista da Copa do Brasil e contra todas as expectativas dos zicas, que mordem os cotovelos de raiva - como pode esse time que achavam esmagado com o rebaixamento chegar na semifinal?

Falarei de um mau caráter que está sob as traves alvinegras. Que há algum tempo vem mantendo regularmente a média de um frango por jogo. Defensores do goleiro Felipe podem dizer que ano passado ele fez um belíssimo Brasileirão, o único que se salvava naquele elenco. Sim, catou muito, mas por interesse próprio, e nunca por causa do Timão.

Fez um bom trabalho para, no fim do ano, pedir aumento. E ficar chantageando a diretoria. O plano deu certíssimo. Foram, segundo consta, R$300 mil de luvas e mais um salário rechonchudo como ele.

Os festeiros que infestam nossa torcida viviam a gritar o nome do goleiro. E até isso é sintomático, porque desde o ano passado o talzinho não fez nenhuma apresentação no mínimo memorável e esses gritos sumiram. Pelo contrário, prejudicou o time em muitos momentos importantes. E o frango do último jogo demonstra 3 coisa: prepotência, má-preparação para os jogos e displicência com uma camisa que já vestiu Gilmar dos Santos Neves, Aldo, Thobias e o último ídolo, Ronaldo. Ronaldo que ficou 10 anos defendendo as metas corinthianas.

O parâmetro é esse, não só para o gordo como também para todo o elenco. Que esse maldito fique esperto, pois há um corinthiano em sua cola. Um grande goleiro que, por sinal, já deveria estar no nosso gol há pelo menos 4 anos, quando subiu dos juniores. E que sabe benzer a trave como Ronaldo fazia. Aquilo, por incrível que pareça, funcionava em diversas vezes...


12 maio 2008

E o negócio não pára...


Só porque eu estou empolgado com o blog hoje, deixo aqui mais dois links, ambos da Falha. Bizarrices, óbvio.

"Carla Perez faz leitura dramática aberta no centro de SP"

Comentário: ela aprendeu a ler? E o que seria leitura dramática aberta? É posição sexual?

"Mãe de Ronaldo confirma gravidez da namorada do jogador"

Comentário: pra limpar a barra do gordo arranjaram até um filho agora. Será que o filho é de um dos travecos? E o Fantástico já está louquinho para exibir em primeira mão a ultrassonografia do rebento...


Ainda sobre os maus hábitos elitóides


Referindo-me ainda ao post abaixo, sobre a indignação com relação ao pensamento umbiguista que me dá ânsias de vômitos, deixo aqui um link para o Blog do Rovai, que traz um dado interessante:

Em escola, Orkut dá goleada no futebol

A minha Evinha mesmo falava comigo sobre alguns sufocos que ela vinha passando com o Orkut por causa de seus alunos (os mais velhos no Ensino Fundamental, vale dizer). Nada contra a invenção do Google. Mas é que a molecada está cada vez mais afinada com tudo aquilo que deveria ser mantido com certa distância delas, como ferro de passar, panela quente e remédio.

Começa assim... Primeiro o futebol - que hoje está praticamente banido das ruas e só tem espaço nas malditas escolinhas - perde a vez para o computador. E no computador, a criançada é doutrinada para ser umbiguista. Globalmente. Imbecilmente.


09 maio 2008

Desistindo de São Paulo


Essa cidade que amo está cada vez mais desagradável. Não pelo trânsito caótico, pela poluição, pela ausência de belezas naturais e pelo toque de recolher imposto pela prefeitura à 1h da madrugada. Mas sim pelo povo mesquinho e conservador que mora nela.

A última ânsia de vômito se deu em uma lista em que participo, onde alguém mandou, lá pelas tantas, uma petição online para que o Congresso não sancione as mudanças propostas pelo MEC para o Sistema S. Esse sistema engloba entidades como Senai, Sesc, Senac e outras, e foi criado para valorizar a formação profissional de pessoas mais pobres. As empresas que fazem parte dele destinam uma parte de sua folha de pagamento para manter as unidades, que possuem cursos, espaços culturais e de lazer.

Como a parte cultural é a menina dos olhos - apesar de não ser a prioridade - e se tornou cult para a elite paulistana dizer que "foi ao Sesc", a gritaria começou. Tudo porque o governo quer inverter a quantidade de verbas, passando a priorizar a formação técnica. Nada mais justo, já que o enfoque é para cidadãos que ficam fora do sistema, pois a maioria dos cursos são pagos. Só que a paulistanada, como sempre, pensa primeiro em seu umbigo e depois no bem coletivo.

Enoja-me, com todas as forças, perceber que o grau de individualismo está cada vez mais exacerbado na terra da garoa. Fruto dessa modernização, dessa globalização, dessa elitização e dessa higienização, oriundas do capital, a única coisa a ser valorizada ultimamente. Os depoimentos de foda-se os outros na referida lista me faz repensar uma série de coisas, inclusive as minhas amizades. Porque, naturalmente, se eu precisar dessas pessoas algum dia, corro o risco de ficar na espera.

O ímpeto egoísta em São Paulo se espalha e infesta até mesmo os âmbitos outrora populares. Que digam as escolas de samba, as torcidas organizadas e o futebol e os bares. Vale lembrar também que temos eleições neste ano. E me dá medo saber que todos esses umbiguistas vão votar.


05 maio 2008

Há uma coisa chamada tradição


Chutar cachorro morto é coisa fácil. Desde o dia 2 de dezembro de 2007, os corinthianos vêm sofrendo dentro e fora das arquibancadas. Dentro, com um time que ainda é limitadíssimo e não faz por merecer o que veste. Fora, porque há uma agenda destrutiva contra a entidade grandiosa que é o Sport Club Corinthians Paulista. E nós, por tudo que nos cerca, não conseguíamos responder com aquilo que nos caracteriza.

Primeiro porque há tempos não tínhamos uma alegria como essa. Há uma boa quantidade de anos o Corinthians não era Corinthians dentro e fora de campo. Os 51 mil torcedores e os jogadores atuaram numa sintonia histórica e heróica. E a merda verde do Planalto tremeu. Tremeu diante daquilo que faz a diferença no futebol - e que pôde ser visto nos estaduais - de ontem e hoje: a tradição.

Os dirigentes goianos bem que tentaram avacalhar, diminuir e até pisotear em cima do Todo-Poderoso. Porém, mesmo tendo uma vitória de 3 a 1 a favor, isso não foi suficiente para passar por cima da nossa história e de nossas glórias. Corinthians é mito, é paixão, é alegria do povo, como disse Osmar Santos em sua narração do gol do Basílio em 77.

Como, então, contrariar a alegria do povo? Como não levar em conta que, nas horas mais difíceis, o Corinthians volta a ser Corinthians? A se lamentar, apenas a falta dessa dedicação no 2 de dezembro já citado e nos jogos do Paulistão deste ano.

Independentemente do que aconteça contra a mentira azul do ABC - devemos passar porque é obrigação -, é hora da Fiel fazer a festa. Precisamos aproveitar esse momento para tentar ressucitar o corinthianismo, que é caracterizado pela luta, raça e cobrança, mas também pelo grito de gol, pelo sorriso no rosto de um povo sofrido.

Salve São Jorge, salve nosso manto (que volte a ter o símbolo bordado, como disse o Filipe) e salve a Nação Corinthiana. Em momentos como o da última quarta-feira é que vemos do que é feito o futebol.